Roteiro Ushuaia: aventuras e contemplação para 5 dias
Atualizado em:
O nome é daqueles míticos U-shu-a-ia. A cidade do Fim do Mundo. Soa bem forte, não? Autodenominado o mais austral centro urbano do mundo (na real um dia você vai descobrir que Puerto Williams, no Chile, é mais ao sul, mas tudo bem), a cidade guarda um charme ímpar, somada a uma beleza realmente monumental. Espremida entre os Andes e o célebre Canal de Beagle, Ushuaia preserva sua tradição de ponto de partida para as grandes explorações antárticas e também como parada de cruzeiros que percorrem os canais chilenos e barcos que cruzam do Pacífico para o Atlântico, e vice-versa. Afinal, estamos em plena Terra do Fogo, na região patagônica argentina, com uma série de tradições e belezas muito particulares.
Quando ir a Ushuaia?
No inverno (de junho a setembro) faz muito frio e venta muito, como se pode supor, mas também há lindos dias ensolarados. A estação de esqui de Cerro Castor é uma das mais procuradas da Argentina por contar com neve fresca e nevascas bastante recorrentes. Já entre a primavera, o verão e o comecinho do outono, dá pra aproveitar para conhecer outros aspectos da região. De outubro até abril, caminhadas pelas motanhas e parques, navegações pelo Beagle e outras atividades ao ar livre são muito bem-vindas.
Como ir a Ushuaia?
A Aerolineas Argentinas tem voos diários (ida e volta) partindo de Guarulhos, com conexão em Buenos Aires, a partir de R$ 1.700. Já a Latam conta com voos também diários (ida e volta) saindo de Guarulhos, a partir de R$ 1.625. A partir de El Calafate (onde está o famoso Glaciar Perito Moreno), dá 1h15 de avião na Arolineas ou 12 horas de ônibus até Rio Gallegos e mais 4 horas até El Calafate pela empresa Taqsa.
O que visitar na cidade?
A cidade é de tamanho médio, com 65 mil habitantes, mas tem espírito grandioso. Deve ser o Monte Olivia e Dos banderas, além dos outros cerros que a cercam. Toda a orla do Canal de Beagle, com a Praça dos Veteranos das Malvinas, o Cassino e o Porto, dão um aspecto quase praiano ao extremo sul do planeta. Com um pouco de sol no verão e pouco vento, dá para ficar até de camiseta numa boa. Por via das dúvidas, leve muitos casacos.
A Avenida San Martín é a principal do centrinho. Ali você vai andar por muitas lojinhas de souvenir, os mais bacanas são mapas da região, canecas e outros itens do “fim do mundo” e a cerveja Beagle, produzida na cidade (a de mel é incrível!). No número 674 fica o Centro de Informações Turísticas de Ushuaia, um bom ponto de partida para pegar um mapinha da cidade, algumas dicas de restaurantes e começar a pensar seus passeios.
Zanzando pela San Martín, você encontrará lojas com roupas de inverno caso as suas não deem conta do frio, assim como bons restaurantes, como o Kuar, que serve a famosa centolla, o carangueijo gigante, gratinada. No Restaurante Casimiro Biguá peça uma massa ou um cordeiro patagônico.
Museus na cidade de Ushuaia
1- Museu Maritimo
Lá no fim da San Martín, o imenso prédio do antigo presídio abriga quatro museus. O Museu Marítimo é um ótimo ponto para entender a relevância deste ponto do planeta para a navegação. Eu achei demais conhecer todos os navios que naufragaram aqui e porque a descoberta da conexão entre os oceanos Atlântico e Pacífico foi tão importante. Maquetes, fotos e ricos mapas históricos explicam um pouco da importância de Ushuaia para quem navega.
2- Museu do Presídio
Coladinho ao do mar, está o mais famoso museu local, o Museu do Presídio. Outra das alas do prédio que abrigou a prisão do Fim do Mundo, ativa de 1920 até 1947, hoje exibe narrativas sobre os difíceis tempos e a penitência árdua de cumprir pena num lugar tão frio e inóspito. Como só cumpriam pena aqui presos extremamente perigosos e condenados à prisão perpétua, a energia do lugar por vezes é pesada. Mas algumas histórias inusitadas, de fugas e jeitinhos, dão uma aliviada no clima. Esse já foi um dos lugares mais malditos do mundo.
3- Museu de Arte Marinha e Museu Antártico
Completam o acervo o Museu de Arte Marinha, com adornos de barco e trabalhos artesanais. E o Museu Antártico, com registros das sagas expedicionárias no continente gelado, além de alguns animais empalhados – é o melhor lugar para aprender sobre pinguins e outras aves que você avistará vivinhas durante os passeios.
Passeios em Ushuaia: Canal de Beagle
Como eu estava em um veleiro durante minha estadia em Ushuaia, fiz esse passeio de um jeito diferente. Mas tem muitas empresas que levam para navegações pelo canal, batizado com o nome do HMS Beagle, navio que levava a bordo exploradores como Charles Darwin.
Há paradas em diferentes pontos, portanto é preciso entender bem qual será o roteiro do seu passeio. Os passeios duram entre 2h30 e 4h30, custando entre US$ 60 e US$ 90 e as principais empresas que oferecem o serviço estão a Tolkeyen, a Piratour e a Canoero.
A Ilha dos Pássaros reúne a maior concentração de aves da região, com ninhos de inúmeras espécies. Já na Ilha H algumas empresas oferecem caminhadas, com ângulos privilegiados e vistas dramáticas. Por fim, a Ilha Martillo, mais conhecida com Pinguinera, é um famoso ponto de reprodução de pinguins durante o verão, com casais de diversas espécies, mas ao longo do ano é possível ver alguns casais perdidos que moram permanentemente ali.
No caminho até o Farol Les Éclaireurs, mais conhecido como Farol do Fim do Mundo, é possível avistar inúmeras espécies de aves, entre pinguins-de-magalhães, atobás, biguás e petréis. Sem dúvidas, um passeio que agrada adultos e principalmente crianças.
Entre as principais espécies de mamíferos, as baleias-de-bryde chamam muito a atenção. Em algumas épocas do ano é possível avistar baleias francas e jubartes também. Mais ariscas, as orcas dão uma emoção especial quando aparecem para os visitantes.
Exibicionistas e fofas, as toninhas costumam nadar na frente e ao lado do barco. Esse golfinho pequenino todo manchado de branco e preto é um dos visitantes mais frequentes do Beagle.
Curiosos e aparecidos, os leões-marinhos podem andar em bandos ou solitários. Vêm sempre investigar de perto o barco e seus ocupantes, dando saltos divertidos e atraindo as câmeras. A Ilha dos Lobos é o principal ponto de observação, ainda que possam ser vistos em todos os cantos.
Passeios em Ushuaia: Parque Nacional da Terra do Fogo
Que preciosidade esse lugar, cada baita paisagem, um primor obrigatório e de fácil visitação. Ainda que tenhamos visto meio correndo, achei impressionante. É possível ir de taxi desde o centro (custou uns R$ 200, por umas 3h30 dentro do parque), mas talvez o mais bacana seja contratar um tour, porque explicações engrandecem a experiência.
Entre as empresas que fazem o tour, a Ushuaia Extreme, a mesma Piratour e a Tolkeyen, com preços que começam em US$ 90 e vão até US$ 250, em opções que podem incluir desde apenas a visita com van até trekkings e percursos de canoas, totalizando até 9 horas de passeio. Ou seja, vai depender do bolso e da disposição.
Eu não fiz o passeio do Trem Austral Fueguino, mais conhecido como o Trem do Fim do Mundo porque me foi altamente desrecomendado por ser caro (US$ 48 por 1h50 de passeio) e insosso, além de percorrer trechos sem grandes vistas de destaque. Mas vi o simpático trenzinho parado ali e valia uma foto. Se couber no seu orçamento, não hesite.
A primeira parada é na Bahia Ensenada, que desce até a costa do Canal de Beagle. Os olhos já se arregalam com a paisagem, tendo à frente as Ilhas Estorbo e Redonda. Um pontão incrivelmente cênico abriga a agencia postal mais austral do mundo, também conhecida como o Correo do Fim do Mundo. Mandar um postal pra família dali é um daqueles clássicos de Uhsuaia – você ainda pode pedir um carimbo especial no passaporte.
Todo cercado por bosques de lengas e turbais, o Lago Roca esbanja beleza com seus 5,5 quilômetros quadrados de águas congelantes, de origem de degelo de glaciar. Ali há um centro de visitantes super bem estruturados. Entre uma chuva e outra, um arco-íris deu as caras.
Por fim, recomendo demais a curta caminhada até o mirante da Bahia Lapataia. Por apenas 20 minutos sobe-se um caminho repleto de arvores e campos com a chance de avistar belas espécies de aves locais. Lá de cima a vista é sensacional!
Passeios em Ushuaia: Cerro Martial
Um dos pontos mais conhecidos de Ushuaia abriga a geleira homônima e, durante o inverno, uma estação de esqui. Eu estive lá e abril, portanto nada de esqui – me disseram apenas que a estação de Cerro Castor oferece infraestrutura de pistas mais completa. Fora do inverno é possível chegar lá em cima de teleférico (80 pesos; usado também pelos esquiadores) ou caminhando, enfrentando uma subida íngreme, mas muito boa para se exercitar. Há agências que oferecem o pacote com guia, mas é possível ir sozinho, informe-se no Centro de Turismo (Av. San Martín, 674).
Há neve e gelo durante boa parte do ano, portanto é preciso tomar cuidado na caminhada. Não estava com os pés em boas condições por isso não fiz a caminhada, mas meu amigo Tiago Scanavacca fez, e com essas fotos me convenceu de que é muito bonito mesmo. Lá de cima, a vista alcança toda a cidade e o Canal de Beagle, um desbunde.
Passeios em Ushuaia: Laguna Esmeralda
Outra trilha clássica de Ushuaia, o percurso até a Laguna Esmeralda leva até esse belíssimo e autoexplicativo lugar. Com duração total de 6 horas (ida e volta), são duas para chegar, percorre 9,4 km, em um trecho repleto de bosques e riozinhos. A cor da água é surpreendente e única, vem do descongelamento do glaciar Ojo del Albino e pode até congelar no inverno. Algumas agências como a Ushuaia Extremo oferecem tours guiados com um almoço farto, mas é possível faze por sua própria conta numa boa.
Vai a Ushuaia e deseja conhecer também El Calafate?
Veja dicas de El Calafate aqui
Felipe Jesus
Não acredito que vc não fez o passeio do trem do fim do mundo, amei o trem, lugares lindo e complementa o passeio ao museu do presídio, pois os presos ali condenados usavam esse trem para ir até o local onde haviam as árvores a fim de derruba-las e trazer no trem para a cidade e construir as casas e o comércio local, eles ainda preservaram uma área desmatada em memória aos primeiros habitantes do local e para contar uma parte da história da fundação da cidade. Essa parte da Argentina precisava ser habitada para demarcar território, e esse presídio foi construído no intuito de desmarcar território Argentino e os primeiros habitantes eram os presidiários que ao cumprir pena ali ajudaram a crir a cidade, ai da que involuntariamente, esse passeio eu super recomendo.