As 8 carnes mais estranhas que comi na vida


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Comer, provar, degustar. Não há dúvidas de que também é pela boca que nós viajamos. Ter a mente e a boca abertos só faz a experiência ser ainda mais multissensorial e intensa. Não me lembro de ter recusado nada viajando por quase 40 países. Minto, abri mão de escorpiões na Tailândia logo na primeira noite, ainda bagunçado pela viagem e pelo fuso-horário, depois não os encontrei mais. Fica pra próxima.

Em tempos de Operação Carne Fraca da Polícia Federal, com graves denúncias sobre a qualidade dos frigoríficos brasileiros, resolvi olhar para o passado e buscar na memória gastronômica quais as carnes mais marcantes e exóticas, para não dizer “bizarras”,  que já comi. Talvez muita gente se sinta desconfortável com essa lista, mas garanto que cada uma valeu a pena e fez parte de uma experiência singular em cada destino.

1- Canguru, na Austrália

Talvez entre na categoria bichos fofos que seja difícil de imaginar que estão no seu prato. Mas olha, depois de viajar por três semanas na Austrália eu tive certeza de que a população de 5 milhões de cangurus precisa ser controlada. Eles estão por todas as partes e há horários em que muita gente evita dirigir pois há maior propensão a cruzarem a estrada e causar acidentes. Eu comi porque quis, o corte servido foi frito e era um pouco duro, mas tinha um sabor acentuado. Imagino que pelo bicho ser MUITO musculoso e ágil, a carne tenda a ficar dura. Da próxima vez que for para lá vou tratar de ter uma cozinha à disposição para poder preparar a carne na panela. Certeza que vai ficar incrível esse cozido de canguru.

Olha ele ai todo bonitão, na Austrália.

2- Camelo, no Marrocos

Estamos acostumados a comer mamíferos, não é mesmo? Vacas e porcos frequentam nossos pratos diariamente. Mas nossos hábitos culturais nos afeiçoaram mais com alguns do que a outros. E eu sempre vi camelos como animais simpáticos e bem humorados. Em plena medina de Fez, cidade antiga no Marrocos, me deparei com a enorme cabeça de um dele pendurada diante de uma chapa, numa barraca de rua. E ali me propus degustar a carne. Suponho que o corte era de alguma parte do lombo, talvez até das corcovas, pois tinha uma textura parecidíssima com cupim. Estava bem temperado, com cebola e azeitonas, o que lhe deu um aroma interessantíssimo. Foi servido no pão sírio, quase como um pita. Com a fome que eu estou a escrever esse texto eu comeria um desses agora!

3- Larva de bambu, na Tailândia

Já tinha visto essas coisas nesses programas de sobrevivência na selva do Discovery. E confesso, comer seres vivos ainda com vida é algo que sempre me perturbou a cabeça. Mas eu definitivamente me abri para as larvas de bambu na Tailândia e ali, numa tarde quente no mercado de Chiang Mai, com uma cerveja na mão, provei. Não, não estavam cruas, mas torradinhas. E olha, é crocante, segura bem o sal, e lembra muito os famigerados salgadinhos Ebicen. Se gostei? Trouxe até para os amigos provarem com cerveja brasileira.

4- Porquinho da Índia, no Peru

O chamado cuy é uma iguaria no Peru. Procurei comer em Cusco, mas no dia em que achamos o lugar certo, tinha acabado. Após quase um mês por lá ia saindo frustrado quando, na última noite, já em Lima, encontrei o excêntrico bichinho. Preparado assado, é realmente bastante assustador quando chega ao prato. Apresentado deitado de barriga para cima, é possível reconhecer suas patinhas e – o que mais inibe o apetite – a cabeça e os dentinhos proeminentes. É focinho quando está na mão de uma criança, mas num prato eu diria que a perspectiva muda bastante. Mesmo assim, mandei bala. A carne não é gostosa e nem ruim, achei meio pobre de sabor e maciez. A Marianna e a Marcella aqui do SV adoraram quando comeram em Cusco… acho que se fosse em outro lugar ou até empratado de outro jeito, eu provaria de novo.

Cuy todo bonitinho antes… essa foto é de dentro do restaurante em Cusco ainda por cima!

Cuidado, cenas fortes a seguir….

5- Miolo de cabra, no Marrocos

Taí um negocio nojento. Nesse eu me superei, ouso dizer, sem modéstia nenhuma. Na icônica praça Djema El Fna, em Marrakesh, no Marrocos, eu encarei esse absurdo. Claro que servem a perna e as costelas, mas eu via que os nativos mesmo comiam o cérebro. E que se refestelavam. Daí eu pensei: vou ter que provar. O pior não é o gosto ou o cheiro, mas a onipresença das cabeças cortadas na barraca, sabe? Os bichinhos ali te encarando dá uma aflição… Se é bom? Olha, vou te dizer que prefiro pernas e costelas. Quando voltar ao Marrocos certamente não haverá replay. Ah, vale dizer que na mesma praça servem escargot e que eram ótimos, e que ali tomei o melhor suco de laranja da vida.

6- Crocodilo, na Austrália

Já tinha provado carne de jacaré numa churrascaria brasileira. Mas era de um “jacarezinho” de 1,5 metro. Lá na Australia, no Hartleys Crocodile Adventures pude provar a carne do rabo de um bicho imenso, com quase 4 metros de comprimento. Achei bem gostoso, embora lembrasse carne de peru em alguns momentos – a de jacaré parece frango. Mas era tenra e bem preparada. Nesse lugar eles deixam você alimentar crocodilos com frangos mortos na ponta de grandes varas de bambu. Dá medo.

7- Tanajura, no Brasil

Por muito tempo eu não entendi o porquê de tanajura ser sinônimo de mulher com bumbum grande. Até o dia em que me deparei com essa iguaria, durante um evento de gastronomia em São Paulo. Elas eram criadas na região do Vale do Paraíba e custavam algo como R$ 120 o quilo. Explico, “elas” são formigas com um enorme traseiro que, fritinho, fica absolutamente crocante e lembra até um amendoim. Pode acompanhar uma farofa, fica divino. Taí algo que eu comeria hoje se soubesse onde encontrar.

8- Antílope, no Quênia

Não é em qualquer rincão da África que você encontrará isso. Para mim aconteceu por acaso, no Quênia, na vila onde fazia trabalho voluntário. Alguns antílopes estavam devastando uma pequena plantação e os moradores mataram e dividiram a carne pela aldeia. O cheiro da carne crua era nojento, falei até para a minha mãe queniana, a Jane Odula, jogar fora. O dia passou, esqueci do assunto. Na hora em que sentei no chão para jantar, e que minhas mãos pegaram a comida da panela: UAU! Que baita absurdo aquela carne picadinha. Era um espetáculo, uma divindade, um presente dos céus. Até hoje não tenho certeza se não foi a melhor carne que comi na vida…

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