Jericoacoara: dois passeios surpreendentes fora do eixo turístico


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Barrinha, a nova Jeri e passeio de stand-up no mangue do Rio Guriú.

Eu gostei mais de Jericoacoara do que imaginava ser possível. A vilazinha praieira a 296 quilômetros de Fortaleza é realmente um charme. Deixou de ser uma vila de pescadores há tempos para virar uma vila de turistas. E tudo bem. Assim costuma ser o fluxo natural das coisas nessa indústria das férias.

Durante a semana que passei lá percebi que alguns passeios vão saturando e ganhando ares de “obrigatórios”. É o caso da Lagoa Azul e do Paraíso, Mangue Seco e da Pedra Furada. Realmente concordo que sejam lindos e vale ver com uma agência ou bugueiro o melhor momento de conhecer para evitar multidões.

No ano passado foi inaugurado o aeroporto de Cruz, a 48 km de Jeri. Isso diminuiu o tempo para chegar na vila de 5 horas desde Fortaleza para uma hora. A Gol e a Azul têm voos regulares para lá saindo de Congonhas, Guarulhos e Viracopos. Claro que as multidões devem aumentar.

Mas uma coisa que as pessoas falam menos são os passeios “alternativos”. E para mim, nesses lugares geralmente está o futuro do turismo na região. Hoje a Vila do Preá é não apenas o lar de 80% dos trabalhadores de Jeri (porque o aluguel na vila é caríssimo), mas também o polo principal para a prática de kitesurf. Preá conquistou seu espaço e ele deve crescer cada vez mais, à medida em que Jeri saturar. Enquanto estive lá, experimentei duas atrações pouco faladas e que acho que deveriam ser consideradas por quem planeja ir para Jeri.

Barrinha: anote, essa é a próxima Jericoacoara

A maior parte dos passeios de buggy para o lado leste de Jeri costuma ir para a Lagoa Azul e do Paraíso. Sim, você pode encontrar paz na Lagoa Azul, mas a vizinha já está mais infernal do que deveria. Beach clubs com pinta de Ibiza, som alto e muita pagação ocupam o cenário. Se quiser paz, evite o Alchymist Beach Club que oferece uma estrutura exagerada, não condizente com a beleza e harmonia do lugar.

No entanto, uma opção é negociar um extra com o seu motorista do buggy para ir até a Barrinha, povoado do distrito de Acaraú. Cerca de 25 km a leste de Jeri, segue-se pela praia na maré baixa. O visual é incrível e à sua esquerda um montão de praticantes de kitesurf aproveitam o forte vento entre julho e dezembro, que torna a região uma das melhores do mundo.

No caminho, algumas dunas bem bonitas. Não são muitas nem são vastas, mas rendem belas fotos e um bom mirante para o mar. Nem pense em se aventurar nelas se não estiver num buggy ou num carro 4×4, ajudamos um carro atolado. Na época de chuvas, entre junho e julho, a chuva forma pequenas lagoas, tal um mini Lençóis Maranhenses.

Você pode evitar a muvuca das Lagoas Azul e do Paraíso indo até a Lagoa da Barrinha. É tão bonita quanto as outras, mas também tem o problema dos carros com caixa de som. Quem sabe se for num dia de semana as chances de ter menos barulho e uma daquelas redes sobre as águas só pra você seja maior.

Na hora do almoço, a pedida mais que certa é o Restaurante Komaki. Inaugurado em julho de 2015 pelos sócios Marcio Neuton e Constantino Monteiro, serve o principal produto da Barrinha: a lagosta!  Sim, a lagosta mais fresca da região é pescada aqui e levada pra Jeri, por que não porvar direto da fonte? Tive a honra de ajudar a batizar o prato chamado Lagosta da Conquista, grelhada no azeite de coco sobre sauté de legumes (R$ 70). Não deixe de beber o frozen de caju com erva-cidreira (R$ 18).

Passeio de stand-up no mangue do Rio Guriú

Confesso a vocês que sempre achei o stand-up paddle uma espécie de caiaque da modinha. Algo que dentro de pouco tempo estará fadado aos porões das casas de praia do mundo. Mas enquanto esse dia não chega eu tento aproveitar para conhecer lugar bacanas a bordo da pranchona com remo. E o passeio de stand-up paddle do mangue até a foz do Rio Guriú é muito bacana.

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Que tal esse visual para um passeio de SUP? Foto: Victor Affaro

Algumas agências como o Club Ventos oferecem a atividade por valores na faixa de R$ 160 saindo de jardineira de Jeri. Até a minha vó consegue ficar de pé sobre as pranchas enormes e com borda suuuuuper larga. Pense que é apenas um meio para visitar um cantinho que quase ninguém vai. Espere encontrar ninguém além do seu grupo…

O ritmo é super lento. E a natureza é linda em meio às raízes altas do mangue. Mas dá para pegar o jeito super fácil. É uma reta só, não tem erro. A coisa flui com suavidade. É super delicado. De repente, o rio vai abrindo. Daí a coisa fica diferente, mas não menos bela. É um momento de contemplar árvores mais altas. Sempre na maré vazante, que ajuda no caminho rumo ao mar.

Fizemos duas paradinhas para banho em prainhas lindas. A água é quente e rasinha. Daquelas coisas que nos faz ter mais e mais amor pelo Brasil. É importante passar muito protetor solar e usar óculos escuros e boné. Camisetas com proteção solar são bem vindas, porque o passeio todo leva cerca de 3h30. No final, bem pertinho das barcas que atravessam o Rio Guriú, já dá para ver a Vila de Mangue Seco. E dá um certo orgulho por ter feito alguma atividade física. Mas também por ter driblado os grandes fluxos de turistas.

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