O que fazer em Mariana, Minas Gerais? Dicas de passeios
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Quem visita Minas Gerais em busca de riqueza histórica e arquitetônica, além de belíssimas paisagens e gastronomia de primeira, não pode deixar de visitar Mariana. A cidade foi a primeira capital de Minas Gerais, ainda no período colonial. Como muitas cidades da região, viveu seu apogeu econômico durante o ciclo do ouro, especialmente no século 18. A riqueza acumulada no período deixou marcas profundas na cidade (algumas delas, terríveis cicatrizes) que persistem até hoje.
E é justamente esse legado histórico que atrai tantos visitantes. O casario dos séculos 17 e 18 está muito bem preservado e você pode encontrar no centro velho casarões, igrejas e edifícios públicos da época. Entre as antigas construções, marcos da riqueza obtida pela extração do ouro e também lembranças doloridas da escravidão.
A cidade ficou tristemente célebre em 2015, quando uma barragem de rejeitos se rompeu, despejando um mar de lama tóxica, destruindo dois vilarejos e matando 19 pessoas, além de causar danos irreversíveis ao meio ambiente. No entanto, a tragédia não atingiu a região central do município. Portanto, o patrimônio histórico não foi impactado e você pode escolher normalmente o que ver em Mariana, sem enfrentar nenhum problema.
Como chegar em Mariana?
Mariana está coladinha a Ouro Preto, a apenas 35 quilômetros de distância, que podem ser percorridos pela rodovia BR-356 (também conhecida como Rodovia dos Inconfidentes) ou então pela ferrovia turística, que é uma atração à parte e da qual falaremos mais tarde. A cidade também não está longe da capital mineira: apenas 120 quilômetros a separam de Belo Horizonte.
Por isso, é possível fazer um bate-volta em Mariana, curtir suas principais atrações e retornar no mesmo dia. No entanto, a cidade possui ocupações suficientes para que você possa pernoitar por lá.
Quem vem de Belo Horizonte só precisa pegar a BR-356 para chegar a Mariana, em um percurso de aproximadamente duas horas e meia.
Para os viajantes que partem de São Paulo, a opção mais recomendada é a rodovia Fernão Dias: Siga pela BR-381 até chegar à cidade de Carmópolis de Minas. Em seguida, acesse a MG-270 e MG-129. Você passará perto de Ouro Preto antes de chegar a Mariana. Ao todo, o percurso tem mais de 631 quilômetros – ou seja, é bem puxado. Por isso o mais recomendado é passar a noite em algum destino pelo caminho.
Se esta for a sua escolha, vale conferir Caxambu e São Lourenço, no Circuito das Águas de Minas, ou São Thomé das Letras. Neste caso, siga pela BR-381 até Campanha e, de lá, acesse a BR-267.
Os cariocas terão um percurso um pouco menor e menos complicado. O caminho clássico é pegar a BR-040 até Conselheiro Lafaiete. Em seguida, acesse a MG-129 até Mariana. Ao todo, são 400 quilômetros. A viagem pode demorar cerca de seis horas e meia. Ou seja: vai ficar puxado fazer o trajeto sem parar. Aproveite a região de Juiz de Fora ou Barbacena para fazer uma parada e esticar as pernas.
O que fazer em Mariana?
A cidade de Mariana conta com um leque interessante de atrações. Além do casario histórico e do próprio traçado das ruas, a cidade conta também com belos mirantes, belezas naturais incríveis e até antigas minas para extração do ouro.
Ou seja: as atrações de Mariana não se resumem ao patrimônio histórico e também não se restringem à sede do município. É possível fazer passeios variados pelos arredores e aproveitar ao máximo o que a região tem de mais interessante. Vamos listar aqui alguns dos mais importantes e interessantes pontos de visitação da cidade.
1-Rua Direita
Os mais importantes prédios do centro histórico de Mariana estão concentrados em dois pontos. Um deles é a Rua Direita. É ali que você vai encontrar belos sobrados, que eram ocupados pelas mais ricas e influentes famílias que viviam na cidade durante o auge do ciclo do ouro.
Esses prédios seguiam o padrão arquitetônico das mais sofisticadas casas da metrópole portuguesa e, por isso, criavam grande contraste com os humildes casebres construídos com métodos mais primários como o pau-a-pique. Aqui você verá residências com sacadas talhadas em pedra-sabão ou mesmo de ferro. Os principais destaques são o museu onde viveu o poeta Alphonsus de Guimaraens, um dos mais notáveis nomes do Neo-Romantismo Brasileiro, e a Casa do Barão de Pontal.
Junto à Rua Direita está a Praça da Matriz, onde foi erguida a Catedral de Nossa Senhora da Assunção. Ela foi construída em 1704 e está cercada de um belo casario histórico. Mas a maior preciosidade está mesmo dentro da igreja: o raríssimo Órgão Arp Schnitger3, tão antigo quanto a própria construção. É o único exemplar que ainda resta fora da Europa.
2-Praça Minas Gerais
Este é o segundo grande núcleo histórico do centro de Mariana. É aqui que está localizada a antiga Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga a Câmara Municipal. É um edifício precioso erguido em pedra e alvenaria, em uma época em que pouquíssimas construções se davam a esse luxo. Quem visita o local pode conferir trechos do prédio em que a arquitetura original foi mantida. A decoração é incrementada com quadros de membros das famílias real portuguesa e imperial do Brasil.
A Praça Minas Gerais conta ainda com a réplica do pelourinho que havia no local. Trata-se de uma espécie de totem onde os escravos recebiam castigos públicos. Um bom exemplo de como a preservação histórica em Mariana resgata não apenas a riqueza e glamour, mas também os aspectos tétricos do período colonial, uma forma de não esquecermos a história e, assim, não permitir que se repita. O atual pelourinho foi inaugurado na década de 1970, no mesmo local onde havia o anterior, demolido em 1871.
Em frente à Câmara, estão as igrejas de São Francisco de Assis e a do Carmo, ambas construídas no final do século 18 e seguindo a tradição da arquitetura barroca vigente na época. A primeira foi projetada por ninguém menos que Aleijadinho, que elaborou a porta de entrada e também os púlpitos e o teto da capela-mor, além de outros elementos. As pinturas são de Manuel da Costa Ataíde, um dos mais famosos artistas da época, cujos restos mortais repousam no próprio templo.
A Igreja do Carmo possui uma arquitetura um pouco mais moderna, pois reúne elementos barrocos, mas também do estilo rococó, que surgiu em seguida. O altar e outros elementos foram elaborados pelo padre Félix Antônio Lisboa, meio‐irmão de Aleijadinho. No entanto, muito pouco foi preservado: em 1999, a igreja foi destruída por um incêndio, justamente durante trabalhos de restauração. Na reconstrução, foram mantidos os desenhos originais e o pouco do que sobrou dos altares está em exposição.
3-Trem Ouro Preto-Mariana
Se você está em Mariana e quer dar um pulinho em Ouro Preto (ou vice-versa), essa atração é quase obrigatória. Em primeiro lugar, porque os horários de funcionamento permitem que você faça um passeio bate-volta e retorne em tempo hábil para a cidade onde está hospedado. Em segundo, porque viagem em trem turístico é sempre um passeio bacana e uma atração à parte. E por último, mas não importante, porque o cenário deste trecho é lindo e vale a pena ser conferido.
O ramal turístico tem aproximadamente 20 quilômetros. O trem segue em ritmo bem lento e, por isso, o percurso é feito em uma hora. Mas este é justamente o seu charme: andando devagarinho, você vai poder curtir melhor as (muitas) belezas dos arredores: montanhas, mirantes, rios e cachoeiras vão se descortinando pelo caminho. As antigas construções pertencentes às ferrovias também se revelam pelo caminho. Algumas ainda em operação, outras preservadas e várias abandonadas.
Há duas opções para fazer o passeio: em vagão simples ou no panorâmico. Neste último, as janelas são bem maiores e é possível curtir muito mais o passeio. Por isso mesmo, as passagens custam um pouco mais. Você pode optar por percorrer trecho parcial – indo apenas de uma cidade a outra – ou completo, fazendo ida e volta.
Ao contrário do que ocorre em Ouro Preto, a estação ferroviária de Mariana fica junto ao centro da cidade. Mesmo assim, para chegar aos pontos históricos mais interessante, é preciso caminhar uns 600 metros.
Os preços dos bilhetes sobem na alta temporada (janeiro, julho e feriados). A passagem de ida e volta no vagão panorâmico é a mais cara (R$ 100). Crianças e adolescentes de 6 a 16 anos e idosos a partir de 60 anos pagam meia-entrada. Confira preços e horários no site oficial.
4-Mina da Passagem
Quando se fala em heranças históricas do Ciclo do Ouro, o que imediatamente vem à cabeça são as igrejas e palacetes construídos com a riqueza obtida no período. Mas e sobre a extração de ouro propriamente dita? Uma das atrações mais especiais de Mariana é, justamente, uma antiga mina para extração do precioso metal. A Mina da Passagem foi aberta no século 18, quando foram encontradas as primeiras jazidas na região. A maior parte da estrutura existente hoje, no entanto, data do século seguinte.
A Mina da Passagem é um local aberto à visitação e vai encantar aqueles que querem ter uma experiência mais “roots” sobre a vida no período colonial e no período do Império. Os visitantes podem percorrer os subterrâneos até 120 metros de profundidade. O passeio é feito por meio de um troley, o típico carrinho sobre trilhos usados em minas deste porte, por 315 metros. Em seguida, é possível contemplar um labirinto com galerias suspensas por colunas de pedras, tudo muito imponente.
Outra grande atração da mina é o lago artificial, criado a partir da abertura acidental de lençóis freáticos em meio às escavações pelo ouro. É possível fazer mergulhos, nos finais de semana e feriados. Nos dias úteis, a aventura é aberta a grupos de ao menos quatro pessoas. Quem topar fazer o mergulho vai encarar um lago de água cristalina, com a visibilidade chegando a 50 metros, e temperatura de 21 graus. Neste link você obtém mais informações para o agendamento e tarifas.
A Mina da Passagem fica junto ao distrito de Passagem de Mariana, a aproximadamente 7 quilômetros da sede do município. O passeio dura entre meia hora e 45 minutos e pode ser feito diariamente, das 9hs às 17hs. A visita à mina custa R$ 112 para adultos e R$ 44 para crianças de seis a 12 anos. Idosos e estudantes pagam meia-entrada e crianças de até 5 anos não pagam. Mais informações no site oficial.
Endereço: R. Eugenio E. Rapallo, 192, Passagem de Mariana
-Cachoeira do Brumado
Esta é outra atração localizada um pouco mais distante do centro de Mariana. A Cachoeira do Brumado está localizada junto ao distrito de mesmo nome, a 22 quilômetros da sede do município. Trata-se de três belas quedas d’água, perfeitas para refrescar os visitantes.
O local também conta com construções históricas, embora mais jovens que o casario da sede: um moinho construído em 1913 e um gerador de luz instalado em 1954, ambos em funcionamento até hoje.
Além das velhas instalações, o visitante também terá uma boa infraestrutura, como bar, restaurante e banheiros. Há ainda estacionamento e playground. Para quem adora comprar souvenires, uma ótima pedida é prestigiar o trabalho em pedra sabão dos artesãos locais. A Associação de Artesanato de Cachoeira do Brumado conta com as principais informações sobre como adquirir os produtos. O acesso é feito pela Rodovia dos Inconfidentes (BR 356) e, em seguida, pela MG-262.
-Represa da Fumaça
Construída para permitir a construção de uma usina hidrelétrica, a Represa da Fumaça é formada a partir das águas do Rio Gualaxo do Sul, um afluente do Rio Doce. O lago está localizado na divisa entre as cidades de Mariana e Diogo de Vasconcelos.
A principal atração do local é o passeio de catamarã. Com duração de 50 minutos, o percurso é feito por uma embarcação a motor de médio porte, com capacidade para 20 pessoas. Você pode obter mais informações sobre o passeio no site oficial.
Depois do passeio náutico, os visitantes se dirigem ao restaurante instalado às margens da represa. Entre os pratos mais apreciados estão o frango com quiabo e a carne de panela. A matéria prima para a maior parte do cardápio é produzida ali mesmo na propriedade, que conta com plantações e criações de animais. Tudo seguindo as deliciosas tradições da cozinha mineira.
O trajeto a partir do centro de Mariana é todo feito pela rodovia dos Inconfidentes, no sentido de Diogo de Vasconcelos.
Endereço: Barro Branco, distrito de Padre Viegas.
Átila Muniz
a mina de passagem é muito bonita, mas eu acho o preço abusivo pra turistas. nós, moradores de marilama, pagamos bem menos.
eu não entendo o porquê de cobrarem mais de cem reais pra conhecerem aquela mina. o lugar é lindo, mas não acho que valha R$112,00.