Minha experiência no centro de meditação do OSHO, na Índia


Atualizado em:


Quando fiquei sabendo que o projeto social no qual eu seria voluntária na Índia ficava na cidade de Pune, a primeira coisa que fiz foi pesquisar sobre a cidade e, de cara, o Google  já mostrou centenas de resultados que diziam a mesma coisa: “Osho meditation center”.

Foi aí que eu descobri que eu iria pra cidade que era a base do Osho, o famoso guru!

Apenas para quem não conhece poder se situar: Osho foi (ele morreu mas, segundo seus seguidores, sua essência ainda vive nos praticantes dos seus ensinamentos) um guru indiano que inovou a forma de meditar aproximando-a da vida ocidental. Ele sabia que nós, do lado de cá do mundo, temos muita dificuldade em nos manter sentados em silêncio por muito tempo e, por isso, ele inventou um novo método, que se utiliza de movimentos repetidos, danças, alguns cantos mais enérgicos que te fazem se soltar e alcançar, pouco a pouco, um estado de meditação, que é quando a mente se esvazia.

Além disso, a meditação do Osho ficou conhecida mundialmente por não ser algo introspectivo, mas também de interação entre o grupo que está meditando. Em alguns encontros realizados em locais afastados ao redor do mundo, dizem que há até uma interação sexual entre todos os participantes. Existem também muitos livros sobre espiritualidade, amor e meditação escritos pelo guru, além de cursos variados. Resumindo,  Osho é hoje uma grande indústria da espiritualidade que atrai milhares de ocidentais (até mesmo famosos como Brad Pitt e Angelina Jolie) interessados em ter uma vida mais plena.

O salão principal e as pessoas usando os famosos "maroon robes"

O salão principal e as pessoas usando os famosos “maroon robes”

Voltando à minha história, eu pesquisei tudo sobre o Osho e decidi que, como eu já queria conhecer um Ashram (centro de meditação) enquanto estivesse na Índia, eu iria no Osho porque era na cidade que eu moraria por alguns meses, e porque tinha toda essa fama.

Cheguei em Pune e perguntei pra algumas pessoas que já tinham ido como era o esquema e de cara assustei com o fato de que você tinha que fazer um teste de HIV pra poder ter acesso ao Meditation Resort (como eles chamam o centro)! Como assim? PRA QUÊ  eu preciso de um teste de HIV? Já estava quase desistindo de ir, achando que eu seria obrigada a participar de experiências contra a minha vontade (ok, fui meio extrema, mas na hora assustei) quando conheci uma Polonesa que ja tinha lido mais de 4 livros do Osho e tinha acabado de voltar de um final de semana lá. Perguntei tudo pra ela e decidi ir. Como eu tive que pesquisar e perguntar muito pra entender melhor como aquilo tudo funcionava, eu vou compartilhar aqui algumas informações e experiências para que, quem tiver interesse, conheça um pouco melhor.

Vamos começar com os procedimentos para se “inscrever” (recomendo que você se inscreva na véspera pois pode demorar e você perderá a meditação matinal):

1- Teste de HIV (eles fazem lá na hora mesmo). É apenas algo que de praxe, não há nenhum tipo de “atividade sexual” no resort;

2- Comprar duas túnicas (uma branca e uma bordô – eles chamam de ‘maroon’)- eles alegam que é importante todo mundo estar vestido igual pois assim não há distrações para o superficial, e você se foca no interior. Cada túnica custa mais ou menos 500 rúpias na loja oficial, mas você encontra por menos nas barraquinhas de usados que ficam na calçada de fora do centro;

3- levar seu passaporte original;

4- pagar a taxa (para dois dias, sai por 1130 rúpias por dia. Se for para mais dias, reduz pra 680 rúpias por dia – isso só pra passar o dia. Se for dormir no resort, daí são outros 500… aqui tem as taxas e diárias das suítes, que eu fui conhecer e são lindas! Parecem hotel mesmo! ) obs: esses preços são bem caros pro padrão indiano e muitos turistas se assustam com essas taxas.

Uma vez cadastrado, e com as taxas devidamente pagas, você ganha um “sticker” que indica que você tem acesso às instalações do resort por “X” dias, o quanto você pagou.

O resort é ma-ra-vi-lho-so! Todo de mármore preto, com um paisagismo lindíssimo, uma bela piscina entre as árvores e um refeitório que serve uma das comidas vegetarianas e orgânicas mais gostosas que eu comi na minha estadia por lá! Mas eu devo confessar uma coisa: estava esperando uma experiência mais autêntica num Ashram, um lugar rústico, com “professores” velhinhos indianos, e não guias americanos, se servindo das últimas tecnologias de som e imagem para explicar como funcionam as coisas por lá (tem até uma musiquinha meio country pra você aprender as regras do lugar, repetindo nas telas de LED das salinhas de meditação para principiantes).

osho entrada

A entrada

piscina

Piscina vista da cafeteria

Todos os dias há meditações em 8 horários diferentes, começando as 6h da manhã e finalizando com a principal da tarde, as 18h40min.

As meditações são bem diferentes: eu fiz uma introdutória, para iniciantes, que você tinha que dançar meio loucamente com um desconhecido do seu lado e depois cair no chão e ficar sem se mexer por alguns minutos; fiz uma numa sala de vidro lindíssima e silenciosa que consistia em várias etapas, desde respirar fundo até emitir uns sons estranhos; outra que eram pulos e gritos no lugar, e por aí vai…

A “evening meditation meeting”, que acontece às 18h40min, é a única no salão principal, o Osho Auditorium, um salão triangular enorme e quase sem janelas. Nessa meditação TODO mundo que está no resort participa, até os funcionários. Ela começa com um video do Osho falando, depois passa pra uma dança, depois todo mundo deita, e assim vai. Eu não tive uma experiência boa nessa medição pois minha amiga Taiwanesa, que estava comigo esse dia, foi expulsa do resort acusada de estar dormindo na meditação! Eu fiquei inconformada pois sei que ela estava adorando tudo e ela me jurou que não estava dormindo, mas meditando com os olhos fechados… não teve discussão e eu achei isso bem chato.

Evening meditation

Evening meditation

Resumindo: foi uma experiência muito diferente de tudo que eu já tinha feito antes, adorei conhecer o lugar e experimentar essas técnicas de meditação, a comida era muito boa, e fiz alguns amigos legais. Maaaas, como nem tudo são flores, e eu quero ser bem sincera com vocês, eu confesso que eu achei tudo muito comercial, muito tecnológico, e muito ocidental, ou seja, eu não posso dizer que no Osho você vai viver a verdadeira experiência de um Ashram indiano, porque não é nem um pouco tradicional, mas nem por isso deixa de valer a pena conhecer, caso você esteja lá perto.

OBS: Lá é proibido usar celular e tirar fotos, então eu peguei todas as imagens desse post da página do Google+ oficial do Osho (!!!)

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  • Muito legal saber como é uma vivencia dessas.
    Um dia quero ir também.

  • Elis Regina Amador

    Adorei o Site e todas as informações. Voce poderia me orientar com relação ao trabalho voluntário minha filha tem o maior interesse,
    Att!
    Elis

    • Elis regina,
      Eu fui por uma organizacao universitaria que se chama AIESEC. Se sua filha estiver na universidade, ela pode se inscrever no procesos seletivo e ir atraves deles. Caso queira outras opcoes, ha agencias de turismo e intercambio que oferecem esse tipo de servico tambem!
      E uma experiencia incrivel! Super recomendo!
      Boa sorte

  • Oi Mari,
    em setembro parto pra uma viagem de volta ao mundo e planejo passar algum tempo na índia para aprofundar num tema que comecei a aprender no brasil.
    Neste resort que você conheceu, havia cursos sobre tantra?

    • Oi Bruno,
      Eu não fiz nenhum curso, fiz só o “day use” de meditação, mas eles tem várias opções aqui: http://www.osho.com/learn
      Da uma olhada e ve se acha algo nesse ambito que voce quer. Se não ecnontrar, sugiro conversar com algum instrutor de Yoga aqui no Brasil que eles geralmente vão bastante pra Índia fazer cursos.
      Sinto não poder ajudar mais mas espero que aproveite muito a sua viagem!

  • CECILIA sALVADOR

    Muito bom seu post, queria mais detalhes inclusive. Sobre o teste HIV, são muitos rumores que girão ao redor disso e até hoje tem várias versões não esclarecedoras, mas sabemos que está ligada a percepção de OSHO sobre a sexualidade.

    Realmente fiquei decepcionada pelo “modernismo” imposto o lugar, tenho certeza que várias pessoas vão com a mesma intensão que a sua procurando um ambiente rustico e simples.

    Sinceramente fiquei chocada com a expulsão da sua amiga totalmente desnecessário.

    Infelizmente estão corrompidos, sem sombra de dúvidas.

    • Oi Cecilia,
      Fico feliz que o relato tenha sido util. A verdade é que cada um tem uma experiência diferente, né? A minha teve esse problema com a minha amiga mas, apesar dessa modernidade toda, eu gostei muito de ter ido e de ter aprendido essas técnicas de meditação mais “animadas” pro estilo de vida ocidental.
      O lugar é lindo e é um oásis em meio ao caos da vida na Índia, mas está longe de ser uma coisa autêntica. Há boatos de que o motivo pelo qual você não pode tirar foto lá dentro é porque sempre tem algum ator de Hollywood, ou seja, quase que um “resort de luxo” né?
      Você está pretendendo ir?

  • Vou para a Índia agora em Maio mas não terei a oportunidade de conhecer Pune. A respeito de ser algo muito comercial por causa das taxas que se paga, quem conhece um pouco a filosofia e os ensinamentos do Osho, sabem o que ele pensa a respeito. E eu concordo! Infelizmente as pessoas são dão valor quando pagam. Por exemplo, você se esquece de agradecer por sua respiração e de aproveitá-la exatamente porque ela é gratuita. Imagina se tivesse que pagar a cada inspiração… Respiraríamos lenta e profundamente o tempo todo! Acho que por isso eles cobram mesmo e cobram caro! Uma forma da pessoa se entregar a aproveitar cada segundo, já que está pagando. Eu concordo com ele!

    • Oi Afonso,
      Obrigado pelo seu comentário e opinião. É importante saber mais sobre essas coisas de quem conhece mais a fundo.
      Apenas um esclarecimento: eu não achei comercial pelo preço, e sim por toda a experiência. De outros ashrams que visitei, esse era o único que tinha TVs de Led espalhadas por toda parte, te obrigava a comprar a roupa específica de meditação da lojinha deles, etc. Coisas que vemos mais no mundo ocidental, enão tanto nos centros de meditação tradicionais indianos.
      Ainda assim, achei a experiência super válida.

  • Bom dia Mari,

    Eu me inscrevi na AIESEC e fui aceito na TCS em Pune, mas ainda não tenho certeza se vou pra la, pois estou em outros processos tambem. Queria saber da sua experiencia na cidade e de como é viver em Pune. Se vc puder me responder por e-mail estarei grato! Obrigado!

  • Olá! Boa noite. Gostaria de saber qual é este projeto social que te levou até a índia? Gostaria muito de participar de algum projeto que, além de me trazer maior sabedoria, me guiasse para novos caminhos. Obrigado!

    • Rodrigo, trabalhei em uma ONG baseada em Mumbai que se chama CRY (Child Rights and You). Trabalhei na extensão deles em Pune, que fica no mesmo estado de Munbai. Eu cheguei até lá através da AIESEC, uma organização estudantil que promove liderança.
      Recomendo a leitura do post da Mari Camargo falando sobre a experiência dela em Uganda como voluntária e sugerindo formas de se conseguir ir também: https://segredosdeviagem.com.br/2014/12/o-tal-volunturismo/

  • querida! estou realizando pesquisas a respeito de centros de meditação na índia, pois estou pretendendo passar 2 meses por la hospedada nesses lugares. queria saber se você tem alguma dica de lugar ou contato que possa me ajudar, pois a busca esta difícil. queria algo não comercial como o relatado, e sim algo que realmente proporcione uma imersão na cultura e religião. outra questão, neste tempo q você passou la, seu visto foi entrada ou turismo? muito obrigado!

    • Ola Isadora, infelizmente eu não tenho esse tipo de informação. Eu fui como voluntária e visitei o centro pois, coincidentemente, ficava na mesma cidade que eu estava. Sei que tem alguns centros de Ioga que sempre organizam viagens para a India, mas não sei dizer qual. Mas você pode começar a buscar por esses lados! Boa sorte!

    • Olá! Voltei hoje de lá… Procure pelos Ashrams em Rishikesh, a cidade onde nasceu o ioga.
      Acredite… Lá é bem rústico e não verá nada parecido com o luxo desse Osho. Bjos

  • Fiz a escola de meditação de OSHO. As meditações são chamadas de dinâmicas e realmente para nós ocidentais elas são muito eficientes e provocam a mesma sensação de uma meditação passiva. Interessante perceber com essa boa reportagem é que parece que a maioria dos seguidores, discípulos ou sanyas de OSHO tem essa ideologia do comércio sagrado.

    • Marcita, eu achei bem legal as meditações dinâmicas! São bem mais “faceis” que aquelas que temos que ficar parados por horas…

  • Quanto vc ganhou para fazer essa propaganda. Poderia nos respeitar. Farei propaganda contraria.

    • Carmem, você está enganada pois esse post não é uma propaganda (muito menos paga, pois se eu tivesse ganhado pra escrever eu deixaria isso bem claro). É um relato das minhas experiências, boas e ruins. Não sei onde posso ter te desrespeitado pois tentei fazer o post sendo o mais sincera possível, sem ofender os que acreditam e os que não acreditam nesse método de meditação.

  • Que pena que é comercial assim, mas adorei o post, fiquei curiosa para conhecer!

  • ” Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada,os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos
    povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar.Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.” Dizem que é dele e eu acho lindo!
    Adorei o post! Adoraria meditar dançando loucamente!! Parece mais fácil que passar horas sentada de frente pra parede como é no Mosteiro, aqui no Espírito Santo. Mas concordo que parece meio comercial, e fiquei revoltada com a expulsão da moça que parecia ter dormido. Fiquei curiosa…quero ir também! Beijo.

    • Linda frase Elaine! Acho que eu não aguentaria meditar como você, por horas olhando para uma parede, mas deve ter sido diferente! Que bom que ficou curiosa para conhecer! Beijos

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