Roteiro de 3 dias em Cusco
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A 3.326 metros acima do nível do mar, a simpática cidade colonial de Cusco (ou Cuzco) é um ótimo ponto de boas-vindas ao espírito andino e o melhor lugar para fazer uma boa aclimatação. E isso pode fazer toda a diferença para você apreciar Machu Picchu e o Vale Sagrado sem sofrer de mal de altitude, por lá conhecido como “sorochi”. Ainda mais se pensa em fazer alguma das caminhadas, como a Trilha inca, Salkantay ou Lares.
De 2 a 3 dias em Cusco é o tempo ideal para se adaptar à altitude. A melhor época para visitar a região vai de abril até outubro, quando as temperaturas despencam, mas o tempo costuma ficar firme e sem chuvas. Claro que há beleza o ano todo.
Cusco é pequena a ponto de permitir percorrer tudo a pé, mas grande o suficiente para revelar mistérios escondidos por séculos de história e às vezes incógnitos aos olhares mais distraídos. Intercale as andanças com muita água, chá de coca e, principalmente, muito descanso. Preparamos um roteiro para você descobrir a cidade e acostumar seu corpo a menos oxigênio, mas alimentando bem sua alma viajante.
O primeiro dia em Cusco: pisando manso
Atrações do dia
Comece devagar e descubra primeiro a Plaza de Armas, o coração do centro. Dominada pela surpreendente catedral, de 1559 – não deixe de visitá-la, ainda que cara. Bem ao lado, da torre da Igreja da Companhia de Jesus é que se tem a melhor foto da praça (dica: prefira a luz matinal ou do entardecer).
A outra metade da praça é cercada por arcadas, que abrigam restaurantes e lojas caras, além de alguns bares e baladas. A praça vai ser o seu lar em Cusco, acredite.
Para economizar vale a pena adquirir os dois “boletos” para visitar a maior parte dos monumentos e museus da cidade e dos arredores. O boleto turístico (130 soles ou R$ 130; à venda nesse site), vale para os 17 principais sítios arqueológicos de Cuzco e do Vale Sagrado.
Já o boleto religioso (50 soles ou R$ 50) dá entrada em todas as igrejas de Cusco e aos Museus Quijote e de Arte Religioso e pode ser comprado nas bilheterias destas atrações. Sem isso, tudo vai parecer muito mais caro.
Para comer
Da catedral suba até a pequenina Plaza del Centenário e almoce uma comida típica peruana no Chihuanhuay (Calle Cuesta del Almirante, 260). Atravesse a rua e faça a digestão mergulhando fundo na cultura pré-colombiana no Museo Inka, na chamada Casa do Almirante, com uma linda coleção de peças de metal, joias e múmias (ingresso 10 soles ou R$ 10).
Para agitar
Na primeira noite não faça agito, volte para o hotel e descanse. Mas se ainda tiver fôlego e apetite, um jantar no La Bodeguita, restaurante todo decorado com chapéus e dentro do Hotel El Mercado Tunqui, vale a pena. Prove a truta com vegetais salteados (36 soles ou R$ 36) ou os bombons de mignon recheados com queijo andino (42 soles ou R$ 42). De sobremesa, um pastel de milho banhado em três leites com creme de maracujá (20 soles ou R$ 20). Tenha uma ótima noite de sono. Bom descanso.
O segundo dia em Cusco: entrando no clima
Atrações do dia
Tomara que consiga uma boa noite de sono e tome um café da manhã reforçado. A Igreja de São Francisco foi uma das poucas que resistiram ao forte terremoto de 1650 e também uma das poucas gratuitas. Logo ao lado, o museu São Francisco (8 soles ou R$ 8) abriga uma das maiores pinturas do continente, com 12 por 9 metros, com a árvore genealógica de São Francisco de Assis, fundador da ordem. É bem legal.
Ande pela Avenida El Sol até o Qorikancha (ingresso 10 soles ou R$ 10). As ruínas do tempo mais rico do império inca, com 55 quilos de ouro maciço, revelam hoje apenas o fascinante trabalho em pedra. Contrate um guia, pois só assim será possível compreender a relevância do lugar.
Para comer
O Mercado San Pedro, o maior e mais tradicional de Cuzco. Talvez meu lugar favorito na cidade, com mil e uma variedades de milhos e batatas dos Andes. Melhor lugar para comprar folha de coca fresca para mascar e aliviar, e muito, os efeitos da altitude. Se quiser sentir-se como um local, peça ao vendedor uma “lifta”, composto feito com cinzas de uma árvore que potencializa a coca na boca. Não, não é viciante. E prove um sanduíche de frango na barraca que te parecer mais higiênica. Ir baixando seus padrões de higiene é uma boa para evitar frustrações.
Para agitar
Ao anoitecer, o Planetário de Cuzco (35 soles ou R$ 35) é uma experiência enriquecedora e que dará a dimensão da relevância dos astros para os povos pré-colombianos. Entenda como o próprio desenho da cidade foi influenciado pelas galáxias. Se não quiser contar estrelas e já se sentir bem aclimatado, arrisque-se no pisco sour (o drinque típico do Peru) em baladinhas espalhadas pela Plaza de Armas, como Mama África e Inka Team.
O terceiro dia em Cusco – Quase um inca
Atrações do dia
Depois da já clássica boa noite de sono, um dia mais comprido, com menos atrações e mais andanças. Do lado direito da Catedral começa a Calle Hatunrumiyoc, que sobe vagarosamente por três quadras até a Plaza San Blas. Pequenina e feita de adobe, a igreja que dá nome à praça e ao bairro mais charmoso de Cuzco surpreende. Geralmente uma feirinha toma conta da praça, revelando a faceta artística do bairro, com muito artesanato e telas expostos.
Caminhe pelas vielas até o Museu de Arte Religioso (15 soles ou R$ 15), que funciona numa bela mansão colonial em estilo mourisco erguida sobre as fundações do antigo Palácio de Inka Roca. Além das pinturas e estátuas católicas, fique atento à famosa Pedra de 12 lados, do lado de fora do casarão e sempre cobiçada pelos turistas.
Se estiver realmente podendo, seu teste final é uma subida de uma meia horinha até o sítio de Sacsayhuaman. De extrema importância arqueológica para a cidade, era a grande fortaleza inca que protegia Cusco. Mas até mesmo em ruínas, lindíssimas, por sinal, dá para admirar a beleza do lugar. Aliás, a vista de lá de cima é um escândalo.
Para comer
Quando a fome bater, procure pelo Restaurante Cicciolina na Calle Triunfo. Localizado no segundo andar de um prédio do século 19, chama atenção pela decoração. Logo na sequência, é pelo estômago que você será atraído. Entre as delícias, o prosciutto de pato com polenta caseira e a lula recheada com mariscos e camarões, que vem à mesa no ponto, mesmo na altitude (ambos por 27 soles ou R$ 27).
Para agitar
A prova final de aclimatação em Cusco é um teste que mescla história e resistência etílica. O Museu do Pisco dá a chance de conhecer a origem da bebida, disputada por Peru e Chile, e de degustar algumas boas versões do famoso destilado de uva. Se estiver bom no dia seguinte, pode ter a certeza de que está pronto para Machu Picchu, com ou sem trilha.
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