Carnaval em Salvador: tudo o que você precisa saber para aproveitar a folia


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O carnaval em Salvador mora no imaginário de todo brasileiro. Quem sonha em ir pra lá algum dia, com certeza imagina que a folia é grande e intensa. Mas eu garanto, é ainda mais do que parece!

Por isso, antes de marcar sua viagem confira aqui todas as nossas dicas para entender direitinho como funciona o rolê e fazer as melhores escolhas para aproveitar a festa com leveza e segurança.

Informações básicas sobre o carnaval em Salvador

Em primeiro lugar, saiba que o carnaval em Salvador acontece praticamente todo durante a noite. Pra mim, acostumada com os blocos de rua de Rio e São Paulo, isso foi uma enorme surpresa. Estando lá, porém, entendi o motivo da escolha: o calor é insuportável!

Se chegando nos circuitos no fim da tarde eu já suava como nunca antes na minha vida, se fosse debaixo de sol, não teria aguentado todos os dias de festa.

Circuito Osmar no carnaval em Salvador

E por falar nisso, para nós sudestinos isso também pode ser uma surpresa, mas o carnaval em Salvador dura sete dias – sem contar as prévias. Na quinta-feira a noite já começam a sair os trios , na sexta-feira, a programação é completa e o mesmo segue até terça. Na quarta-feira de cinzas, o sétimo dia, um arrastão encerra o carnaval.

O que é o arrastão? É o desfile de um só trio no circuito Barra-Ondina, com algum artista extremamente proeminente na época. Por muitos anos, quem comandou o arrastão foi Ivete Sangalo, mas já há algum tempo é Leo Santana o incubido da tarefa.

Como nesse dia apenas esse trio desfila na avenida, as pessoas costumam segui-lo do começo ao fim. Esse rolê também já é bem mais vazio do que os dias anteriores. Outro diferencial do arrastão é que os ambulantes seguem o trio junto com as pessoas, mas vou falar mais sobre isso mais pra frente.

Se você está lendo esse texto, imagino que seu interesse no carnaval de Salvador seja curtir a festa, mas não custa frisar que se você está pensando em ir pra cidade nessa época e fugir da badalação, é melhor desistir. Claro que se você for para praias mais afastadas, ao norte, encontrará tranquilidade – e essa é uma opção se você não quiser ir nos blocos todo santo dia, mas de modo geral, a cidade respira carnaval o tempo tudo.

Se não for por causa da festa em si, vai ser porque tudo fica muito lotado e o trânsito extremamente carregado. Então prepare-se.

Segurança

E nesse cenário de aglomeração máxima, claro que é preciso ter cuidado redobrado com a segurança. Eu adoro me enfiar numa aglomeração, não vou mentir, mas nunca tinha visto tanta gente junta e passado tanto aperto como no carnaval em Salvador. É MUITA gente mesmo. Deu pra entender né?

Minhas dicas são: use doleira sempre!! Nada de bolsinha, nada de bolso, nada de pochete. Doleira! Em segundo lugar, coloque na doleira apenas o extremamente essencial. Um documento e dinheiro vivo é suficiente. Evite cartões, tanto pelos clássicos golpes, quanto porque a chance de você simplesmente perdê-lo quando for guardar e levar um esbarrão é enorme.

Quanto a celular: eu recomendo nem levar, de verdade. Você não vai conseguir pegar uber de qualquer forma e se ficar dando bobeira com ele, as chances de ser roubado ou perdê-lo são altíssimas. Se achar que é melhor garantir esse meio de comunicação, combine de apenas uma ou duas pessoas do seu grupo levarem, e de preferências aquele celular antigo que não está mais em uso.

Fiz aniversário no sábado de carnaval em Salvador! Obs: todas as fotos tiradas por lá foram com um celular antigo de uma amiga. Apenas três de nove levavam um.

Chegando e saindo

A melhor forma de chegar e sair do carnaval vai depender do circuito para onde você for e também de onde estiver hospedado, mas já aviso: não é tarefa fácil. Conseguir uber ou qualquer outro carro por aplicativo é MUITO difícil. Para ir pode até dar certo, mas para ir embora procure outra opção.

De maneira geral, os táxis são muito mais práticos, principalmente para ir embora. Nessa caso, o ideal é andar até o fim do circuito e pegar o carro em Ondina, depois da dispersão. Porém, é importante se informar bem sobre o valor do trajeto, porque a maioria dos taxistas se aproveitam da quantidade imensa de turistas desavisados para cobrar preços fixos extremamente abusivos. Persista até achar algum que tope te levar pelo taxímetro.

Outra opção é usar os ônibus que fazem trajetos exclusivos pensados para o carnaval. Ele vai ter paradas específicas o que agiliza bastante o caminho. Para usá-los é preciso comprar uma passagem antecipada, que vale para todo o carnaval. Essa opção é muito prática, mas ao mesmo tempo menos confortável, já que o ônibus lota e você pode precisar ir de pé.

Fato é: não vai ter opção perfeita e o deslocamento vai ser um perrenguinho inevitavelmente. Tente achar o caminho menos pior dependendo de onde você estiver e para onde quiser ir e não encuque demais com isso.

Como é o rolê

Bom, vamos lá entender então o que você vai encontrar no carnaval de Salvador. Lá, de forma geral, tudo gira em torno dos trios elétricos. O clima é muito diferente dos carnavais de rua de Rio e São Paulo (e imagino que de Olinda, mas para esse nunca fui).

Até por isso o carnaval de Salvador já foi muito questionado. Os críticos alegam que a festa que é popular foi muito elitizada e segregada com a adoção de camarotes e cordas. Estando lá, senti sim essa segregação, principalmente por conta das cordas, mas na pipoca o que vi foi uma diversidade muito grande de pessoas e muitos muitos locais curtindo tudo ao lado dos turistas.

Problematizações a parte, de uma forma geral, as pessoas estão lá para ver os artistas, curtir a música mesmo. Você pode escolher fazer isso de três formas diferentes: nos camarotes, seguindo um trio com corda, ou na pipoca.

A pipoca é a rua. Quem está na pipoca não paga nada, fica do lado de fora da corda do trio e pode ficar parado vendo os trios passar ou então acompanhar algum ao longo do percurso. Geralmente, quando você vai na pipoca o ideal é escolher um lugar que você ache legal do circuito e ficar vendo os trios passarem (eles passam bem devagar, então você sempre vai ouvir pelo menos umas duas músicas de cada artista).

Quando os trios passam, os artistas ficam tão perto que achamos que vai dar para tirar uma selfie com eles. Essa era Daniela Mercury

Quando passar o trio daquele seu cantor preferido, você pode começar a segui-lo até onde aguentar. Depois, dependendo de onde estiver, volta para seu ponto inicial, ou fica ali mesmo esperando os próximos.

No caso dos trios com corda o que acontece é o seguinte: você precisa comprar um abadá – aquela camiseta regata estampada com o nome do artista – com antecedência. No dia, você pode entrar e sair da corda o quanto quiser, mas querendo ou não, acaba ficando, com o perdão do trocadilho, um pouco amarrado. Abadás não são baratos e você não vai querer desperdiçar o dinheiro que pagou vendo só um pouquinho do trio e largando, certo?

Honestamente, não acho que tem muita diferença ir na pipoca ou dentro das cordas. Em alguns casos, é muito mais vazio dentro da corda, claro, e por isso as pessoas acabam optando por ela. Mas vi mais de uma vez o contrário acontecendo também.

Aqui cabe contar que nos últimos anos a prefeitura e o governo do estado vinham patrocinando vários artistas para aumentar a quantidade de trios sem cordas e democratizar um pouco mais a festa.

Por fim, você pode optar por ir em um camarote. Tem de todos os tipos e valores. Nos mais baratos, você consegue um lugar coberto e acima do chão para assistir os desfiles. Pode também sair dele e seguir algum trio se quiser, mas nada além disso.

Show dentro do camarote Skol

Os mais caros são um evento à parte. Eles têm uma estrutura completa, com open bar de comida e bebida e diversos shows dos principais artistas. Além de assistir o desfile, você também vai estar em uma festa privada completa.

Há ainda uma quarta opção, não oficial, que é alugar um apartamento bem de frente pro circuito e fazer seu próprio camarote particular. Mas falamos mais disso mais pra frente.

Infraestrutura

Eu fiquei muito impressionada com a infraestrutura do carnaval quando cheguei lá, mas hoje acho que foi por ignorância minha. Claro que um evento desse porte, com tamanha importância para a cultura e economia locais e que acontece há tantos anos ia ter uma boa infraestrutura né?

Comidas e bebidas

Em primeiro lugar, você com certeza não vai passar sede nem fome. No circuito principal, o Barra-Ondina, há literalmente um corredor de ambulantes dos dois lados da avenida. Eles ficam grudadinhos um no outro e parados. Cada passo que você der você encontra uma nova opção para comprar a bebida que quiser.

Na rua de trás e na avenida que fica na dispersão, há uma infinidade de barracas de comida. E tem MUITA opção de comida. No primeiro dia eu fiz uma meta de experimentar tudo que tivesse e cumpri! Foi cachorro quente, pizza, churrasquinho, queijo coalho, pastel, carne de sol com pirão, bobó de camarão, abará e por aí vai…

Os preços das coisas são padrão, claro, mas quando eu fui, em 2020, eu achei muito bons. Estava preparada pra comprar tudo muito acima do padrão, porque imaginei que por ser carnaval e tabelado, as coisas custariam caro, mas estava errada.

Não vou me lembrar agora exatamente quanto custavam as coisas, mas de qualquer forma, como já faz dois anos, os preços não seriam os mesmos. Uma dica é que as bebidas na avenida são um pouquinho mais caras do que nas ruas que levam até ela, mas daí você teria que sair do circuito, o que não é fácil (aglomeração, lembra?) só para economizar coisa de 1 ou 2 reais.

Banheiros

Outra coisa muito positiva é a quantidade de banheiros. São muitos e muitos banheiros. A maioria são banheiros químicos normais, mas em alguns pontos são instalados aqueles que ficam dentro de uma espécie de contêiner, onde tem ar condicionado e não falta papel nunca. Além de que há pessoas limpando periodicamente. Fiquei muito impressionada com isso.

O pior local em termos de banheiro é na divisa entre Barra e Ondina, onde há um barranco que impossibilita a instalação de muitos banheiros. Ali, acaba acontecendo uma coisa bem desagradável que é que muita gente usa o tal barranco de banheiro. Além de ser uma visão bem desagrádavel, vocês podem imaginar que o cheiro também não é dos melhores.

Os circuitos do carnaval em Salvador

Bom, como eu já expliquei, o carnaval em Salvador está todo focado nos trios elétricos. Mas o que eu ainda não falei, é que os trios não desfilam em apenas um lugar. No total, são sete circuitos e eu vou explicar todos eles aqui para você escolher qual tem mais a sua cara.

No circuito Dodô, bem no finzinho da Barra a vista é essa maravilha! Consegui um espacinho para respirar e tirar foto entre trios

O circuito principal é o Barra Ondina, também chamado de “Dodô”, em homenagem a um dos inventores do trio elétrico. Como o nome diz, nele os trios passam pelos bairros da Barra e Ondina, atravessando a avenida beira-mar. A saída é de um dos principais cartões-postais da cidade, o Farol da Barra, e a chegada na Avenida Adhemar de Barros.

Lá é onde está o verdadeiro fervo. É para onde vão a maior parte das pessoas, onde estão os principais camarotes e onde os principais artistas vão com certeza desfilar, em geral mais de uma vez ao longo do carnaval.

O circuito Campo Grande, ou “Osmar” – outro dos inventores do trio elétrico –, é conhecido como o “tradicionalzão”. Ele acontece no centro da cidade, ao longo da Avenida Sete – aquela da música “Baianidade Nagô”, que já foi gravada por Saulo, Daniela Mercury, Ivete…

O circuito Osmar tem um clima bem raíz e mais familiar. Ele é mais tranquilo do que o Dodô, apesar de também ser muito cheio. Por lá não há camarotes, mas há algumas arquibancadas pagas que são montadas pela prefeitura. No circuito Osmar também tem a maioria dos trios sem cordas.

Filhos de Gandhi - Carnaval em Salvador
O tradicionalíssimo bloco Filhos de Gandhi, no circuito Osmar – Foto: Jota Freitas/Setur

Quem chegar ao fim do circuito Osmar e ainda quiser mais, a pedida é ir para o Circuito Contrafluxo, que acontece na Praça Castro Alves e na prática serve mesmo para alongar o outro circuito do centro da cidade.

Quem vai com crianças deve optar pelo circuito Batatinha, que acontece no Pelourinho. Ele é pensado para os pequenos e por isso é a exceção à regra e não conta com trios elétricos, apenas bandas e fanfarras.

Para quem quer experimentar um pouco do carnaval de antigamente, a pedida é o circuito Sérgio Bezerra. Ele foi criado apenas em 2013, mas sua intenção é reproduzir os carnavais antigos da capital baiana, com muitos instrumentos de sopro e percusão.

O circuito Mestre Bimba também foi criado há pouco tempo. Seu nome foi escolhido por meio de uma votação popular e homenageia o mestre de capoeira. Esse circuito, que acontece no Nordeste de Amaralina, é perfeito para quem quer fugir um pouco da aglomeração e dos turistas.

Por fim, o circuito Orlando Tapajós. Esse é na verdade um circuito que não acontece no carnaval em si, apenas nas prévias. Ele segue o caminho inverso do circuito Dodô, ou seja, indo da Ondina para a Barra. O Orlando Tapajós é o mais novo dos circuitos e foi criado apenas em 2016 naquele esforço de democratizar mais a festa. Lá, tudo que acontece é completamente gratuito e também não circulam trios elétricos.

Onde ficar no carnaval em Salvador

Trio elétrico no carnaval de Salvador
Em Salvador, há trios tanto de dia quanto de noite – Foto: Rodrigo Sá

Antes de mais nada, reserve sua hospedagem cedo. Não importa se você vai ficar em hotel, hostel ou apartamento alugado, é preciso se preparar com bastante antecedência para conseguir uma boa hospedagem no lugar ideal pra você (de novo: aglomeração, lembra?).

Pois bem, na hora de escolher um bairro, é importante pesar alguns fatores principais: distância do circuito de carnaval, preço e tranqulidade.

Ficando nos bairros de Barra ou Ondina, você estará do ladinho do circuito principal e vai economizar com transporte, além de evitar o perrengue que é conseguir chegar e sair de lá. Por outro lado, vai pagar mais caro e não vai encontrar um minuto de descanso.

No Rio Vermelho, você tem um meio termo. A distância até o circuito Barra Ondina é curta, apesar de ainda ser necessário algum meio de transporte. Lá, você consegue manter um distanciamento seguro da bagunça e ainda estará em um bairro boêmio e super charmoso de Salvador, com muitas facilidades ao seu redor. O lado ruim são os preços e a velocidade com que tudo lota. Rio Vermelho é um queridinho dos turistas.

Outra boa opção é ficar em Amaralina ou Pituba. Esses bairros são mais distantes dos circuitos, o que dificulta um pouco o transporte, apesar de ter ônibus especiais de carnaval passando por ali. Por outro lado, os preços são bem mais convidativos e você vai conseguir ter momentos de descanso e respiro para aguentar a folia.

Outras opções que você pode considerar são os bairros de Graça ou Federação, bem localizados em relação à festa e suficientemente afastados para garantir um pouco de tranquilidade. No entanto, há menos opções de hospedagens por aqui.

Se quiser saber tudo sobre onde ficar em Salvador confira nosso post exclusivo sobre isso, com dicas de carnaval e opções de hotéis de diversos preços.


Para saber tudo sobre a programação do carnaval, clique aqui.

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