Roteiro clássico pela Toscana – 9 dias em Florença, Pisa, Siena e região


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Nesse post detalhamos passo a passo do que consideramos um roteiro clássico pela Toscana, contemplando as cidades mais tradicionais e algumas vinícolas que são ótimas opções para visitar na região. Confira!

Existe algo de muito cativante na Toscana. Criou-se sobre esta região central da Itália um mito do ideal de férias. Lindas colinas, cidades medievais, ótima gastronomia e vinhos incríveis. Talvez com o best-seller de Frances Mayes, que depois virou filme, muitos viajantes subitamente passaram a se imaginar Sob o sol da Toscana. Só que os motivos são todos coesos e realmente esse é um senhor destino de férias. Alugar um carro e embrenhar-se por estradinhas secundárias, repletas de ciprestes e vilarejos multicentenários. Mergulhar na história de uma das regiões mais profícuas durante a renascença. E refestelar-se (adoro esse verbo) com os vinhos e a comida excelentes.  

Por que a Toscana?

Não bastasse ter cidades de imensa relevância histórica, como Florença, Pisa e Siena, a Toscana oferece uma coleção de cidadezinhas miúdas repletas de passado em meio a campos verdes e parreirais. É ali que vive o verdadeiro “espírito toscano”. Nenhuma das paradas sugeridas neste roteiro é obrigatória. Aliás, uma viagem dessas é versátil, você mesmo descobre seus cantinhos favoritos. Não deixe de contar ao menos um dia em Pisa, dois em Florença e um em Siena, já que nestas cidades estão preciosidades históricas que se incluem dentre os grandes monumentos italianos: a Torre de Pisa e o Davi, de Michelangelo.

Estátua de Davi em Florença

Quando ir para a Toscana?

O verão é maravilhoso e muito quente. Só que entre junho e agosto todo mundo parece lembrar disso e desembarca na Toscana. Daí pode não ser amor, pode ser uma cilada. Então, se não quer ser mais um na multidão, esqueça esses meses.

Inverno (dezembro a fevereiro) é vazio, mas é um frio chato de ficar ao ar livre e você pode lidar com ventos bizarros.

Entre setembro e novembro as folhas ficam laranjas e marrons, formando um espetáculo natural, as hordas chispam e descobre-se um outono que pode ser muito feliz.

Mas cá entre nós, eu conheço poucos lugares mais lindos no mundo entre abril (meados de março, vai…) e fins de maio. Se puder, aproveite a primavera na Toscana.  

Como explorar a Toscana?

De carro, definitivamente. Os ônibus entre as cidadezinhas são praticamente inexistentes, apesar das curtas distâncias. Claro, você pode fechar um tour, com uma agência e ficar um pouco mais engessado, porém contar com a vantagem de ter que se preocupar pouco em traçar planos.

Abaixo, um roteiro pela Toscana para 9 dias que pode durar mais ou menos tempo, dependendo do seu pique.

Alugue um carro no aeroporto de Florença, há opções a partir de € 11 na Rental Cars. As grandes locadoras todas atuam na cidade e basta ter a sua carteira de habilitação brasileira válida.

A largada e a chegada do roteiro são em Florença, onde está o maior aeroporto da região. Considere também ir ao hotel em Florença de táxi e deixar para alugar o carro na manhã do terceiro dia.

Além desse roteiro clássico pela Toscana, você também pode complementar sua viagem com esse outro roteiro de 6 dias por cidadezinhas pouco conhecidas do norte.

Roteiro clássico pela Toscana, dia-a-dia:

Dias 1 e 2 – FLORENÇA

A linha do horizonte em Florença é assim!

Mesmo com as nuvens de turistas não tem como não se encantar com essa baita cidade deliciosa e inspiradora. Dois dias inteiros por aqui devem dar conta de ver boa parte do patrimônio.

Caminhe às margens do Rio Arno para sentir a cidade mais importante da Renascença, onde figuras como Leonardo da Vinci, Nicolau Maquiavel e Michelangelo viveram e trabalharam em muitas de suas obras primas. A principal delas, o Davi, é a grande atração da Galleria dell’Accademia, quiçá da cidade. Espere por filas quilométricas ou compre seu ingresso com antecedência.

Mesma dica também vale para a Galleria degli Uffizi, uma das maiores coleções de trabalhos renascentistas e um dos principais museus do planeta. Importante: compre antes, não vá “na louca” como eu fiz, porque você pensa muito na vida durante 2h30 ou mais de fila…

Duomo da Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença

Independente de religião, quem não viu os afrescos no teto do Duomo, como é conhecida a Catedral de Santa Maria del Fiore não visitou Florença. Ir até o altar e mirar o teto da cúpula é quase como ir ao céu. É bem absurdo. Se puder, dê um jeitinho de se sentar numa parede e cogite deitar no chão, porque o pescoço chega a doer. A vista da cidade lá de cima da cúpula, erguida em 1420, também vale o investimento e os degraus até o topo.   

Não deixe de se perder pelas ruazinhas do centro e de contemplar o Campanário de GIotto, as Capelas de Medici e a Galeria Palatina. Do outro lado cidade, o Giardino delle Rose é um mini parque com a vista panorâmica mais linda sobre a cidade. Realmente um lugar para meditar e sentir o poder da cidade. Uma bela introdução à Toscana.

Complemente sua leitura, com as dicas do Ideias na Mala do que fazer em Florença

Dia 3 – SAN GIMIGNANO

San Gimignano

Dirigindo 50 quilômetros ao sul de Florença você já sentirá o clima da Toscana. San Gimignano é um senhor cartão de visitas. A cidade medieval sobre um monte, com lindas torrinhas de até 50 metros de altura – já foram mais de 70, restaram 14 em pé -, era um entreposto muito importante desde o século 14 e seus comerciantes foram muito prósperos. Faz parte da Via Francigena, rota peregrina que liga Assis a Roma. Tomar um sorvete na Piazza della Cisterna, visitar o Palazzo Comunale e a basílica, estão entre os grandes programas da cidade.   

Ande pelas ruelas, entenda como vivem as quase 7 mil pessoas que habitam esse lugar mágico. A cidade costuma estar sempre cheia, por isso é importante tomar cuidado para não apenas evitar a alta temporada (de junho a agosto) como também os feriados. Eu cheguei na semana de 1o de maio e não foi boa ideia. As acomodações na cidade costumam ser caras, por isso vale ou reservar com antecedência ou buscar uma casa rural ou agriturismo, acomodações a preços razoáveis nas pequenas propriedades rurais dos arredores. É preciso garimpar um bom restaurante ou fazer um piquenique com pães e queijos frescos, eu caí numa pegadinha para turista.

Dia 4 – SAN MINIATO E LUCCA

Caça a trufa em San Miniato

Depois de contemplar o pôr do sol no alto de San Gimignano, é hora de pôr o carro na estrada de novo. A 44 quilômetros dali, San Minitato é a terra das trufas. Dependendo da época é possível encontrá-las fresquinhas – eu fui no outono, em setembro, e deu até pra fazer uma caça às trufas. A Savini Tartufi organiza saídas aos bosques da região na companhia de cães farejadores como o Giotto, a simpatia que foi comigo. Depois, degustações e tal.

Para uma experiência gastronômica absurda em San Miniato, abra a carteira e vá ao Restaurante Pepenero. Ali eu provei o fettuccine de trufas brancas e o entrecôte salpicado com lascas de trufa. Dois absurdos!

Massa saborosa do restaurante em San Miniato
Massa saborosíssima do restaurante Pepenero em San Miniato

Vai ser difícil não beber no almoço, mas pegue leve e faça a digestão dirigindo até Lucca, a 47 quilômetros. Se for muito amante de motos, certamente vai amar dar uma paradinha em Pontedera. A cidade onde fica a Piaggio, fabricante da Vespa, a mais querida motoneta do mundo. O Museo Piaggio (museopiaggio.it) tem uma coleção linda de Vespas, muitas customizadas por artistas. Eu adorei.

Piazza Anfiteatro em Lucca

Não que Lucca seja farta de coisas para fazer, mas é que simplesmente não dá vontade de ir embora, então já vá contando com esse magnetismo. Faça por sua conta o passeio pela muralha de 4 quilômetros e 12 metros de altura que desde 1650 protege a cidade e arme um piquenique no gramado.

Murais medievais em Lucca

Com 50 mil habitantes, Lucca foi uma das poucas cidades toscanas a não ser bombardeada na 2a Guerra Mundial. Com bons trabalhos de restauro, preservou edifícios dos séculos 12 a 16 e é destino de estudantes de Arquitetura, que vão ver in loco obras-primas medievais e renascentistas. Parada obrigatória, a aconchegante Piazza Anfiteatro reúne lojinhas e cafés. Olhares atentos notarão os arcos em tijolos milenares das casas medievais que circundam a praça.

As belas torres de até 50 metros de altura – já foram 150, hoje são apenas 15 – eram símbolo de poder entre as famílias dos mercadores que enriqueceram. Uma das mais bonitas é a da famiglia Guinigi, de 1400, com árvores no alto de seus 44 metros e uma excelente vista da cidade. Mesmo Se chegar no fim de tarde, não tem problema. Há inúmeras opções de hospedagem, e sempre pode reservar antes.

Dia 5 – PISA E VOLTERRA

Apenas 20 km separam Lucca e Pisa. Vale levantar e sair cedinho, ainda que não dê vontade de sair nunca de Lucca. Se nunca viu a famosa torre inclinada, tem que ver, é muito simbólica. Se quiser pode  tirar foto segurando a torre, mas vale entender o quanto ela realmente parece que vai tombar. Você pode até escolher dormir em Pisa, mas não sei se recomendo. Uma dica é chegar cedo para aproveitar o centrinho de Pisa. Assim você faz a sua foto com pouca gente na frente.

Na verdade não há muito mais do que a torre para ver, mas você pode esticar com uma visita completa à Piazza dei Miracoli, onde além da torre inclinada, fica o batistério e a catedral. Pode subir na torre, claro, mas eu prefiro gastar os € 18 (mamma mia!) com comida e vinho. Se sobrar tempo e disposição dê um rolê às margens do Rio Arno, visitando a Igreja de Santa Maria della Spina e pela Piazza dei Cavalieri. Você terá conhecido o mais importante desta cidade de 430 mil habitantes em uma manhã.

Como se voltasse no tempo, o visitante que chega a Volterra já dá de cara com uma cidadela murada, no topo de uma colina, com lindas portas levadiças. Beeem antes dos romanos, os etruscos foram uma civilização que viveu na região e no Museo Etrusco é possível ver a sofisticação de sua arte e artesanato. É um lugar especial. A Catedral de Santa Maria Assunta tem uma aura especial, vale procurar. As hospedagens na cidade são bacanas, mas nos arredores há muitas opções de agriturismo mais em conta.

Dia 6 – VOLTERRA E QUERCETO

Volterra

Se puder ir logo cedo ver o sol nascer na torre do Palazzo dei Priori, o mais antigo prédio das prefeituras toscanas, você não se arrependerá. Ok, pode ser o pôr do sol na véspera. Mas observar essa cidade medieval sob o sol da Toscana é uma vivência única. Tome café da manhã com calma e explore lojinhas e vielas. Visite o Teatro Romano (€ 5), erguido no século 3 d.C. e palco de inúmeras exibições artísticas e vizinhos aos banhos romanos.

Uma boa pedida pode ser comprar por € 14 o Volterra Card que dá acesso ao Museu Etrusco, o Ecomuseu do Alabastro (tipo de pedra branca translúcida muito utilizada pelos etruscos e até hoje ícone da cidade), a Pinacoteca, o Palazzo dei Priori, a Acrópole e o Teatro Romano. Assim, a única atração que fica de fora é a Fortaleza de Medici, prédio imponente erguido em 1474, dois anos depois da conquista de Volterra por Florença, pelo controle de suas minas e da produção têxtil.

Vinícola na Toscana

Aqui entra uma surpresa minha e uma felicidade: Querceto. A 23,7 km de Volterra, nesse buraquinho, vilarejo mínimo, encontrei a felicidade. Uma parte pela boniteza do lugar e outra pelo vinho. Foi da Vinícola Marchesi Ginori-Lisci o melhor vinho que provei em minha estadia na Toscana, o Castello Ginori 2007. Coisa fina, um corte merlot e cabernet sauvignon meio a meio, fiquei surpreso. O castelo da família é lindo, com sorte sua degustação será lá. Há ótimas casinhas para alugar por uma noite na vila por preços bem razoáveis (desde € 50 por noite).  

Vinicola na Toscana

Dia 7 – BOLGHERI

Pela manhã, a linda estradinha que leva até Bolgheri (SP 19, 23 km) fica cheia de arbustos floridos. Vilazinha simpática e cheia de bons restaurantes, Bolgheri fez fama por suas vinícolas. Sem dúvidas, depois de conhecer Castelo Medieval com seus tijolinhos vermelhos, no centrinho histórico, o que há de mais bonito para fazer é comer e beber. O restaurante La Taverna del Pitore (Largo Nonna Lucia, 4,) oferece uma culinária regional muito bem executada, com massas e carnes divinas.   

Vinícola Sassicaia na Itália

Famosa por seus vinhos espetaculares, os chamados Super Toscanos, a Tenuta San Guido é o grande templo vinícola da região. Ali são produzidos os Sassicaia, verdadeiros espetáculos líquidos. É preciso agendar a visita.

Pôr do sol no hotel Tenuta Gardini
Hotel Tenuta Gardini, na Toscana

O caminho de Bolgheri até lá é um dos trechos mais lindos da viagem, uma reta de 5 quilômetros forrada por ciprestes. Recomendo experimentar o clima de vila do hotel Tenuta Gardini (tenutagardini.it), que além de uma localização surreal, oferece aos hóspedes bikes para pedalar rumo ao pôr do sol na incrível floresta de Macchia della Magona, já na região de Livorno. Boa noite!

Dia 8 – SUVERETO e MASSA MARITTIMA

Os 40 km que separam Bolgheri e Suvereto são suaves. Cidadezinha miúda, calcule para não chegar lá num domingo, porque tudo está fechado – claro que eu dei esse azar. Achamos uma biboca aberta e comemos bem, não registrei o nome.

Vinícola Petra

Lá você precisa conhecer a Petra, uma vinícola bem moderna e repleta de experiências bacanas. Vale a visita e, claro, a degustação.Se ja estiver bem de visitar boas vinícolas, siga para Massa Maritima, por 30 quilômetros. Senão, ainda vale a esticada até a Marchesi Frescobaldi, em Magliano, a 90 km. Realmente o vinho ali é coisa séria e a degustação pode complicar o caminho de volta. Fique esperto.

massa-maritima2

Pelo nome, dá até para imaginar Massa Marittima como um daqueles balneários mediterrâneos de água turquesa com um calçadão repleto de restaurantes que servem frutos do mar à moda da casa. No entanto, esta encantado- ra cidade de 9 mil habitantes fica a 380 metros do nível do mar, numa colina entre Siena e o litoral.

Poderia ser apenas mais uma elegante cidade medieval. Mas as ruas, o conjunto extravagante de prédios bem preservados e, principalmente, a fotogênica Piazza Duomo fazem de Massa Marittima um lugar que você não vai esquecer. A sensação é de caminhar sobre a história.

Massa Marittima

Um grande barato é desbravar seus três distritos – Città Vecchia, Città Nuova e Borgo – procurando brasões pelas paredes. Não se deixe enganar pelos nomes: a Cidade Velha é do século 13 e a Nova, do século 14. Desde essa época ocorre, em maio e agosto, um campeonato de tiro com balestras (espécie de arco e flecha) entre equipes das três regiões.

É preciso sorte para encontrar a sede da agremiação de cada bairro aberta, mas a antiga igreja de San Pietro all’Orto guarda os equipamentos e vestimentas (que parecem saídos de uma batalha medieval) da Città Nuova, além dos palios (bandeiras), que são os prêmios das competições.

Desça pelo impressionante Arco Senese, onde torres de defesa dividem a cidade. Uma delas é a Torre Del Candeliere (€ 2,50 ou R$ 7 para subir), de 1228. Leve a câmera: dali se tem uma vista incrível dos principais pontos da cidade. A catedral vale a visita pela beleza de sua pia batismal de 1324 e pelo crucifixo de madeira de Giovanni Pisano no altar.

Dia 9 – SIENA

Saia cedinho para aproveitar bem o dia em Siena. De Massa Marittima até lá são 72 quilômetros pela estrada SP 73-bis. A Piazza del Campo é alma da cidade, ali são realizadas as corridas a cavalo mais emocionantes da Itália, durante o Palio de Siena. A próxima edição será nos dias 2 de julho e 16 de agosto de 2017 (ingressos aqui). Mas mesmo fora da época do Palio é um lugar incrível de visitar por conta da Fonte Gaia, a maior da cidade com escultura de Jacopo della Quercia, feita com mármore de Carrara. Prédio de destaque na praça o Palazzo Comunale ou Palazzo Pubblico é a prefeitura da cidade com a incrível Torre del Mangia, com 87 metros de altura e 400 degraus, o melhor mirante e presença certa em todos os cartões-postais da cidade. O ingresso combinado com o Museo Civico custa € 13.

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Na Piazza Duomo a Catedral de Santa Maria Assunta reina impávida com sua fachada branca e preta, com detalhes dourados. Na verdade, o branco é mármore de Carrara e o preto, visto de perto, é verde, pedra originária da região de Prato. Repare no pisa sob a cúpula, é algo deslumbrante. ALiás a cúpula é completamente descentralizada do resto da construção, quebrando os padrões do século 14. A Biblioteca Piccolomini foi erguida em homenagem ao Papa Pio II e é suntuosa. Detalhes como esses fizeram com que fosse conhecida como a Porta dos Céus. No fim da jornada, a opção de devolver o carro em Siena, ou de dirigir mais uma hora até Florença.

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