Comidas típicas do Pará: o que e onde comer em Belém


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Poucos lugares no Brasil têm uma culinária tão forte e típica quanto o Pará. Nos últimos anos, a gastronomia paraense tem se expandido um pouco mais Brasil afora, mas se você ainda está um pouco perdido, este texto é para entender quais comidas típicas do Pará você não pode deixar de comer e onde degustar essas iguarias na capital do estado.

As bases da culinária paraense

Antes de mais nada, cabe explicar quais são as principais bases que você encontrará nas comidas típicas do Pará, para que você saiba o que esperar. Nos principais pratos, há sempre uma presença marcante de um (ou todos) desses ingredientes: mandioca – em variadas formas – e jambu.

Por lá você também vai encontrar bastante peixe, principalmente de rio, e camarão. Vale apontar também que Belém não é o lugar mais amigável para vegetarianos. Quando estive na cidade, fiquei na casa de uma amiga vegetariana e ela me relatou que tem bastante dificuldade de encontrar opções sem carne por lá e acaba comendo as mesmas coisas sempre que sai.

Leia também: O que fazer em Belém do Pará: passeios, dicas e roteiro

Comidas típicas do Pará

comidas típicas do Pará tacacá
O Tacacá é o prato que caiu na boca do povo graças à Joelma

Tacacá

Começando por ele, o que foi eternizado na voz de Joelma: tacacá. O tacacá é um prato de origem indígena que consiste em um caldo de tucupi (explico melhor o que é isso jajá), goma de tapioca e jambu, e é servido quente em uma cuia, com camarão seco. Toma-se o caldo levando a cuia até a boca e usa-se um palito para espetar o camarão e enrolar a folha de jambu.

Jambu

O resto do país conhece o jambu quando ele vem na forma de cachaça (o jambu treme!), mas no Pará o jambu é consumido também de outras formas. A folha é uma verdura mesmo, que entra como acompanhamento ou base de uma série de pratos típicos do Pará. Quando cozida, ela até treme, mas beeem pouquinho, é na cachaça que essa função se potencializa.

Maniçoba

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A maniçoba não é bonita, mas é bem gostosa – Foto: Bruna Brandão – MTUR

A maniçoba é outro prato de origem indígena, este feito com as folhas da mandioca-brava, que precisam ser cozidas por sete dias para que seja neutralizada uma substância tóxica. A maniçoba é conhecida como “feijoada sem feijão”, porque as folhas são misturadas com um refogado de várias carnes – e a apresentação é de um caldo escuro. Não vou mentir, a aparência da maniçoba não é muito boa, mas o sabor é surpreendentemente gostoso.

Peixe ou pato no tucupi

O tucupi é um líquido amarelo extraído da raiz da mandioca-brava (olha ela aí de novo) e temperado com jambu (viu!). Esse líquido é usado em uma série de pratos, como no tacacá que mencionei acima, mas ganha destaque quando associado a carne de pato ou de peixe para fazer um ensopado.

Arroz paraense

Já falamos muito de tucupi e jambu por aqui né? Pois bem, o arroz paraense nada mais é do que o encontro dessas duas iguarias com arroz. O prato é comumente servido com camarão, mas se você não quer, não gosta ou não pode comer camarão, pode comê-lo com peixe ou sem nada mais.

Açaí

Açaí doce Pará
O açaí em sua versão doce, com farinha de tapioca

Claro que não podia faltar ele! Você provavelmente já ouviu dizer que o açaí do Pará é diferente do que o que se come no resto do Brasil. E é mesmo, bastante. Primeiro porque nos estados que não produzem o fruto o açaí chega em polpa e congelado, o que já muda bastante a textura. Mas é diferente principalmente por causa dos acompanhamentos. Enquanto em São Paulo, por exemplo, toma-se açaí que nem sorvete com banana, no Pará o açaí acompanha peixe frito.

Se você cresceu tomando açaí como sobremesa ou vitamina, soa muito estranho colocar um peixe frito junto. Mas garanto que na boca não tem nada de esquisito. O açaí paraense além de não ser gelado como o do resto do Brasil, não é misturado com extrato de guaraná nem nada que o deixe doce.

Na hora de comer, a etiqueta é peixe no prato, açaí na cumbuca, e os dois não se misturam. Você dá uma garfada de peixe com arroz, vinagrete, farofa, e uma colherada de açaí. Sozinha no restaurante, eu coloquei o açaí por cima do peixe, como se fosse um molho. Quando a garçonete veio me perguntar se eu precisava de mais alguma coisa, viu meu prato roxo e levou um susto! Eu achei graça, principalmente porque ela foi muito educada e me explicou como eles geralmente fazem.

Se você for vegetariano, pode comer o açaí com arroz paraense (sem camarão), por exemplo, para não perder de experimentar essa iguaria. E se mesmo assim não se convencer pelo açaí salgado, calma que os paraenses também têm uma opção pra você! Para eles, o açaí também é sobremesa, basta colocar açúcar ou adoçante e polvilhar farinha de tapioca.

Guaraná

comidas típicas do Pará Guaraná
Eu pedi o guaraná sabor morango. Achei bem gostoso, mas muito grande e um pouco enjoativo, melhor dividir!

Não estou falando nem do refrigerante, nem da fruta. O guaraná paraense é como uma super vitamina. Ele é feito com castanha de caju torrada, amendoim torrado, leite em pó, gelo e, claro, guaraná (em pó e em xarope). A essa mistura pode se adicionar uma série de sabores, como banana, chocolate, morango…

Para experimentar essa iguaria, o local mais adequado em Belém é a Praça Brasil, no bairro de Umarizal. Lá vários carrinhos de guaraná ficam lado a lado esperando a freguesia.

Taperebá

Essa recomendação vai parecer estranha para boa parte dos leitores do Brasil, mas como grande parte da nossa audiência é sudestina, como eu, vale explicar. Taperebá é uma fruta que Brasil afora recebe outros nomes – o mais conhecido talvez seja cajá. Ela é da mesma família da seriguela e no Pará aparece bastante como suco.

Antes de ir, minha mãe, que já conhecia o Pará, me recomendou que eu tomasse suco de taperebá sempre que possível e ela não podia estar mais certa. Eu amei amei amei e não perdi uma oportunidade.

Bacuri

Bacuri é mais um fruto que não é só encontrado no Pará. Amarelo por fora e branco por dentro, o bacuri é muito utilizado para sucos e doces. O doce de bacuri, que é como um creminho, é bem fácil de encontrar por lá e vale experimentar.

Bônus: búfala

Milanesa de Búfala Pará Marajó
Que delícia a parmegiana de búfala que comemos em um quiosque da praia em Marajó

Se sua viagem a Belém inclui também alguns dias na Ilha de Marajó (o que eu fortemente recomendo), você vai inevitavelmente se deparar com um grande número de búfalos. Os animais estão na ilha desde o século XIX e são de estimação, montaria e também origem de leite e derivados e de carne.

A carne de búfala é bem parecida com a de vaca, mas um pouco mais forte. O queijo todo mundo conhece, mas em Marajó faz-se também outros derivados do leite, como doce de leite de búfala, mais suave que o de vaca. Vale experimentar tudo!

Veja também: Restaurantes de museus de São Paulo: conheça os 8 melhores

Onde comer comidas típicas do Pará em Belém

Remanso do Peixe

Remando do Peixe Belém do Pará
Olha a entrada do restaurante, você não dá nada por ele, né?

Minha melhor experiência gastronômica no Pará de longe foi no restaurante Remanso do Peixe, do chef Thiago Castanho. O lema do local é “comida paraense de família” e isso já começa pelo ambiente, já que o restaurante fica em uma casa da família Castanho, dentro de uma vilinha. O sentimento também se traduz nos pratos, que são excepcionais. Dica: vegetarianos podem perguntar pela opção sem carne, que existe, mas não está no cardápio.

Onde comer em Belém Remanso do Peixe
Olha que charme a sobremesa servida nesse vasinho

O jantar completo não é barato, mas para um restaurante de chef não achei nada exorbitante também e definitivamente foi uma experiência que valeu a pena.

Amazônia na Cuia

Fui ao Amazônia na Cuia levada por paraenses porque, segundo eles, seria uma boa oportunidade para eu experimentar todas as comidas típicas do Pará de uma vez. De fato, o destaque do restaurante são os menus – individuais ou para compartilhar – com um pouco de cada prato típico, tudo servido em cuias (daí o nome).

Comidas típicas do Pará Amazônia na Cuia
Em sentido horário, começando do alto à esquerda: bobó de camarão, maniçoba, camarão com jambu, tacacá, vatapá e caruru

Achei a experiência perfeita para comer um pouquinho de tudo em um lugar com comida de boa qualidade. E apesar da proposta transformar o local em algo ideal para turistas, era nítido que a maioria dos frequentadores era belenense. Inclusive: se for aos finais de semana chegue cedo, porque o lugar lota.

O preço, principalmente do menu para dois, é muito bom!

Point do Açaí

Como eu disse lá em cima, em Belém o açaí é coisa séria e os paraenses são bem exigentes em relação à qualidade dele. Um indicativo é o fato de que ele deve ser bem espesso. Para não ter erro, o Point do Açaí é a melhor recomendação para você degustar um açaí com peixe frito da mais alta qualidade.

Se buscar no Google, vai ver que existem vários restaurantes com esse nome, mas o mais indicado é o “Point do Açaí – Casarão” que, claro, fica em um belo casarão, quase em frente à Estação das Docas.

Esse restaurante foi o que achei o preço mais salgado. Cerca de 100 reais para um prato individual estilo prato feito e um suco. No entanto, a comida estava realmente muito boa e era bem servida. Quem não come muito consegue dividir um prato, com certeza.

Açaí com peixe frito Pará
A cor e consistência desse açaí me deixaram hipnotizada

Mercado Ver-o-Peso

Outra recomendação para o tradicional peixe frito com açaí é completamente diferente da anterior. Quer uma experiência verdadeiramente local? Então vá ao Mercado Ver-o-Peso. Uma parte dele é exclusivamente de lanchonetes, que servem o prato no estilo PF. Lá, qualquer um é uma boa escolha, foi o que me disseram. Eu queria muito comer por lá, mas confesso que não cheguei a experimentar porque não aguentei o calor que fazia no dia e preferi ir para algum lugar com ar condicionado.

Casa do Saulo das 11 Janelas

Dentro do Espaço Cultural das Onze Janelas está o restaurante Casa do Saulo das 11 Janelas. Eu não cheguei a comer lá, mas ele foi bem recomendado e o espaço onde ele fica é uma delícia tanto para almoço ou jantar, quanto para um café ou lanche durante a tarde. Uma das vezes que passei pelas Onze Janelas foi no fim de tarde e vi que estava rolando música ao vivo no restaurante, mas, do ponto de vista de quem geralmente detesta música ao vivo enquanto come, era algo bem tranquilo e agradável.

Sorveteria Cairu

Sorveteria Cairu Belém do Pará
Encantada com meu sorvete de taperebá

Para encerrar com a sobremesa, essa dica que já está na boca do povo. A sorveteria Cairu foi eleita pelo TasteAtlas em 2023 como uma das 100 melhores sorveterias do mundo. Quando cheguei a Belém, uma amiga que tinha chegado uns dias antes disse que experimentou e não achou tudo isso. Mesmo assim, quis ver pelas minhas próprias papilas gustativas e que bom, porque achei sim delicioso!

Na minha opinião, a dica é comer os sabores de frutas locais. Primeiro tomei o de taperebá, que já contei que foi um dos meus sabores favoritos do Pará. Depois, resolvi ir no Mestiço, um clássico da casa que nada mais é do que a mistura dos sorvetes de açaí e de tapioca. Gente… morri e cheguei ao céu! Juro, foi um dos melhores sorvetes que já tomei na vida!


Tem mais alguma recomendação de onde comer as comidas típicas do Pará? Conta pra gente nos comentários!

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