Tudo sobre a Ilha do Marajó, joia do norte do Brasil


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Quem aí se lembra bem das aulas de geografia com análises do mapa do Brasil. Aquela grande ilha ao norte do país te chamava atenção também? Eu sempre nutri muita curiosidade pela Ilha do Marajó, que parecia coroar o país. Pois em outubro de 2023 resolvi honrar essa curiosidade e agora posso dizer que a Ilha do Marajó entrou fácil na minha lista de destinos preferidos no Brasil.

Ainda que o Pará tenha sofrido um boom entre os turistas sudestinos nos últimos anos, vejo que Belém e Alter do Chão acabam ficando com toda a glória. Mas depois de incluir a Ilha do Marajó no meu roteiro e me surpreender tão positivamente, me sinto na obrigação de vir aqui contar sobre esse pedacinho de céu do norte do estado.

Visitei a Ilha do Marajó com dois amigos paraenses que viajam para lá frequentemente desde pequenos, o que com certeza tornou minha experiência muito mais especial. Curti demais e tentei absorver tudo para passar da melhor forma para vocês.

Praia Ilha do Marajó Pará
As praias na Ilha do Marajó não são nada mal, né?

Vamos direto às atrações e depois que você já estiver convencido, te explico as informações práticas sobre a ilha.

O que fazer na Ilha do Marajó

Todo mundo já entendeu que eu amei, mas o que tem para fazer na Ilha do Marajó? Por que, afinal, a ilha é tão maravilhosa? De forma simples, tem praias e igarapés. Mas na minha opinião, Marajó é maravilhoso justamente por ainda ser um dos poucos destinos turísticos de praia no Brasil que não foram tomados pelo turismo predatório.

A Ilha do Marajó ainda é muito simples, rústica até. A tranquilidade reina por ali. As praias são belas, ainda que longe de serem as mais lindas do Brasil, e banhadas por um misto de rio e mar. Os igarapés já sofreram bastante intervenção humana, mas ainda é possível curtir um banho tranquilo em algum braço de rio.

De noite, você vai encontrar a vida noturna de uma cidade de interior, com lanchonetes e bares ao redor da praça principal, seja em Salvaterra ou em Soure, ou em quiosques na beira-mar. Com sorte, você consegue aproveitar uma noite de carimbó, a dança típica paraense.

Dicas de praias e igarapés na Ilha do Marajó

Praia Ilha do Marajó Pará
Como o destino não é tão popular e as praias são grandes, elas costumam estar razoavelmente vazias

Em uma primeira visita à Ilha do Marajó, o ideal será conhecer as praias que estão mais próximas das principais cidades (Soure e Salvaterra). Em Soure, a Praia do Pesqueiro e de Barra Velha são as principais. Grandes, com boa estrutura e de muito fácil acesso, elas são um ótimo ponto de partida.

Quem quer ir além e explorar duas joias do Marajó, pode pegar um barquinho (o atravessador) na Praia do Pesqueiro para ir até as praias do Céu e Cajúuna. Estas também têm grandes faixas de areia, mas como são mais isoladas ficam vazias e não possuem infraestrutura.

Já em Salvaterra, a Praia Grande é a mais urbana, mas ainda gostosa e uma boa pedida para um dia de preguiça ou uma passada rápida antes de ir embora.

Igarapé Ilha do Marajó
Igarapés são perfeitos para o pós praia

A praia de Joanes tem acesso fácil, mas já está fora do buchicho. Quando estiver por lá, aproveite para conhecer as Ruínas da Igreja Jesuíta de Nossa Senhora do Rosário. As ruínas em si não têm nada de especial, mas ficam em um cantinho de ilha com uma vista linda, especialmente no pôr do sol.

Por fim, a praia de Água Boa é uma ótima pedida porque une praia e igarapé. Cansou da areia e da água salgada? Caminhe 2 minutinhos e dê um mergulho delicioso no igarapé que fica logo atrás da praia.

E por falar em igarapé, outras opções são o Igarapé Limão, perto de Joanes, e o Igarapé Cajúuna, que fica perto da praia de Barra Velha.

Os búfalos do Marajó

Búfalos Fazenda Mironga Marajó
No Marajó não faltam búfalos

Os búfalos trazem um charme especial para a ilha. Caso você não saiba, a Ilha do Marajó é lar do maior rebanho de búfalos do Brasil, com mais de 400 mil animais vivendo lá. Há diversas explicações para o motivo dos búfalos estarem no Marajó, que vão das mais folclóricas, envolvendo um naufrágio, às mais comerciais – um fazendeiro viu potencial e trouxe os animais. Fato é que os búfalos são símbolos do Marajó e movimentam a cultura e a economia local.

Você pode encontrá-los presos, servindo de atração turística mesmo – o que eu questiono bastante. Mas também vai inevitavelmente se deparar com búfalos soltos em algum pasto ou até nas próprias cidades. Experimentar a carne, o leite e os derivados são um bônus interessante. Eles também são usados como transporte, inclusive pela Polícia, e em artesanatos – seja como inspiração ou matéria-prima (no caso os chifres e o couro).

Não deixe de conhecer a Fazenda Mironga, onde há produção de leite de búfala e derivados. Ali, os produtos ficam expostos em uma cabana e para comprar basta deixar o dinheiro na caixinha ou passar o cartão. Não há vendedores, é tudo na base da confiança.

Fazenda Mironga Marajó Pará
Na Fazenda Mironga é tudo na base da confiança

Artesanato no Marajó

Lembra que eu disse que o couro dos búfalos é usado para artesanato? Pois bem, é possível visitar curtumes onde são feitas as coisas que usam a pele dos animais. Em Soure, uma dica é o Curtume Art Couro Marajó.

Além das coisas feitas a partir do búfalo, outro tipo de artesanato tradicional na ilha é a cerâmica marajoara, de origem indígenas e com algumas características bem marcadas (leia mais sobre isso aqui).

Para ver um pouco de tudo que é produzido na ilha, visite a Casa do Artesão de Salvaterra.

Como ir para a Ilha do Marajó

Balsa Ilha do Marajó Pará
Tentativa de foto na balsa a caminho do Marajó. A brisa foi divina, mas o balanço não sustentou o modo noturno do celular

Para chegar à Ilha do Marajó a partir de Belém, que é o caminho mais comum, é necessário pegar um barco. Há duas opções: uma balsa com lugar para passageiros e veículos que dura 3 horas e meia, e uma lancha que faz o trajeto em 1h30 ou 2 horas.

Vamos destrinchar cada uma das opções. A primeira, o barco lento, sai do porto de Icoaraci, que fica bem ao norte de Belém, e deixa no terminal de Camará – de lá são mais cerca de 30km até Soure, a principal cidade. Esta é a única opção para quem vai de carro (confira os valores no site). Os veículos ficam estacionados e os passageiros viajam na parte superior, onde tem cadeiras, televisões, uma área aberta e uma lanchonete.

Eu viajei dessa forma e achei bem agradável. Mesmo sendo feriado, a balsa estava longe de estar cheia e saiu super pontualmente (eu inclusive quase perdi porque meu uber se atrasou). Quem tem tendência a enjoar em barco, tome aquele remedinho para garantir. Apesar de ser um trajeto de rio, na volta o barco balançou muito e eu passei um pouco mal.

Balsa Travessia Marajó Belém
Carga especial no transporte de volta da Ilha do Marajó para Belém

A segunda opção, a lancha rápida, é mais confortável, com ar condicionado, e sai do Terminal Hidroviário de Belém, que fica em uma região muito mais central e acessível para os turistas. Além das passagens serem mais caras (veja o preço no site), essa lancha serve apenas para quem não vai de carro.

No caso da lancha rápida, você pode escolher se desce em Camará ou direto em Soure, o que é um grande facilitador.

Leia também: O que fazer em Belém do Pará: passeios, dicas e roteiro

Onde ficar na Ilha do Marajó

A Ilha do Marajó é enorme e dentro dela há 16 municípios – e outras tantas vilas. Algumas delas, sequer são acessíveis vindo de Belém do Pará. Para o viajante iniciante, é importante conhecer três destes lugares: Soure, Salvaterra e Joanes.

Soure é o principal município do Marajó e é o mais recomendado para hospedagem. Por isso, é lá também onde os hotéis e pousadas são mais caros. Vou falar mais disso para frente, mas se deslocar no Marajó não é simples, então lembre-se disso antes de escolher pelo preço e descartar Soure.

Praia Pesqueiro Marajó Pará
Na Praia do Pesqueiro há vários desses quiosques com redes para relaxamento completo

Logo atrás de Soure vem Salvaterra, que é outro município bem pertinho, porém de um lado diferente do rio em relação a Soure. Eu fiquei hospedada em Salvaterra e gostei muito. Como estávamos de carro, conseguimos nos deslocar bem e não achei que perdeu muito no quesito atrações em relação a Soure.

Por fim, buscando hotéis você vai ver que há muitas opções de hospedagem também em Joanes. Ela é uma vila que pertence ao município de Salvaterra, mas já bem mais isolada. Confesso que eu amei Joanes, achei uma delícia, mas essa é a opção ideal para quem quer se distanciar mesmo da civilização e descansar. Também considero que para ficar ali é indispensável estar de carro.

Quando ir e quanto tempo ficar

Ruínas Joanes Ilha do Marajó
A vista das Ruínas em Joanes é linda e perfeita no pôr-do-sol

No Marajó faz calor o ano todo, mas antes de marcar sua viagem atente-se aos períodos de chuva. De dezembro a maio, mais ou menos, é o período do chamado “inverno amazônico”, quando chove mais intensamente. Portanto, melhor evitar estes meses para garantir a praia em dias mais secos.

A ilha é enorme e você pode passar uma vida visitando e ainda ter coisas novas para conhecer. Isso também depende de quanto você quer descansar nas praias e igarapés. Mas vamos lá, três dias é um bom tempo para começar. Este foi o tanto que fiquei e fui embora definitivamente com gostinho de quero mais, mas com a sensação de ter tido alguma noção da ilha.

Acho besteira passar menos de dois dias no Marajó. Como o deslocamento é longo (ou caro, para quem vai de barco rápido), se o tempo por lá for muito curto não vai valer a pena a viagem. Quem vai sem carro ou em grupo grande deve optar por mais tempo, pelo menos quatro dias.

Como se deslocar no Marajó

Praia Ilha do Marajó
Não é de se apaixonar?

Ali acima eu disse que não é fácil se deslocar pelo Marajó. Isso se deve ao fato de as coisas serem afastadas e não existir transporte público. Não dá para caminhar entre vilas ou até a maioria das principais praias. Quem vai sem carro, ou fica restrito a vila onde se hospedou ou usa moto táxi.

Uma exceção para essa regra é a hora da chegada da balsa. Ao desembarcar no Porto de Camará você dará de cara com várias vans que ficam ali esperando para levar as pessoas até as vilas.

Na minha opinião, a melhor forma de se deslocar no Marajó é de carro. Mas você não vai encontrar lugares para alugar por ali. Alugue em Belém e venha com ele na balsa. O valor da balsa sobe bem quando se inclui o carro, mas vale a pena considerando a liberdade que você terá.

Dicas extras para a Ilha do Marajó

Praia Joanes Marajó Pará
A Praia de Joanes é ainda mais calma do que as de Soure ou Salvaterra

Antes de terminar, cabe abordar mais duas coisas sobre a viagem à Ilha do Marajó. A primeira é sobre onde comer: no Marajó, a boa para o almoço são os quiosques das praias, que servem tanto porções, quanto pratos feitos. De noite, há opções diversas, mas não espere encontrar restaurantes requintados, tudo por ali é simples.

A segunda dica é: antes de ir ao Marajó, não esqueça de sacar dinheiro. Há sim máquinas de cartões, mas não em todo lugar e a preferência dos vendedores costuma ser por dinheiro. Ou pix, claro, mas acho arriscado confiar apenas nessa opção, porque a internet pode acabar te deixando na mão.

Leia também: Comidas típicas do Pará: o que e onde comer em Belém


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