Roteiro de 3 dias em Lyon

A França é um dos países mais visitados por brasileiros, mas os roteiros raramente incluem Lyon. Capital da região de Rhône-Alpes, a cidade é a terceira maior da França e um importante pólo econômico e cultural. Para quem viaja de carro, incluir Lyon no roteiro pode ser uma boa ideia, afinal ela fica pertinho da Suíça e da Itália, e no meio do caminho entre Paris e a Provence.

Lyon é uma cidade que data do século IV antes de Cristo. Foi fundada como uma colônia romana em 43 a.C. e preserva parte dessa herança até hoje. O centro histórico da cidade, que abrange quase toda a área de interesse turístico, foi designado Patrimônio Mundial pela UNESCO. Além de história, Lyon também é muito rica em museus e tem uma infraestrutura melhor do que muitas grandes cidades europeias. Foi convencido? Então confere aqui as minhas dicas para um roteiro de 3 dias em Lyon:

DIA 1: Panorama geral de Lyon

Comece o dia no Jardin des Curiosités, um jardinzinho no topo de uma das colinas da cidade, escondido, livre de turistas e que tem, na minha opinião, a mais linda vista da cidade. De lá, você pode caminhar cerca de 10 minutos até o Teatro Romano. Construído no século 2, o teatro foi restaurado, mas mantém todas as características originais. Hoje em dia ele é palco de diversas apresentações musicais e teatrais.

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De lá, você pode caminhar mais um pouquinho e chegar à Basílica Nossa Senhora de Fourvière, o principal símbolo e ponto turístico da cidade, onde você também vai ter uma vista privilegiada de Lyon. A entrada é gratuita e vale a pena. Mas atenção: não vá embora sem antes descer as escadas que levam à parte inferior da igreja onde há… uma igreja! Exatamente, uma igreja embaixo da outra.

Basílica

Da Fourvière você pode descer andando para a Vieux Lyon, mas é uma descida um pouco cansativa, portanto eu recomendo pegar o funiculaire, que sai ali mesmo da praça onde está a igreja e te deixa na entrada da Vieux Lyon.

A Vieux Lyon é o centro histórico, onde começou a cidade. Essa região ainda preserva os edifícios históricos e as ruas de pedras. Aqui, duas curiosidades interessantes chamam a atenção dos turistas. A primeira são as janelas que foram cimentadas, mas preservam as molduras. A explicação para isso é que em dado momento, como uma forma de tributar os mais ricos, que tinham casa maiores, a cidade de Lyon começou a cobrar impostos sobre portas e janelas. Para fugir do pagamento muitas pessoas simplesmente tamparam suas janelas, e assim elas permanecem até hoje. A segunda curiosidade são os traboules, umas passagens “secretas” entre os prédios da Vieux Lyon. Alguns são bem evidentes, mas os turistas podem se divertir tentando encontrar uma porta aberta que leve a outra rua.

Vieux Lyon

Na Vieux-Lyon, perca-se pelas ruazinhas charmosas e, quem sabe, faça uma visita ao Musées Gadagne. Recomendo também almoçar por aqui, pois, apesar de bem turístico, é onde estão os melhores Bouchons Lyonnaises, restaurantes típicos da região, que servem miolos e carnes de carneiro e porco bem fortes. A sopa de cebola gratinada também é uma especialidade! Mas atenção: não se deixe enganar pelos restaurantes modernos e pega-turistas, informe-se sobre como identificar um verdadeiro bouchon. A comida em um desses não costuma ser cara. No Le Laurencin, por exemplo, um menu turístico com três pratos e uma sobremesa sai por 15 euros.

Em Vieux-Lyon, perca-se pelas ruazinhas charmosas e prove os Bouchons Lyonnaises

No fim da tarde, é hora de atravessar a Saône em direção à Place Bellecour, ponto bem central da cidade. Lá está a estátua do Antoîne de Saint-Exupéry (o escritor e aviador nasceu em Lyon) com sua criação, o pequeno príncipe. No inverno você pode ver o pôr do sol de cima da roda gigante que é instalada no meio da praça.

Estátua do Antoîne de Saint-Exupéry

DIA 2: Presqu’île

O segundo dia é todo destinado à Presqu’île, a região que, cercada pelos rios Rhône e Saône, forma uma “quase ilha”. Você pode começar por onde parou, a Place Bellecour, e a partir daí é só seguir em direção ao Hôtel de Ville, perdendo-se pelo caminho nas ruas de Cordeliers. Se você gosta de fazer compras, esse é o momento. Aproveite também para caminhar um pouco pelas margens dos dois rios.

A Place Bellecour, com a Basílica Notre Dame de Fourvière ao fundo

É nessa região que está a Place des Jacobins e a Rue Mercière, uma pequena ruazinha bastante charmosa e muito famosa pelos restaurantes. No entanto, comer por ali pode não ser uma boa ideia, já que os pratos costumam ter preços bastante salgados e nem sempre com qualidade excepcional.

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Na região do Hôtel de Ville você encontra o Opera, o Museu de Belas Artes (que vale a pena entrar para conhecer o jardim interno) e a Place des Terreaux. Nesta região você também vai encontrar a “fresque des lyonnais”, um famoso mural pintado na lateral de um prédio que retrata com surpreendente realidade todos os nomes famosos de Lyon, incluindo os irmãos Lumière, o escritor Antoîne de St. Exupéry e o chef de cozinha Paul Bocuse.

O mural com as personalidades nativas

Os “trompes l’oeil”, tipo de pintura bastante realista utilizado na fresque des lyonnais, são um tanto comum na cidade. Outra bem famosa e imperdível pode ser encontrada na Croix-Rousse, é o Mur des Canuts. Do Hôtel de Ville pegue o funiculaire até a estação Hénon. Lá, aproveite para dar uma volta pelo bairro, conferir mais uma vista panorâmica da cidade e encerrar o dia em um dos bares deste bairro boêmio.

DIA 3: Museus e Contemplação

No último dia eu começaria o passeio pelo Instituto Lumière, o museu que fica na casa dos irmãos Lumière, os inventores do cinema. Na minha opinião é uma parada obrigatória para quem passa por Lyon.

De lá, pegue o metrô e dê uma volta pela Cité Internationale. O lugar é bem pouco turístico, mas proporciona uma visão interessante de Lyon, com construções diferentes das tradicionais onde está a sede da Interpol e o Museu de Arte Contemporânea, que vale a pena conferir.

A Cité Internationale fica bem em frente ao Parc de la Tête D’or, um enorme parque, com lago, zoológico e muitas flores que com certeza valem a visita.

Em seguida, uma caminhada ou uma breve viagem de ônibus pode levá-lo até o “Les Halles – Paul Bocuse” para o almoço. Lyon é conhecida como a capital internacional da gastronomia, então a ida a este mercado é indispensável.

Na parte da tarde, pegue o tramway até a Confluence. Nesta região há alguns prédios com arquitetura bastante moderna, dando uma voltinha pela margem do rio Saône você pode apreciá-los e também conferir algumas casas-barco, como as que são famosas em Amsterdam. Na Confluence também vale a visita ao Musée des Confluences.

Termine o dia apreciando a vista da junção dos dois rios e tirando uma foto no tradicional letreiro “ONLYLYON”. Se você for de balada, ali está o Le Sucre, casa noturna muito famosa na cidade. Se preferir algo mais tranquilo, também há opções de bares e restaurantes na região.

Vista do encontro dos rios de dentro do Musée des Confluences

EXTRA! EXTRA! Leia se você tem mais dicas em Lyon.

Ufa! Quanta coisa, não? Lyon costuma ser bastante ignorada por brasileiros, mas atrações não faltam. E se você fez tudo muito rápido ou separou mais uns diazinhos para a capital de Rhône-Alpes ainda tem mais. Alguns lugares mais incomuns, mas ainda muito interessantes são a Île Barbe e a Demeure du Chaos. As duas atrações ficam um pouco mais afastadas do centro de Lyon, mas nada que um simples ônibus urbano não resolva.

Um cantinho charmoso na Île Barbe

A Île Barbe é uma ilha no rio Saône, um oásis de calma no meio da cidade, com casinhas fofas e uma sensação agradável de tranquilidade.

Já a Demeure du Chaos traz o sentimento oposto. Como o próprio nome diz, esse museu anarquista é um caos (falei mais sobre ele aqui).

E por fim, se você não dispensa um shopping, o centro comercial da Part-Dieu é enorme e pode agradar quem procura lojas de grandes redes, como a Primark, por exemplo.