Como reconhecer um brasileiro no exterior
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Nos últimos anos aumentou muito o número de brasileiros mundo afora. E isso é ótimo. Viajar engrandece o repertório, as referências, a alma. É incrível ter mais e mais pessoas descobrindo as riquezas do mundo, seja a de novas culturas, museus, comidas, sotaques, ou até mesmo dos shoppings e lojinhas da Disney, pouco importa. Viajar é preciso.
Com base em preconceitos e estigmas é possível dar uma dúzia de respostas à pergunta título desse post. Os padrões, como veremos mais adiante, nem sempre são verdadeiros. Mas também nem sempre são uma mentira completa. Fique à vontade para concordar ou discordar.
Identificando um brasileiro homem sozinho
Se for homem, é bem capaz que esteja de calça jeans, um pouco caída na bunda, tênis último modelo, impecável para ir à academia, camisa de time de futebol brasileiro ou europeu. Ah, se estiver com camisa da CBF, é batata!, e dá para avistar a quilômetros, no Vaticano ou numa rua de Jacarta. Vai vendo. Ah, Aeropostale, Abercrombie e aquele cavalinho ou cavalão da Ralph Lauren também costumam estar entre as marcas do peito.
Brasileiros em grupo
Caso estejam em grupo, geralmente estão falando alto e debochando de alguma coisa que não entenderam ou de alguma palavra “engraçada” na língua estrangeira – por exemplo, macarrão à putanesca é um prato mais que cheio. Ah, se estiver numa praia europeia, pode apostar que o grupinho mais xereta a espiar de moças de topless é de brasileiros. Quem já foi a Barcelona, Ibiza ou Mykonos sabe bem do que estou falando.
E as mulheres?
Ainda apoiado nessas convenções toscas, dizem que é possível identificar moças brasileiras pelo mundo da seguinte forma. No aeroporto, costumam estar de tênis de corrida, calça jeans – bem justinha e evidenciando o que “a brasileira tem como nenhuma outra mulher do mundo”, óculos de grife e jaquetinha ou moletom do Hard Rock Cafe costumam completar o figurino. Um baita preconceito? Eu acho. Em um país tão miscigenado como nosso, essa generalização não cabe. Mas se ver alguém assim e quiser adivinhar a nacionalidade, chute Brasil.
Muitas falam alto, mas não é padrão. Mundo afora são adoradas pelos comerciantes, não só pela beleza, mas porque amam comprar. Fiquei besta ao ver americanos e turcos falando um baita português em nome de conseguir mais vendas. Alguma coisa ai tem, não? O mesmo vale em Orlando em Miami, tanto para homens e mulheres. Todos arranham algum português!
Nem tudo é estereótipo!
Pronto, enterremos o juízos de valor e os ranços que proliferam entre os viajantes mundo afora. Vamos falar das coisas boas de ser brasileiro no exterior. A maior parte dos países onde pisei ADORA brasileiros. Somos 100% mais benvindos do que os americanos, por exemplo, mesmo tendo menos grana do que eles e uma cultura de dar gorjetas bem menores.
Como o mundo nos vê?
O mundo muitas vezes acha que temos uma cara padronizada à la Ronaldinho Gaúcho ou Neymar. Se sua cor de pele ou seus traços diferem um pouco dos deles (como os meus) é capaz que as pessoas nem imaginem que você é brasileiro. Mas costumam abrir um sorrisão quando descobrem. E emendam aquele clássico, “Ronaldo, Rivaldo, Pelé”, em qualquer ordem. Se for na África ou no Oriente Médio, pode ter certeza que será acolhidíssimo logo de cara – mesmo que tenha uma baita cara de europeu branquelo, como eu tenho. Brassil! Brésil! Brusiiiil!
A tal da amarelinha…
Outro dia um amigo me perguntou o que eu achava dele levar a camisa da CBF na mala para um mochilão de volta ao mundo. Ele era contrário às manifestações do Vem Pra Rua, em 2015 e 2016, que terminaram no impeachment da então presidente Dilma Rousseff, e andava meio de mal da amarelinha. Aqui no Brasil não tinha coragem de usar, ainda mais depois do 7 a 1. Mas ele questionava se não era meio “farofa” sair pelo mundo usando a camisa canarinho, dando aquela pinta toda descrita no começo do texto.
Numa viagem, é muito mais provável você encontrar um brasileiro usando camisa do Brasil do que qualquer outro torcedor de qualquer outra nacionalidade usando camisa de seu país. Inclusive, é objeto de cobiça e costuma funcionar muito bem em escambos com outras camisas e peças de vestuário. Tenho um conhecido que já trocou até por beijo na boca com uma moça num festival – a camisa era para o irmão dela, supostamente.
Aqui no Brasil ainda pode haver um certo racha entre “coxinhas de camisa amarela” e “petralhas de camisa do Che Guevara”, mas o mundo, sinceramente, ignora esses clichês – e com razão. Somos vistos como um povo amistoso e simpático, a Copa de 2014 terminou mal para a gente no placar, mas o saldo da imagem do País e o legado emocional foi absurdamente valioso. O mundo nos quer melhor porque fizemos um evento incrível.
Um grande amigo, o Marcos Bueno (mais conhecido como Gordão) está fazendo uma viagem de bicicleta desde Portugal até a China. Seu projeto, Bike Sutras pretende estimular as pessoas a pedalarem com poucos recursos. Ele sempre adorou futebol e alterna a camisa do Corinthians e da Seleção, até porque o tecido é bom para praticar esporte. Passou pelo Egito e atualmente está no Irã, onde a amarelinha é muito querida e o faz muito bem-vindo em qualquer vilinha no fim do mundo.
E a máxima é válida: o melhor do Brasil é o brasileiro!
Independentemente de estar vestindo a famigerada camisa da CBF ou não, o brasileiro é bem recebido em qualquer parte. Um sorriso, uma gentileza, uma atenção são características nossas que costumam contar muito mais do que a gente imagina. Esteja ou não usando tênis de corrida.
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