O que fazer em Milão, a cidade mais injustiçada da Itália


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Antes de começar, já vou avisando que este será um texto em defesa de Milão, a cidade mais injustiçada da Itália, na minha opinião. É comum ouvir por aí que não tem nada para fazer na cidade ou que ela é sem graça. Eu discordo. Então vamos ver se com essas dicas de o que fazer em Milão – e alguns alertas – você também se apaixona pela cidade.

Já estive em Milão, na Itália, três vezes, sendo a última bem recentemente e acompanhada de um amigo que mora por lá há anos. Desta vez, inclusive, saí de lá com a sensação de que seria o único lugar na Itália onde gostaria de morar. Claro que isso é muito pessoal, mas vou tentar passar a imagem desta Milão efervescente e pouco óbvia que conheci.

Duomo Milão Itália
O estonteante Duomo de Milão – Foto: Pixabay

O que você verá nesse post:

-Quantos dias ficar em Milão.
-Onde ficar em Milão.
-Roteiros prontos para usar.
-Museus em Milão.
-Onde comer em Milão.
-Bate e voltas de Milão.
-Mitos e verdades sobre Milão.

Quantos dias ficar em Milão

Serei objetiva. Sim, em um roteiro básico pela Itália, em um dia/ duas noites, você já consegue ver o principal de Milão.

Em dois dias/ três noites, porém, você terá uma visita bem mais completa. Com três dias/ quatro noites, você consegue sair do óbvio ou incluir um bate e volta.

Mais do que isso só vale a pena se você estiver interessado em fazer Milão de base para explorar a região. Vamos falar mais sobre bate e voltas mais para frente.

Onde ficar em Milão, na Itália

No centro. Punto e basta.

Milão, apesar de ser uma cidade bem grande para os padrões europeus e centro econômico da Itália, tem as regiões de interesse turístico bem concentradas. Ficando no centro, você consegue até mesmo fazer boa parte (se não tudo) a pé.

Veja algumas dicas de hospedagens em Milão:

$ – Martini 17: hotel boutique estiloso.

$$ – 21 House of Stories: bom custo-benefício e muito charme.

$$ – Townhouse 33: conforto e ótima localização.

$$$ – Urban Hive: hotel moderno e de qualidade.

$$$ – Speronari Suites: um clássico no coração da cidade.

$$$$ – Mandarin Oriental: não tem erro, um ícone que amamos.

Roteiro em Milão: duas rotas prontas para usar

Há dois roteiros para fazer a pé em Milão que abarcam o principal da cidade e são sempre recomendados por quem mora por lá. Vou colocar abaixo, porque acredito que esse seja um ótimo guia e ponto de partida. É claro que você pode adaptá-los para que funcionem melhor para suas preferências.

Quem tem tempo, pode fazer um roteiro por dia, com calma, parando para almoçar sem pressa e até incluindo mais paradas em cada um. Se você só tiver um dia na cidade, pode tranquilamente emendar um no outro e cobrir tudo em um dia mais corrido. Nessa segunda opção, porém, você provavelmente vai ter que fazer um almoço mais rápido e deixar a visita aos museus de lado.

Roteiro 1

Piazza Gae Aulenti, a modernidade de Milão

Para a primeira parte, comece na Piazza Gae Aulenti, uma praça moderna, que em parte parece até um shopping aberto, mas bem agradável, com direito até a uma biblioteca de árvores.

De lá, desça o Corso Como, passando pelo Eataly (eu sempre amo dar uma passadinha neles para comprar umas delícias italianas, mesmo que tenha em São Paulo).

Em seguida, continue descendo pela Via Solferino ou pelo Corso Garibaldi. Com tempo, eu exploraria os dois, se tiver que escolher, iria pelo Corso Garibaldi, que é cheio de lojinhas lindas.

As duas ruas vao te levar ao bairro de Brera, o mais charmoso de Milão. Por lá há diversas galerias de arte, restaurantes, bares, lojas e mais. Ele não é muito grande, a minha recomendação é caminhar por cada cantinho com calma. Ali também está a Pinacoteca de Brera.

Brera em Milão
Uma ruela do charmoso bairro de Brera

Pela Rua Giuseppe Verdi você vai chegar ao Teatro Alla Scalla e a Piazza della Scalla. Dali, você acessa a super imponente Galeria Vittorio Emanuele, lar das maiores grifes e um dos principais pontos turísticos da cidade.

Uma das saídas da galeria da diretamente na Piazza del Duomo, o coração de Milão. O Duomo é a catedral de Milão e por fora é uma das construções mais impressionantes que já vi.

A visita é paga e no site oficial você pode escolher entre as diversas combinações de ingressos que podem incluir a visita à catedral, subir ao rooftop, o sítio arqueológico e o museu do Duomo. Há ainda opções que incluem um fast-pass, que dá direito a furar a fila para o acesso ao rooftop, de elevador ou de escada.

Uma opção para quem gosta de moda ou tem a curiosidade de ver a alta costura milanesa, e seguir para o Quadrilatero della Moda, que ocupa a área entre a Piazza Filippo Meda e a Via Senato.

Roteiro 2

O segundo roteiro começa na Piazza del Duomo. De lá, desça a Via Torino.

Nessa via está a Chiesa di San Satiro, que a princípio não tem nada muito especial, principalmente para quem encerra a viagem em Milão e já tiver visitado uma infinidade de igrejas. No entanto, ao se aproximar do altar você percebe uma ilusão de ótica bem interessante – não vou dar mais detalhes para não estragar a surpresa.

Siga caminhando pela Via Torino, onde você vai perceber a mudança da parte mais turística para uma área com mais cara de cidade normal, onde praticamente só moradores estarão circulando.

As ruínas romanas em Milão

Na Via Torino também estão as Colonne di San Lorenzo, ruínas romanas que trazem aquela coisa bem surreal e completamente italiana de ter algo feito há milhares de anos, casualmente no meio de uma cidade contemporânea.

Por fim, continue até Navigli, que é a região com o que restou do antigo sistema de canais usados para transporte antigamente. Navigli além de bem agradável de passear é um pedaço cheio de barzinhos e restaurantes, perfeito para terminar o dia em um happy hour.

Essa segunda parte do roteiro é mais curta do que a primeira, então se você for fazer os dois em dois dias, eu começaria este segundo dia visitando algum museu, como a Fondazione Prada, por exemplo (falo mais abaixo sobre os museus em Milão).

Navigli não é uma graça? – Foto: Pixabay

O que faltou conhecer nesses dois dias

Vou deixar aqui algumas outras dicas que não foram mencionadas porque não estão necessariamente no caminho destes roteiros, mas que podem tranquilamente ser combinadas com ele, pegando metrô.

Primeiro é o Parco Sempione, o maior na região central da cidade e que não deve faltar em um roteiro básico por Milão. Por lá não perca o Arco della Pace e o Castelo Sforzesco.

Milão Itália
Pátio interno do Castelo Sforzesco

Quem quer sentir um pouco mais da vida em Milão, pode passear na área da Città Studi, onde ficam a maior parte dos prédios da Universidade de Milão. Por isso, o local costuma ser bastante movimentado durante a semana e é uma boa opção para ver como é a vida estudantil milanesa.

Por fim, uma dica bacana para quem gosta de sair à noite, além de Brera, é a região de Porta Venezia. Por lá você vai encontrar muitos bares em uma área super LGBT friendly.

Museus em Milão, Itália

Claro que em Milão não faltam museus para você explorar. Algumas das principais escolhas são as seguintes:

Fondazione Prada

Um pouco fora do roteiro clássico, mas ainda super interessante e representativo da cultura da moda na cidade. Ele tem um impressionante prédio dourado e seu café foi desenhado pelo cineasta Wes Anderson. Wow!

Entrada: 15 euros
Funcionamento: De quarta a segunda, das 10h às 19h.

Padiglione d’Arte Contemporanea (PAC)

Em um espaço pequeno, se revezam exposições temporárias de arte contemporânea. Vale checar o que está em exibição quando você for para ver se alguma te interessa.

PAC Milão Itália
Exposição no PAC em janeiro de 2023

Entrada: 8 euros
Funcionamento: Consultar o horário de funcionamento de acordo com cada exposição.

Pinacoteca de Brera

No coração do bairro mais simpático de Milão, a Pinacoteca de Brera tem obras clássicas e uma das mais importantes coleções de arte italiana.

Entrada: 15 euros
Funcionamento: De terça a domingo, das 8h30 às 19h15

Onde comer em Milão

Diz-se por aí que a culinária milanesa não se destaca pelas massas, como no resto da Itália. Eu ainda acho que você consegue comer ótimas massas por lá, porque afinal você ainda estará na Itália. De qualquer forma, vou destacar algumas outras coisas, bem especiais de Milão:

Panificio Luini

Para comer deliciosos panzerottis, um salgado que parece um pouco com uma empanada. A fila é grande, mas anda rápido.

Comendo panzerottis em frente ao Duomo de Milão

Pizza AM

Na Itália, pizza é sempre uma boa ideia. Na Pizza AM você encontra as clássicas pizzas individuais que são enormes. Além da comida deliciosa, o ambiente é super cool e muito frequentado por milaneses. Chegue assim que abrir se não quiser pegar fila para conseguir sentar.

All’Antico Vinaio

Casa de focaccia de Florença tem unidades aqui. Se seu roteiro não incluir Florença ou não quiser enfrentar as filas da original, a qualidade das casas de Milão é a mesma, assim como o cardápio.

Nonloso

Se tem umas coisas que os italianos fazem bem é petiscar. Em muitos bares pelo país é possível pedir um drink e ganhar de cortesia algumas coisas para beliscar. Isso é o que eles chamam de “aperitivo”. É o caso do Nonloso, mas nesse lugar, um drink te rende um verdadeiro jantar, de tantas opções de petiscos que você tem para pegar ilimitadamente de um buffet.

Bate e voltas de Milão

Milão está muito bem conectada com o norte da Itália, então você pode aproveitar sua estadia na cidade para conhecer outros lugares da região. Algumas boas opções de bate e volta são:

Turim

A apenas 1h10 de trem de Milão, Turim está ao pé dos Alpes e é conhecida pelo seu requinte, que se mostra tanto na arquitetura, quanto na gastronomia. Essa é uma cidade que não costuma constar nos roteiros italianos básicos, então com dias sobrando em Milão, pode ser uma boa oportunidade de ir além do básico no país.

Verona

O cenário de Romeu e Julieta também está perto de Milão. A viagem leva de 1h30 a 1h50, a depender do trem que você pegar. Um dia e o tempo ideal para explorar o centro medieval da cidade onde está a famosíssima Casa de Julieta.

Bérgamo

Bergamo fica a apenas 1h de Milão e na verdade é la que esta um dos principais aeroportos classificados como milaneses. Se tiver um voo à noite, pode ser uma boa ideia ir à cidade mais cedo para explorar a simpática Citta Alta, cercada de muralhas.

Como

Para os amantes da natureza, o Lago de Como é uma boa escapada da grande Milão. O famoso lago é enorme, mas uma de suas entradas, a cidade com o mesmo nome, está 1h ao norte de Milão.

Mitos e verdades sobre Milão, Itália

Galeria Vittorio Emanuelle Milão
Todo o glamour da Galeria Vittorio Emanuelle – Foto: Pixabay

Não tem nada pra fazer em Milão – mito

É muito comum ouvir por aí que não tem nada para fazer em Milão. Porém, eu considero isso um grande mito. De fato, essa não é uma daquelas cidades em que você pode ficar semanas e sempre terá algo novo para conhecer. Mas é até absurdo acreditar que um lugar tão grande e efervescente não tem nada de interesse para entreter por mais de um dia.

Na minha opinião, Milão é daquelas cidades que para conhecer o melhor que ela tem a oferecer, tem que fuçar e, principalmente, contar com dicas bem locais, realmente viver a cidade e fugir do básico do turismo, que é invariavelmente abarrotado e superficial, por vezes até “plastico”.

Eu tenho uma teoria de Milão que é que o problema que as pessoas têm com a cidade é causado por expectativas frustradas. Por ter grandes aeroportos, é comum que Milao seja a porta de entrada ou saída da cidade. Se você já passeou pela Itália inteira e chega a Milão, vai comparar e achar que não tem graça em relação ao que viu antes. Se desembarcou direto lá, pode se frustrar por não ser o que você esperava da Itália. E com isso, puxo o próximo tópico…

Não parece Itália – exagerado

Vista do Duomo de Milão Itália
Vista da praça do Duomo de Milão

Milão não se parece em nada com Roma, Veneza ou Florença, por exemplo. Também não tem o aspecto bucólico da Toscana, ou o frescor da Sicília. Milão e a São Paulo da Itália. E assim como a capital paulista, não se compara ao resto do país e pode ser dura de início.

No entanto, isso não significa que Milão não parece Itália, necessariamente. Pelo contrário, Milão adiciona complexidade à Itália, mostra uma nova faceta do país. Um lugar muito mais cosmopolita que os outros, mas ainda assim com o calor e a bagunça tradicionalmente italianos. Cheguei lá depois de meses morando na Inglaterra e me senti abraçada ao ver atendentes falando alto e cantando em uma lanchonete.

Milão é a capital da moda – verdade, mas

A relevância da moda em Milão é incontornável. Como mencionado lá em cima, alguns dos principais pontos turísticos inclusive giram em torno disso. Porém, uma coisa que achei muito interessante perceber na minha última visita a cidade é que quando se fala de moda em Milão nossa tendência é pensar nas grandes grifes, mas a moda está por toda parte.

Para mim, mera mortal sem dinheiro – ou sequer interesse – para o nível Dolce e Gabbana de moda, o mais bacana foi explorar as lojas de marcas locais e independentes, principalmente em Brera e ao longo do Corso Garibaldi. Há uma infinidade de coisas interessantes, inovadoras e de muita qualidade. Se é algo que te interessa, não deixe de explorar a moda milanesa além do quadrilátero da moda.

Leia também: No final, é tudo sobre pessoas

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