No final, é tudo sobre pessoas


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Fui convidada a fazer uma viagem para a região do Lazio, na Itália, mais precisamente em duas cidadezinhas do lado de Roma: Palestrina e Anagni. Como estou morando na Alemanha, ficou fácil pegar um vôo até a Itália para um final de semana prolongado. Lá fui eu, sem ter a menor ideia do que esperar dos destinos.

E, como todas as boas viagens que fiz, o que me surpreendeu não foi o destino, mas as pessoas. Minha experiência não teria sido tão boa se não fosse por elas.

Cidade de Palestrina vista do Museu Arqueológico

Sim, a região é muito bonita, Palestrina tem um Museu Arqueológico que era um templo gigante datado de 200 anos a.c.; a catedral de Agnani (conhecida como a cidade dos Papas) tem afrescos originais da idade média que deveriam ser mais conhecidos do que realmente são, e a região tem produtores de vinhos que resistem a pressão dos restaurantes de Roma e continuam a produzir vinhos de qualidade, como a Cantina del Tufaio e a Cantina Alberto Giacobbe di Paliano. Mas são as pessoas que tem o poder de fazer uma viagem normal se transformar em uma viagem especial e extraordinária.

Afrescos originais da Idade Média na catedral de Agnani

Na nossa ida montamos uma base em um Bed & Breakfast em Palestrina, chamado L’Upupa B&B. Pela primeira vez na vida eu senti na pele o que significa ficar em um B&B de verdade. Receber a atenção pessoal dos donos do lugar como se estivéssemos em uma casa de amigos, mas com a privacidade e o profissionalismo encontrados em um hotel. E tudo isso tinha um nome: Mauro e Rosana.

Para recarregar as energias no melhor estilo italiano.

Mauro e Rosana foram extremamente receptivos conosco. Logo no primeiro dia que chegamos, ela cozinhou massa e frango com batatas frescas que foram plantadas pelo marido no terreno ao lado, serviu vinho, água e limoncello feito por ela horas antes. Tudo em uma cozinha simples na casa deles (nós tínhamos uma casa separada pra gente com nossa própria cozinha, sala e três suítes para os hospedes). Como eles não falavam muito bem inglês, ficamos horas conversando em um italiano improvisado. Arrisco dizer que até já consigo arranhar um pouco da língua depois desse jantar.

Entre um copo de vinho e outro, chegou Mara, a filha deles, com o namorado Carmine e o amigo Frank que estava fazendo uma imersão total para aprender a língua e tinha liçoes com Mara durante o mês em que moraria na casa dela e do namorado. Eles nos contaram sobre a vida deles por lá, as viagens que fizeram, falaram um pouco sobre a verdadeira culinária do país, suas bandas italianas favoritas, ensinaram a fazer limoncello e demos muitas risadas. Fomos dormir leves e satisfeitos pela refeição caseira farta depois de um dia intenso de trabalho e viagens.

Achamos que o contato acabaria ai e que teríamos a lembrança de uma ótima noite e só. Mas no dia seguinte, depois de termos feito todos os passeios pela região e quando estávamos prontos para dormir, encontramos Mara que perguntou: “querem conhecer a noite de Palestrina? Vamos em um bar ficar só um pouquinho”. Se queríamos? É claro que sim!

Saímos em direção ao pequeno centro da cidade. Quando cheguei percebi que TODOS os jovens da região estavam em algum dos bares em volta da praça principal, mesmo com o friozinho gelado cortante de inverno. Entramos em um bar pequeno e abarrotado de gente, e percebemos que nossa anfitriã era quase como uma celebridade local, que conhecia todo mundo e nos apresentava para cada pessoa que encontrava.

Conhecemos o Fabio, recém formado na Academia de Belas Artes de Roma que pintava retratos de seus amigos e tinha suas obras espalhadas por toda cidade (inclusive pelas paredes do bar que estávamos), conhecemos o Danielone, que ganhou esse apelido por ter 2 metros de altura e namorar a bartender de pouco mais de 1,40cm, e aprendemos todos os sinais com as mãos típicos da língua italiana (não só aquela mão de “coxinha” que balança pra cima e pra baixo como quem diz “Ma che cosa”, mas como colocar o indicador na covinha do rosto que a comida está gostosa).

Ficaríamos só um pouquinho, não é? É claro que não… devia ter desconfiado antes! Eram duas da manhã e ainda estávamos no bar. No outro dia teríamos que acordar as 7 da manhã, mas sabíamos que estávamos vivendo a melhor parte da viagem. Aquele programa que você não planeja, não espera, e é surpreendido positivamente. Não tínhamos como ir embora naquela hora.

Ainda fomos para outro bar provar uma cerveja nova hipster e doidona feita com café, ficamos até mais tarde, negociamos um retrato nosso feito pelo Fabio, e por fim Mara nos deixou no L’Upupa e seguiu para a casa dela.

Continuamos a nossa viagem e conhecemos pessoas super queridas como a Francesca do La Polledrara que nos ensinou a fazer massa fresca (ficou uma delícia logo de primeria!) e o Estefano, motorista mais figura e estiloso do mundo, que faz viagens por toda a Eruopa. E é claro que continuamos em contato com a família Tuttopetto e estamos marcando novas aventuras na Itália.

Literalmente colocando a mão na massa!

Se a região do Lazio tem atrações que valem a pena? Sim. Se a região tem pessoas incríveis que te acolhem de um jeito que poucos estão dispostos a fazer? Com certeza! E é isso o que faz a diferença em uma viagem. No final das contas é tudo sobre pessoas e a marca que elas deixam na gente.

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