Conheça a nova colunista do SV e sua aventura de 365 dias pelo mundo

“Chorando ao telefone com uma Indiana em um call center a milhões de quilômetros de Nova York e explicando pela décima vez que sim, tinha certeza que minha mala havia sido despachada e que não, ela com certeza não havia chegado ao destino final e muito menos ao meu hotel, não poderia imaginar que um ano mais tarde tudo isso estaria acontecendo.

Fui a NY há um ano para minha primeira reunião internacional de trabalho, a serviço de uma grande empresa de tecnologia, orgulhosa e cheia de idéias, quase formada na faculdade e ávida por impressionar. Mas quis o destino que meus vestidos de menina-mulher-de-negócios não me acompanhassem – eles provavelmente continuam perdidos por aí nesse buraco negro entre a janelinha de check-in e a cinta de retirada de bagagens. Sessão de desapego forçada. Treino de resiliência. Reunião de trabalho no headquarters da empresa, usando um vestido do Wal-Mart. Sobrevivi, e mais: recebi da companhia aérea uma nova passagem em ressarcimento, assim como uma quantia razoável em dinheiro. Situação mais do que feliz pra quem quer largar tudo e viajar.

Quinta-feira à noite, mesa de jantar. “Pai, mãe, vou pra África”. Sutileza nunca foi meu ponto forte. Olhando as caras perplexas de meus pais, tentei explicar a necessidade de sair de tudo. Explicar aquele sentimento de que não há mais estímulos que te desenvolvam como pessoa, explicar que tirar férias a cada 12 meses não é suficiente pra toda essa fome do mundo que se sente, explicar com a convicção dos 20 e poucos anos que “tudo vai dar certo no final”. Compartilhei meus planos. Viajar low-cost na Alemanha. Vivendo de miojo, o alimento universal e sagrado dos recém-formados sensíveis a preço. 3 euros por uma Bratwurst é sacanagem. Depois, morar 3 meses em Uganda, trabalhando em uma ONG. E gabaritar a Ásia. Trabalhar em um hostel em Koh Phi Phi. Ver o sol nascer em Angkor Wat. Fazer amigos em Saigon. Ver o que rola em Manila. Todo o tempo é pouco.

Vão ser 12 meses viajando. 365 dias de perrengue. Gastar todo meu dinheiro. Torrar o carro, raspar o fundo do porquinho, colocar minha vida numa mochila e ir. Tentar fazer milagres com um budget limitado. E contar tudo nesse blog. Quero agradecer o moço desleixado que perdeu minha mala. Te perdôo por ter me deixado sem roupa em Nova Iorque, viu. Por sua causa, moço querido, estou sem emprego, mas de malas feitas.”

Hoje, com imenso prazer, apresentamos a nova colunista do Segredos de Viagem, a Mariana Camargo (mas pode chamar ela de Mari). A Mari acabou de começar uma viagem incrível de volta ao mundo e vai percorrer diversos países, entre eles, destinos menos tradicionais na África e Ásia.

E toda primeira segunda-feira do mês, ela vai contar um pouco dos segredos que descobriu e das impressões dela sobre cada lugar que visitar. Esperamos que vocês possam viajar com ela através dos relatos no blog, e que aproveitem cada momento dessa aventura para quem sabe um dia planejar a sua também!