De Aracaju a Salvador pelo litoral: conheça a Linha Verde
Atualizado em:
Você já pensou em ir de Aracaju a Salvador pelo litoral? Essa road trip brasileira é uma ótima opção para quem curte praia e quer fazer uma viagem de carro gastando pouco. O roteiro é famoso, apesar de não tão explorado, e já ganhou até nome próprio: Linha Verde.
Linha Verde é o nome da estrada que liga as duas capitais mais ao sul do nordeste, mas a nomenclatura foi apropriada para designar também essa viagem que, posso garantir, é linda. São apenas 320 km entre as duas cidades, que poderiam ser percorridos de uma vez em 4h25, mas que merecem alguns dias para serem bem aproveitados e curtir paisagens como essa daqui:
Como fazer transitar pela Linha Verde?
O mais recomendado para fazer essa viagem é alugar um carro em Aracaju e devolver em Salvador. A locação de carro fica mais cara quando devolvemos em um local diferente, mas nesse caso acho que o gasto a mais compensa pela liberdade que você terá para montar sua viagem. Além disso, não é necessário alugar um carro super equipado ou 4×4 porque as estradas nesse trecho são boas – o ar condicionado, no entanto, é altamente recomendado.
Não cheguei a pesquisar a fundo sobre como fazer essa viagem sem carro, porque nossa ideia sempre foi fazer uma road trip. Sei que é possível porque cruzamos com pessoas no caminho que estavam seguindo dessa forma, mas saiba que não há muitas opções de ônibus, então sem carro suas paradas podem ficar condicionadas aos horários de transporte.
Você também pode fazer a viagem ao contrário, de Salvador a Aracaju. Na minha opinião, porém, vale mais a pena seguir de Aracaju para Salvador pelo litoral porque a capital baiana é um dos pontos altos da viagem. Quando chegar lá e já estiver cansado da estrada, você terá um monte de coisas novas super interessantes pra ver, dando aquele último gás para os dias finais. Terminar por ali vai com certeza deixar aquela sensação gostosa de querer voltar.
Dicas básicas para ir de Aracaju a Salvador pelo litoral
Antes de sair de Aracaju e começar a sua road trip, tenha em mente que, especialmente nos primeiros dias, você vai passar por lugares com pouca estrutura e praias muitas vezes desertas. Portanto, é importante estar sempre preparado para demorar algumas horas antes de encontrar um lugar para comer com alguns lanchinhos. E não esqueça da água, muita água.
Não esqueça também os itens de praia. Cangas, chinelos, boné e, se possível, guarda-sol. Na minha viagem nós não tínhamos guarda-sol e chegamos a ir embora de uma praia porque estávamos quase passando mal de calor, já que não tinha nenhum tipo de quiosque ou sequer uma árvore para aproveitarmos a sombra.
Antes de sair de Aracaju, saque dinheiro. No caminho você não vai poder usar cartão em qualquer lugar e também é bastante difícil encontrar uma agência ou caixa eletrônico. Caso aconteça alguma emergência, sei que em Conde há alguns bancos.
Nas praias onde há estrutura, tudo começa a fechar por volta das 16h. Então se seu plano é visitar mais de uma por dia, comece cedo. Lembre-se ainda de considerar o tempo de deslocamento entre uma e outra, que pode variar de 20 minutos a 1h30 e uma parada para o almoço, se você não se contentar com lanchinhos improvisados ao longo do dia.
Outra coisa para se ter em mente quando for planejar sua viagem é que as praias mais perto de Aracaju são mais rústicas e vazias. Quanto mais perto de Salvador, mais estrutura turística e, consequentemente, mais caro será o lugar. Basta lembrar que a menos de duas horas da capital da Bahia estão as famosíssimas Praia do Forte e Costa do Sauípe.
Leia também: O que fazer em Salvador: dicas, passeios e sugestão de roteiro
Quanto tempo de viagem?
Isso vai depender de quanto você gosta de praia e quanto quer descansar. Na minha viagem, passei um dia em Aracaju (duas noites) e três dias na Linha Verde (duas noites). Hoje, acho que tanto Aracaju quanto as praias merecem um pouco mais de tempo. Recomendaria dois dias inteiros na capital sergipana e pelo menos quatro dias inteiros nas praias.
Tenha em mente que indo de Aracaju a Salvador pelo litoral você vai passar por dezenas de praias e o recomendado é conhecer no máximo duas por dia. No entanto, você não precisa ir em todas elas, que depois de um tempo acabam ficando um pouco repetitivas. Mais abaixo falo um pouco melhor sobre as principais praias para te ajudar a escolher onde parar.
É bom pensar também se você prefere dormir uma noite em cada lugar ou ficar alguns dias parado em um mesmo local para aproveitar as comodidades do hotel, por exemplo. Falo mais sobre onde se hospedar na Linha Verde em outro texto, mas já deixo aqui a dica dos dois lugares onde me hospedei, que recomendo muitíssimo tanto para uma parada rápida, quanto para uma hospedagem mais longa:
-A pousada do Gian Franco é mais fofa do que as fotos aparentam. O café da manhã é uma delícia. Veja aqui mais sobre a pousada chamada B&B Residencia Casa Branca.
-Hostel super charmoso e agradável: Imbassaí Eco Hostel Lujimba
Quais as melhores praias do caminho?
Como eu disse acima, se você vai de Aracaju a Salvador pelo litoral vai passar por dezenas de praias. Como então escolher a sua? Fiz aqui um mini-guia de algumas das principais praias da Linha Verde, mas antes de mais nada deixo minha recomendação: não perca Mangue Seco e Massarandupió!
Praia do Saco
Uma das primeiras a aparecer no caminho, a Praia do Saco é daquelas praias enormes e de areia branquinha. Quando fui, uma segunda-feira de fevereiro, eu e meus amigos éramos as únicas pessoas ali. Observando a vilinha tive a impressão de ser um local tradicional de veraneio para os aracajuanos. Há muitas casas para alugar por ali e é a opção ideal para quem quer relaxar em um lugar bem calmo. Lembre-se porém, que não há quase opção de restaurante ou mesmo mercado.
Mangue Seco*
Exatamente na divisa do Sergipe com a Bahia, Mangue Seco é um dos lugares mais lindos do percurso. Para chegar lá, porém, é necessário cuidado. Se você tentar buscar o nome da praia no Google Maps vai ser levado para o lugar errado (foi o que fizemos).
Para chegar a Mangue Seco, vá até o povoado de Pontal, que fica ainda em Sergipe. Lá, você precisa pegar um barco para cruzar para a vila de Mangue Seco, que pertence à Bahia. A lancha rápida leva até 6 pessoas e custa cerca de 20 reais por pessoa, mas o valor é combinado na hora, direto com o barqueiro. A travessia dessa forma demora 10 minutos. Há também barcos maiores, que fazem o trajeto em 15 minutos e custam um pouco mais barato, mas esses têm horários mais delimitados.
Chegando do outro lado, você pode dar uma volta pela vila. Para chegar na praia ainda é preciso atravessar as dunas. Novamente você tem duas opções: ir de bug (por 80 reais) ou fazer uma caminhada de cerca de 30 minutos. Nós decidimos ir caminhando e não tenho dúvidas que foi a melhor escolha.
Apesar de ser pelas dunas, o trajeto é bem fácil, com uma grande subida no começo só, e absolutamente maravilhoso. Na minha opinião, grande parte da graça da praia foi essa caminhada. Nas dunas, a vista é linda e há a opção de fazer skibunda. Também é ali que estão os famosos coqueiros Romeu e Julieta.
Quando você finalmente chegar na praia, pode escolher um dos muitos quiosques com mesas e cadeiras para comer um porção e tomar uma cervejinha. Nós comemos no último quiosque da direita, o Restaurante e Bar Mar Azul, que recomendo fortemente. Chegamos quando tudo estava prestes a fechar e mesmo assim eles nos atenderam e foram maravilhosos. Lá você também pode fazer um passeio de buggy ou quadriciclo para praias próximas, que também custam cerca de 80 reais.
Apesar da grande estrutura à beira mar, Mangue Seco não costuma ser muito cheio. Na segunda, quando fomos, estava tudo vazio, e os funcionários do quiosque disseram que mesmo na temporada, o movimento só é mais intenso nos finais de semana. Eu fiquei apenas meio dia em Mangue Seco, mas recomendo deixar pelo menos um dia inteiro para aproveitar o melhor dessa praia.
Sítio do Conde
Sítio do Conde é uma parte do município de Conde. Lá, tem uma praia não muito grande, mas muito bem estruturada, até mesmo com um calçadão e quiosques. Em termos de beleza, acredito que essa praia não tem nada de muito especial, por isso acabamos só dando uma olhadinha.
Por outro lado, a vilinha é a única por onde passamos que tem mais estrutura de bares, restaurantes e mercado, por isso considero um bom local para se hospedar. Na noite em que estivemos lá, comemos na Pizzaria Salinas, também conhecida como Pizzaria do Pakito, que nos foi recomendado por um italiano, dono da pousada onde ficamos, e atendeu todas as expectativas.
Praia do Baixio
Pesquisando sobre as praias antes de ir, a Praia do Baixio foi a mais recomendada. Para quem vem vindo de cima, achei ela um pouco parecida com as demais. Acabamos não nos demorando muito por ali também por conta do calor, que estava absurdo.
No entanto, uma coisa que infelizmente deixamos passar foram as famosas lagoas da Praia do Baixio. São cinco lagoas perenes de água cristalina formadas por nascentes. Quem quiser conhecer essa beleza, precisa chegar cedo, porque apenas 35 pessoas por dia podem entrar.
Massarandupió*
Massarandupió é conhecida por ser a praia de nudismo. Mas calma, não se assuste ainda. A vila tem uma vibe meio hippie que eu achei bem gostosinho, e ainda que bem rústica, é uma das maiores por onde passamos. Por isso, parar em Massarandupió é estratégico para se alimentar.
Nós almoçamos no restaurante Espaço Verde, que é simples, mas tem uma comida gostosa e muito bem servida. Quatro pessoas comeram bem uma moqueca para 2 e uma porção de peixe frito. Eu, que não estava me sentindo muito bem, comi um PF de frango individual que serviria duas pessoas tranquilamente. O restaurante ainda tem uma gostosa entrada cheia de árvores que dão um charme e proporcionam um almoço super agradável.
Saindo dali, 3,5km a frente está a Praia de Massarandupió. Junto de Mangue Seco, ela é um dos pontos altos dessa viagem. Os enormes coqueiros e as dunas que protegem a praia criam uma paisagem daquelas de cair o queixo.
A praia é longa e, mesmo que você não tenha nenhum interesse no nudismo, não deve deixar de conhecer. Para quem quer uma experiência diferente, basta caminhar para a direita. No cantinho da praia está a parte reservada para a prática do naturismo. Lá tem um quiosque e é obrigatório tirar a roupa.
Imbassaí
Depois de Massarandupió, passamos a noite em Imbassaí. Ali começam as praias mais desenvolvidas que mencionei ali acima. Em Imbassaí há muitas opções de restaurantes, alguns bem sofisticados. Há também várias pousadas e lojas. Por algum motivo que ainda não entendi, quando fomos quase tudo estava fechado, apesar de ser fevereiro, que ainda é considerado alta temporada.
Toda essa estrutura turística chega até a praia, então se você prefere algo mais reservado, essa não é uma boa opção. Na praia, aliás, acontecem desovas de tartarugas marinhas e se você tiver sorte pode ver as recém-nascidas indo em direção ao mar.
Imbassaí também é famosa pelo encontro do rio com o mar. No dia que estávamos lá, porém, uma chuva torrencial nos impediu de conhecer e aproveitar bem a praia que era uma das que eu mais queria conhecer no roteiro de Aracaju a Salvador pelo litoral, então infelizmente não posso testemunhar muito sobre isso.
Praia do Forte
A Praia do Forte não estava no nosso roteiro inicialmente. Eu já tinha estado lá e dessa vez não queria passar por um lugar tão turístico e inflacionado. A chuva em Imbassaí porém, acabou nos levando até lá, uma vez que o nosso hostel tinha convênio com outro, da Praia do Forte, que nos daria direito a entrar no Projeto Tamar e no Projeto Baleia Jubarte de graça.
A Praia do Forte é uma boa escolha para quem quer agito. Ela foi de longe o lugar mais cheio por onde passamos, tivemos até um choque ao chegar. Lá são infinitas as possibilidades de lugar para se hospedar, comer, beber e comprar. A praia é bonita, mas segue esse mesmo esquema de ponto super turístico. Cabe ressaltar, que é tudo feito de uma forma charmosa e bem mais ordenada do que outros destinos de praia que ficaram super populares, como Canoa Quebrada, por exemplo.
Na minha opinião de quem guarda uma criança apaixonada pelo mar dentro de si, o ponto alto de Praia do Forte é o Projeto Tamar. Esta é a mais completa unidade do projeto, onde você pode ver e aprender sobre muitos tipos de espécies. A entrada custa R$ 28 a inteira.
O Projeto Baleia Jubarte também é uma boa opção para os apaixonados por baleias, como eu, ou por curiosos que gostam de aprender sobre o universo marinho. Obviamente não tem baleias lá, apenas estátuas para representar e ilustrar algumas explicações. Lá, a entrada custa R$ 10 a inteira.
Como eu disse no começo, esse roteiro tem dezenas de praias, mas como não conheci, escolhi falar apenas das principais. Quem quer informações sobre algumas das praias que não mencionei, o Viaje na Viagem tem um post bastante completo para quem quer ir de Aracaju a Salvador pelo litoral.
Já fez esse trajeto de Aracaju a Salvador ou de Salvador a Aracaju pelo litoral? Ou ainda tem alguma dica extra ou dúvida sobre a Linha Verde? Conta pra gente aqui nos comentários!
Leia também: Onde ficar em Aracaju e na linha verde
Francisco A sousa
moro em teresina piaui adoro conhecer novos tragetos, pretendo em breve conhecer a linha vervde viajando de carro proprio e com tempo p conhecer bem
Milena Paiva
Boa tarde quero ir de ônibus pela linha verde para sergipe moro em Lauro de Freitas como faço desde já agradeço
Sara Baptista
Oi Milena, tudo bem? Eu costuma pesquisar as opções de ônibus pelo site clickbus. Quando encontrar um no horário que você deseja, liga direto para a empresa de ônibus para conferir qual o caminho que ele faz 😉
Sandro
Sara, muito obrigado por compartilhar conosco suas experiências na Linha Verde. Faremos o trajeto agora em dezembro e seu post nos ajudará bastante. Sucesso para você e continue a compartilhar.
Sara Baptista
Oi Sandro, que bom que gostou do post, fico feliz! Boa viagem pra vocês e depois compartilha com a gente as suas dicas!