Bate-volta de Marrakech: conhecendo a vila berbere aos pés da cordilheira do Atlas
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A gente já contou pra vocês (veja os posts aqui) que Marrakech é uma cidade bem ocidentalizada, fervilhando de turistas e que, por isso, perdeu um pouco da autenticidade marroquina. Por isso, um dos passeios mais comuns de quem visita Marrakech é fazer o bate-volta de um dia para o Vale de Ourika (ou Vila Berbere), que fica a poucos km de distância e proporciona uma imagem mais original do que é, de fato, o Marrocos. Além disso, é um passeio divertido com diversas atrações (algumas bem turistonas, mas nem por isso menos interessantes).
COMO IR
O Vale de Ourika fica a cerca de 40km de Marrakech e você pode ir até lá de carro privativo ou se juntar a alguma excursão. O carro privativo comporta até 5 pessoas e pode ser contratado diretamente na recepção do seu hotel ou Riad. Ele custa EUR 80,00 pelo passeio todo (nós achamos que valia a pena e fomos assim). Para quem estiver viajando sozinho, talvez o preço não compense, então a dica é se juntar a uma excursão. Excursões são oferecidas nos cafés da Praça Jemma El Fnaa e custam cerca de DH 400,00 dirhams (EUR 40,00) por casal (os preços podem variar, ok?).
Todas as excursões e carros saem por volta das 9h da manhã e voltam lá pras 2h da tarde. Os guias tem uma parceria com restaurante e vão te influenciar para comer lá (todos os turistas comeram lá), mas se você não quiser, pode escolher um restaurante por conta própria. A verdade é que os cardápios são todos muito parecidos e preços idênticos.
O QUE VOCÊ VAI VER
A começar pelo percurso de cerca de 1h, você vai ver muito verde. Ainda que seja aquele verde escuro das plantas que vivem em locais mais áridos, o vale é muito fértil devido a água de degelo que vem da cordilheira do Atlas. Falando nas montanhas, elas formarão o pano de fundo de quase toda a paisagem, o que é bem bonito, e o riozinho que se forma da água derretida do gelo das montanhas te acompanhará por quase todo o percurso.
A primeira parada é um “autêntica” casa Berbere. Os próprios moradores vão te receber e te mostrar cada cômodo e, ainda que eles vivam do dinheiro que os turistas pagam para conhecer sua vida e intimidade, eu achei que o lugar era bem “de verdade” pois, enquanto conhecíamos a casa, a mulher estava fazendo o almoço e alguns homens comiam pão com mel na cozinha. Depois que o outro grupo saiu da casa, nós resolvemos ficar mais um pouco e comemos com eles, que nos contaram que as casas berberes tradicionais são assim mesmo desde muitos anos atrás, e ainda hoje as pessoas da vila vivem dessa forma. Eles decidiram abrir a casa e ganham uns trocados com isso, mas também vivem do comércio, de uma lojinha de souvenirs, pratas e cerâmicas que tem no quintal. Achei que já valeu a experiência.
Depois você passa por alguns vilarejos e chega no último, que fica ao pé das montanhas. Nesse aspecto foi bom estar em um tour privativo pois nós fizemos várias paradas para tirar fotos e comprar cerejas na estrada, que estavam lindas e vermelhinhas. Chegando na última vila, você pode passear à vontade mas não tem muito o que ver. O que o pessoal costuma fazer é enfrentar uma caminhada de cerca de 20min para ver as cachoeiras que saem das montanhas Atlas, mas começou a chover e nós decidimos não ir. Dizem que é bem bonito.
Você vai ver diversos restaurantes na beira do rio (literalmente), e isso é porque nos finais de semana e no verão, boa parte das pessoas de Marrakech e região vão passar o dia lá, na “praia”. São lugares bem fofinhos e gostosos para sentar e ver o dia passar. Todos servem praticamente a mesma comida ao mesmo preço. Decidimos, então, comer no restaurante do amigo do guia, onde muitos guias levam os turistas, e estava muito bom, com uma vista bem bonita. Às vezes é bom desencanar de ficar procurando O melhor lugar ou aquele super segredo e só ir onde te levarem. Sentimos que lá era um bom lugar para fazer isso pois não havia nada que se destacasse tanto. E não nos arrependemos.
Resumindo: é um passeio bem de turistas, mas o lugar ainda tem seu charme pois aos finais de semana é frequentado pelos locais, e é possível ver como as pessoas realmente vivem na região (vimos escolas, mulheres pastoras de ovelhas, etc), e como é um passeio que acaba logo depois do almoço, não se perde muito tempo. Achamos que valeu a pena.
Noemia
Adorei as dicas