Stop-over em Portugal: um roteiro de 48 horas em Lisboa
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Em tempos de real desvalorizado, a Europa fica um pouco mais distante para os viajantes brasileiros. Porém, há tempos que as passagens saindo do Brasil não ficam tão baratas. E, sem dúvidas, Portugal é um dos destinos mais em conta, não apenas pelo preço dos bilhetes, como pelo custo do país. Comparado com o resto do continente, Portugal ainda é uma pechincha. Come-se e bebe extremamente bem gastando pouco.
Ultimamente as passagens mais baratas para a Europa têm sido da TAP. Mas o que pouca gente sabe é que ultimamente é possível fazer um stop-over, em Lisboa ou no Porto ou seja, uma parada com desembarque de 24h, 48h ou até 72h, sem pagar a mais por isso, antes de seguir ao seu destino final, seja na Europa ou na África. A ação é uma iniciativa da TAP com o programa TAP Portugal Stopover para fomentar o turismo. Ou seja, dar uma passada em Portugal é um ótimo negócio hoje em dia. Além do Turismo de Portugal, participam da ação outros 150 parceiros, com benefícios e descontos em hotéis e passeios.
No fim de novembro eu tive a chance de parar em Lisboa por 48 horas a caminho da França. Foram duas noites, chegando sábado ao meio dia e partindo segunda-feira de manhã. Ou seja, teve um domingo no meio, só que domingos são um pouco complicados porque em Portugal MUITA coisa fecha. Se você conseguir evitar um domingo, há de aproveitar mais do que eu. Mesmo assim, preparei esse roteiro de 48 horas em Lisboa para você aproveitar ao máximo seu pit-stop. Claro que contei com uma ajuda do meu primo Vitor Mortara, paulista radicado há pouco tempo na capital portuguesa e autor do site Enlatados Portugal, com dicas de restaurantes, vinhos e conservas lusas.
Como ir do aeroporto ao centro de Lisboa?
O aeroporto de Lisboa fica a 6 quilômetros do centro e é servido pela linha vermelha do metro (aqui eles não falam metrô ;-)). Na bilheteria, compre um cartão zapping 24 horas ou carregue € 10 no cartão comum. O crédito é válido para o metro, os elétricos (bondes), os comboios (trens) e os autocarros (ônibus). Adoro esses nomes.
Onde dormir em Lisboa?
Como você vai ficar ao menos uma noite, a primeira inevitável parada é na sua hospedagem. Seja num hotel ou num hostel, conte seu deslocamento até ali e um banho. Resistir à cama convidativa é, por vezes, um trabalho duro. A convite, pernoitei no Hotel Dom Pedro, no bairro das Amoras, extremamente confortável. Encontrei a Adriana Calcanhoto no lobby do hotel e quando subi, pela janela do quarto, tive uma vista deslumbrante do Rio Tejo. Recomendadíssimo.
A Marcella já se hospedou os dois extremos em Lisboa: hotel de luxo e hoste. O hotel era o Bairro Alto Hotel, que é fantástico e tem uma localização excelente, e o hostel era o Home Lisbon Hostel, segundo ela, o melhor hostel que já ficou até hoje.
Veja aqui mais opções de hotéis em Lisboa
Roteiro de 48 horas em Lisboa
DIA 1 – Para entender a cidade
Pensa num lugar pouco manjado de Lisboa, voilà. Como era pertinho do hotel, 15 minutos bastaram para ver o Aqueduto das Águas Livres, imensa construção de pedra do século 18 com 109 arcos, que cruza um vale a mais de 65 metros de altura. Pagamos 3 euros cada um pra caminhar no aqueduto, mas não valeu a pena. A melhor vista, esta sim sem preço, está debaixo do aqueduto.
Caminhamos pela Avenida Gulbenkian até o Museu Calouste Gulbenkian. Lindos jardins e exibições temporárias completam um cenário incrível e surpreendente. Embarque no metro São Sebastião e desça na estação Restauradores. Todo dia 1o de dezembro a Praça dos Restauradores é palco de uma celebração pela restauração da independência de Portugal ante a Espanha. A poucos passos dali contemple a magnífica fachada da Estação do Rocio (é de comboios, digo, de trens, e não de metros.
Ali pertinho passa o Bonde 28 (€ 2,85), uma instituição lisboeta, que percorre a rota do Campo Ourique até o Largo Martim Moniz. De presente, vistas desde a Basílica da Estrela até o Bairro da Baixa. Por 45 minutos, encara subidas íngremes na direção da Alfama, com direito a lindas vistas do Miradouro Santa Luzia e da Sé.
Descubra a Calçada de Santo Antão, linda via para pedestres que abriga lojinhas de souvenir e restaurantes como o Gambrinus (do lado esquerdo da rua). Não se intimide pela fachada sisuda e os altos preço no cardápio (tem caviar a € 200). Sente-se no balcão, peça dois croquetes e uma imperial, o chopp local. A conta não vai passar de € 6 e você terá a sensação de ter vivido um clássico lisboeta.
Rume pelo bairro da Mouraria (C) e suba pela Rua da Costa do Castelo até o emblemático Castelo de São Jorge. Ponto turístico clássico (e merecido) de Lisboa, tem uma vista surreal do pôr do sol no Tejo. A entrada no castelo custa € 8. Vale ir sem tanta pressa para poder explorar a fortaleza que começou a ser erguida no século 5 pelos visigodos. O Winebar do Castelo (Rua Bartolomeu de Gusmão, 11) oferece uma vasta carta de vinhos que combinam e muito com a vista incrível.
Desça pela Alfama. Coma um bolinho de bacalhau na Tasca do Jaime (Rua da Graça, 91), dali para a Baixa Pombalina e para a Praça do Comércio, onde fica o Arco da Rua Augusta. É possível subir, tomar um vinho e ter uma vista da maior praça da cidade.
Siga até o Cais Sodré. Ali, refestele-se com as mil opções de pratos em porções generosas a ótimos preços no Mercado da Ribeira. Ali, nós dividimos um bacalhau à brás na Tasca da Esquina, do chef Vitor Sobral. Caminhamos até a Rua Rosa, o point das baladas, cujo nome é autoexplicativo por conta do piso. Entramos rapidinho pela Pensão do Amor, outrora um prostíbulo, mas ainda mantém a decoração e muitos ambientes descolados.
Na Rua Rosa paramos para uma imperial no Sol e Pesca. O lugar já foi um armazém de pesca e ainda é decorado com anzóis e varas. Pra completar, serve apenas peixes e frutos do mar enlatados, bem apresentados em pratinhos com pãezinhos. Provamos um atum e um salmão ótimos, deixamos uns € 12.
Subimos a Rua das Flores até a Praça Luiz Vaz de Camões, sempre cheia de gente. Não deixe de comer um pastel de nata na Manteigaria (Rua do Loreto,2). Dali, suba até o Bairro Alto, que concentra a maioria das baladas – se o pique estiver alto, arrisque-se na Galeria Zé dos Bois (zedosbois.org) ou no Capela (Rua da Atalaia, 45), uma antiga capela gótica transformada em templo eletrônico e de funky house.
Uma cerveja ou um vinho baratíssimo para fechar a noite no Adriano’s. E uma ginja, típico licor de cereja, no barzinho logo embaixo do bar, a 100 metros da Estação do Rocio. Pensa num lugar difícil de explicar onde é… pergunte pela ginja, vais achar. Depois um metro ou uber para o hotel, boa noite.
DIA 2 – Belém e Oceanário
Pode ser difícil acordar no dia seguinte, mas seu esforço será recompensado. Mesmo com chuva, apanhamos o ônibus 723 na frente do Hotel Dom Pedro até Belém – no site Carris.pt informe-se sobre os ônibus e estações mais próximas. O bairro de Belém é um dos clássicos e merece estar nessa sua primeira/rápida visita a Lisboa.
Cartão-postal titular da cidade, a Torre de Belém (€ 5) foi construída em 1515 na boca do Rio Tejo para defender a cidade de invasores. Que baita monumento maravilhoso, ornado minuciosamente e com mais ar de obra de arte do que de instalação bélica.
Dali, uma pequena caminhada beirando o Tejo leva até o Padrão dos Descobrimentos, gigante monumento de calcário de 52 metros de altura inaugurado em 1960 em homenagem aos homens do mar. Foi erguido nessa data por conta do 500o aniversário de Henrique, o Navegador, e conta com imagens de grandes exploradores como Vasco da Gama e Fernão de Magalhães. Por € 3 você tem uma vista incrível do Tejo e dos mosaicos que decoram a praça. Como eu queria que não estivesse chovendo!
A uns 400 metros dali, o Mosteiro dos Jerônimos é daquelas atrações especiais e queridas dos portugueses e dos visitantes. Construído no século 16 em homenagem à descoberta da rota marítima até a Índia por Vasco da Gama (que está sepultado ali, num lindo mausoléu, vizinho ao de Camões), tem colunas que lembram árvores e um teto que parece uma grande aranha. Monges da Ordem dos Jerônimos viveram ali até 1833, quando a ordem foi dissolvida. Financiado pelo rei Manuel I, o estilo arquitetônico ficou conhecido como manuelino e tem traços muito particulares. A entrada na igreja é gratuita, mas a visita aos claustros e capelas do mosteiro custa € 7.
Na ala oeste do mesmo prédio está o Museu Nacional de Arqueologia (museuarqueologia.pt), que exibe uma linda coleção de preciosidades egípcias com direito a múmia e sarcófago – um tesouro! O ingresso custa € 5. Só vi coisa comparável no British Museum, em Londres, e no Museu Egípcio, em Berlim.
Cruzando a rua, o prédio moderno do Centro Cultural de Belém se destaca. Ali funciona a Colecção Berardo, um dos grandes acervos de arte contemporânea da Europa, com trabalhos de Andy Warhol e Marcel Duchamp. E o melhor: é grátis!!! Dica: o café do museu é bem bom, já a empada nem tanto.
Misto de clássico quase obrigatório e clichê delicioso, a parada na Antiga Confeitaria de Belém é impressionante. Desde 1837 a casa serve seus pastéis de Belém, o mais tradicional dos doces locais, uma massa folhada em forma de cestinha com um creme absurdamente delicioso.
Quer fugir das filas da confeitaria de Belém e procurar outras casas frequentadas pelos lisboetas?
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De lá, sob uma baita chuva, saímos no autocarro 760 até o Cais Sodré, onde apanhamos o metro, fizemos baldeação na estação Alameda e rumamos até a Gare do Oriente, projetada pelo premiado e polêmico arquiteto espanhol Santiago Calatrava. A estação faz parte do Parque das Nações, complexo erguido para a Expo 98, exibição mundial realizada em Lisboa. Fazem parte o Pavilhão do Conhecimento (€ 7), museu interativo com experimentos físicos que farão crianças se divertirem – leia-se, crianças de todas as idades.
Por fim, ali do lado fica aquele que é talvez meu xodó da cidade, o Oceanário de Lisboa (€ 14). Um dos melhores aquários que já visitei na vida, é algo surreal. Tem mais de 7 milhões de litros de água salgada, com várias espécies de tubarão, raias manta, pinguins e lontras. Um senhor absurdo para lembrar que porque o mar encantou e ainda encanta tanto os portugueses.
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