The Brando, como é se hospedar no melhor hotel do mundo?


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Quando fui convidado para ir ao The Brando eu confesso que não sabia muito o que esperar. “Oras, é mais um hotel de luxo numa ilha no meio do Pacífico”, pensei. Um hotel, sim. Mas definitivamente não era “só mais um”. Aos poucos, quando ia falando para os entendidos em Polinésia Francesa e em hotelaria que eu iria para lá, a turma ia percebendo olhares de admiração que beiravam a inveja. Olhos brilhavam, sorrisos amarelavam e eu continuava sem entender o porquê. Até eu chegar lá.

Vamos a uma breve introdução. O ator Marlon Brando foi rodar O Grande Motim (1962) e nunca mais saiu de lá. Apaixonou-se por uma nativa e pelo pequeno arquipélago de Tetiaroa, que comprou em condições facilitadas. Eu entendo ele, eu compraria se pudesse. E pagaria à vista. De lá pra cá, desde  que morreu, em 2004, a ilha ficou para seus filhos, que tornaram possível o sonho de Brando de erguer um hotel em sintonia com a natureza.

A eleição de melhor hotel do mundo

Mas o que construíram lá é ainda mais incrível do que o eterno Poderoso Chefão poderia imaginar. Se fosse só pelo cenário ou então pelo serviço de primeira linha, até dá para entender. Quem sabe fosse pelas tecnologias pioneiras em sustentabilidade? Os motivos são inúmeros, mas a tríade beleza, exclusividade e respeito à natureza foram as responsáveis por alçar o The Brando ao patamar de melhor resort do mundo pela revista Condé Nast Traveler, em 2016, numa eleição com mais de 300 mil leitores. E o mais impressionante: apenas dois anos após a inauguração, em agosto de 2014.

Ou seja, quanto eu pisei lá, eu não tinha todo esse repertório e nem a mítica de estar no “melhor hotel do mundo”.  O que por um lado é bom e permite uma experiência menos deslumbrada e o que por um lado é ruim porque permite uma experiência menos deslumbrada. Afinal, é tão bom viver sonhos né? “Mãe! Estou sendo pago para me hospedar no melhor hotel do mundo”, só esse pensamento já matéria de orgulho até a mais ranzinza das genitoras.

Uma vez lá você conclui que existe um mundo paralelo que orbita longe de nossas vidas urbanas, caóticas, de metrôs lotados (sim, magnata também pega metrô), prazos e horários. E que há quem pague por isso. Porque, afinal, quem é que tem 3 mil euros por pessoa para passar UM DIA por lá e mais todo o deslocamento aéreo, que pode alcançar, fácil, os R$ 7 mil desde o Brasil. O Leonardo de Caprio e o Tobey Maguire, entre outras estrelas de Hollywood que já ficaram por lá, têm.

Mas como chegar ao paraíso?

A Polinésia Francesa é um conjunto de arquipélagos no Oceano Pacífico Sul formado por 118 ilhas, 67 das quais são povoadas, em 5 arquipélagos principais numa área com aproximadamente 10 mil quilômetros quadrados, o equivalente à Europa. Deu pra entender o tamanho da vastidão? A boniteza é consequência.

A beleza da Polinésia Francesa (Créditos: Divulgação The Brando)

Praia de tirar o folego (Atol de Tetiaroa) em frente ao hotel (Créditos: Divulgação The Brando)

A capital desse território ultramarino francês é Papeete, que eles não pronunciam Papíti, mas Papetê. Muito mais do que um calçado para nós ocidentais, a cidade de 190 mil habitantes é uma pequena muvuca que serve apenas como base para ir para todas as lindas ilhas habitadas. Tetiaroa, pequeno pedaço de terra do Brando, fica a 60 quilômetros da cidade. Dá para ir de barco? Dá, mas são três horas de uma navegação por vezes turbulenta. De avião monomotor ou de helicóptero são apenas 15 minutos de voo. Olha: e chegar por cima é um espetáculo incomparável.

Afinal, como é se hospedar no melhor hotel do mundo?

É bonito pra caramba, para dizer o mínimo. Encravadas em meio a um coqueiral muito denso, as 35 vilas de luxo privativas dão a sensação de que só existe você no planeta. Cada vila conta com uma sala de estar, uma baita cama, um chuveiro de sonho e uma varanda absurda. Aquele oceano represado numa eterna lagoa azul na sua frente tornam a piscininha privativa uma mera coadjuvante da estadia.

Vista de fora de uma das villas (Créditos: Divulgação The Brando)

A cama em uma das villas (Créditos: Divulgação The Brando)

Me disseram que o meu bangalô, o 206, foi o mesmo que Di Caprio sempre fica. Por um segundo eu me senti meio Kate Winslet ali diante daquele marzão de Meu Deus. O pôr do sol das “minhas” espreguiçadeiras era deslumbrante. Embora eu tivesse uma programação de atividades para todos os dias, não queria sair dali nunca mais.

Mas sabe o que é o mais legal? O serviço. É todo mundo de um cuidado e atenção ímpares. Não tem aquela coisa de excesso, de paparicos infundados. Você se sente cuidado e atendido na medida. Muito mais para zelo do que para mimo. O seu concierge (ai que chic, mon amour) sabe mais da sua vida do que você. Ele organiza sua programação, seu dia e agiliza para encaixar todas as atividades.

Cada villa tem suas bicicletas e com ela você pedala trechos curtinhos e planos até o restaurante ou a piscina central. Gente, por mais maravilhosa que seja, essa piscina é o único equívoco do The Brando. Colocar piscina ali é que nem fazer show dentro de camarote na Marquês de Sapucaí, absolutamente supérfluo e desnecessário. Mas enfim, tá lá e é linda.

Passeio de bicicleta? Tem sim! (Créditos: Divulgação The Brando)

E o que se come no melhor hotel do mundo?

Comida boa, lógico. Ou você acha que algum ricaço do mundo sai lá de não sei onde para vir nesse cafundó do planeta pra passar fome ou comer mal? Como tudo o que se consome na ilha é importado, menos o coco, a quantidade de iguarias que chegam é impressionante. Afinal, o investimento é alto.

Serviço de primeira e comida deliciosa (Créditos: Divulgação The Brando)

O principal restaurante da ilha é o Les Mutinés, com menu assinado pelo chef Guy Martin, duas estrelas Michelin. Tá bom pra você? Lá no meio do Pacífico você saboreando alta gastronomia francesa estrelada. E uma adega ostentação, na qual eu mesmo vi uns Chateau Petrus e Chateauneuf-du-Pape. Mas quanto custa? Tá incluso na diária de 3 mil euros: é pensão completa.

Além disso, outros dois restaurantes mais “em conta” resolvem para as refeições menos sofisticadas. No café da manhã do Beachcomber Café, o que você sonhar. E pode ser na sua villa, claro. Aliás, tomei café com baleias-jubartes saltando no horizonte. Eu juro! Entre julho e novembro elas passam pela ilha e, às vezes, fazem saídas para avistá-las. Ah, aviso aos veganos: há um farto menu criado pelo chef Kelvin Au-Ieong, do bistrô vegano Invitation V, em Montréal.

O que fazer por lá?

Descansar, sim. Mas também aproveitar muito ao ar livre. Em meio a um vasto coqueiral e a uma reserva de pássaros raros, o The Brando encanta quem procura descanso em meio à natureza exuberante e com um serviço atencioso sem passar perto de excessos. A imensa lagoa que fica em meio às sete ilhas que formam o arquipélago é de um azul delirante e passear de barco ali é um sonho.

Isso sem contar o snorkeling ali, onde vi pelo menos uma centena de espécies de peixes, além de tartarugas e tubarões. Uma experiência magnifica que qualquer hospede pode desfrutar. Os mergulhos de cilindro não são o forte por lá, pois há poucos pontos abrigados do lado de fora, mas ainda assim, mergulhadores experientes podem aproveitar.

O Spa Varua Te Ora é surreal! Todo conceitual, com construções feitas de cipó em meio à mata, é um daqueles lugares de sonho. Fiz um tratamento cujo nome já esqueci, mas a força na ponta dos dedos da massagista e a precisão dos movimentos não sairá da minha cabeça tão cedo… Ah, que sonho bom.

Não bastasse a geografia surreal repleta de vida, o hotel faz questão de manter uma política de baixo impacto ambiental, com 4 mil placas fotovoltaicas, além de um sistema de resfriamento de ar que bombeia água fria do fundo do oceano, a 900 metros de profundidade, poupando o uso de geradores a diesel. Enfim, eu só posso concordar com os 300 mil leitores da Condé Nast…

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