Bali – Minha experiência em um curandeiro em Ubud
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Quando falo que fui a um curandeiro em Ubud, ou as pessoas acham o máximo e querem saber tudo sobre, ou me olham como se eu fosse louca e descredibilizam o acontecimento. A verdade é que foi uma das experiências mais interessantes que tive.
Eu amo tudo que é relacionado com espiritualidade, natureza, e também adoro a sabedoria não tradicional. Por isso gostei do que vivi. Se você não acredita e acha tudo uma baboseira, então melhor nem ir e aproveitar outras dezenas de passeios em Ubud.
Antes de tudo, uma história para evitar frustrações!
Ubud tem vários curandeiros e fortune tellers (videntes), mas todo cuidado é pouco na hora de escolher onde ir. Deixa eu contar uma história pra vocês. Eu fui para a Indonésia com outros 29 blogueiros de viagem (!). Uma das blogueiras era americana e apaixonada pelo livro “Comer, Rezar e Amar”. Ela encasquetou que queria ir a curandeira que aparece no filme, a Wayan Nuriasih, que tem uma loja chamada “Traditional Balinese Healing” em uma das ruas principais de Ubud.
Pois bem, lá foi ela.
Ao chegar ela já pagou uma quantia considerável para se consultar. Até ai, ok, ninguém tem que trabalhar de graça. Depois de falados alguns tópicos sobre a saúde, chegou um um determinado momento em que a curandeira falou que ela tinha câncer de mama e que por mais 2 milhões de rúpias (500 reais) ela a curaria! Claro que ela levantou e foi embora dali com raiva do esquema “pega turista” que ela tinha caído, já que a mulher estava mega famosa e abusando do seu estrelato. Mas, ao mesmo tempo, ela ficou com a pulga atrás da orelha a viagem toda, e tenho certeza de que ela chegou nos EUA e foi direto para um médico fazer exames de rotina (pelo menos eu teria feito isso, por via das dúvidas).
Esse tipo de coisa mexe com a gente. Então, você tem que ir em alguém que não vai abusar da sua condição de turista e também tem que ir relaxado, sem levar muito a sério, como se tudo que essa pessoa falasse fosse uma certeza absoluta.
Como eu escolhi em que curandeiro ir?
Depois dessa história eu já estava decidida a não procurar nenhum curandeiro para ir.
Um dia fui a uma loja de produtos orgânicos e naturais (Angelo Store) para comprar cremes para o cabelo, óleos de corpo e cosméticos. A loja foi indicação de uma tia de uma amiga que vive há mais de 15 anos em Bali e sabe tudo sobre a região.
Chegando lá me deparei com uma moça jovem (tinha uns trinta e poucos anos) sentada em uma cadeira no fundo da loja, recebendo uma massagem de um homem que tinha muita habilidade. Depois de um tempo procurando os meus produtos, vi que a moça ficou muito emocionada e começou a chorar.
Isso já me deixou com a pulga atrás da orelha.
Esse homem não falava inglês e se comunicava em Bahasa com uma outra atendente da loja, que traduzia o que ele dizia para a cliente.
Perguntei para ela o que estava acontecendo naquela mesinha no fundo da loja. Ela disse que o moço era um curandeiro que estava descobrindo algumas questões de saúde através do toque em partes estratégicas no corpo da cliente. O corpo dela mostrava para ele os problemas de saúde que a estavam afetando.
“He’s a healer“, ela me disse.
Perguntei quanto ele cobrava pela sessão. A resposta foi surpreendente. “Ele não cobra nada, aceita apenas doações na quantia que você quiser ou puder pagar”.
Bom, um curandeiro que nem fala inglês, que mexe com produtos da natureza e que não cobra por sessão? Me pareceu bem autêntico. Para quem não queria procurar um, eu acabei sendo encontrada pelo meu curandeiro.
Como ele não tinha mais disponibilidade naquele dia, deixei agendado um horário para a manhã seguinte.
Como é ir a um curandeiro em Ubud?
Fui apenas a um deles. Cai de para-quedas quase que literalmente.
Quando cheguei me colocaram sentada na simpática cadeira em frente a mesa no fundo da loja e me ofereceram (por conta da casa) um chá para me acalmar e para desintoxicar. Fui informada: “o chá pode te deixar um pouco sonolenta”.
EPAAAAA!
Pessoa desconfiada como sou, foi nessa hora que meu instinto de “mulher viajando sozinha” começou a falar mais alto: Beber ou não beber o chá? Eu tenho a capacidade de ter uma imaginação muito criativa no menor sinal de perigo.
Minha decisão foi esperar o chá esfriar e observar a reação da atendente e do curandeiro (não acredito até agora que perdi o papel onde anotei o nome dele – mania de lutar contra os avanços tecnológicos quando eu podia simplesmente ter escrito no celular).
Passado alguns minutos eles começaram com a sessão e me avisaram que iam usar um óleo para fazer a massagem. Avisaram-me também que o “healer” ia tocar em pontos do meu corpo com objetivo de encontrar lugares que poderiam ou não causar dor.
Sem problemas.
A massagem começou nos ombros e nas costas. Estava super relaxante, até o momento em que a mão começou a ficar forte demais. Tudo bem, ainda era um desconforto tolerável e de certo modo agradável.
Depois ele foi para os meus braços, e focou principalmente no antebraço. E foi aí que a coisa começou a ficar apertada, literalmente! Pensa em uma massagem dolorida. Mas dolorida mesmo! Parecia que ele estava sentido, medindo, analisando todas as veias, músculos, ligamentos, e o que mais que existisse no meu braço.
Mas foi aí que começou a ficar interessante, e ele começou a falar mais:
-Você tem problemas no estômago, certo? Esse problema vai e volta em diferentes momentos da sua vida e você vai ter que lidar com isso para sempre. Na verdade você está com problema de estômago nesse minuto. CERTO.
-Você já teve alguns problemas respiratórios e precisa cuidar dos seus pulmões. Você não consegue ficar perto de poeira, ácaros e coisas do gênero. CERTO novamente. Nesse caso ele me recomendou chá de curcuma.
-Sua cabeça e sua perna estão ótimas. CERTO, afinal nunca tive problemas com isso.
-Olhando a parte de baixo das suas costas fico com uma dúvida. Ou você sofreu um acidente ou você bebeu muito nos últimos dias. Como eu acho que a questão é bebida, beba bastante água, coma antes de sair pra beber e beba ainda mais água.
Sim, ele sabia até que eu tinha bebido muito na noite anterior só porque minhas costas estavam secas e com um aspecto não muito saudável (e eu de fato tinha passado da conta na noite anterior). Caramba, CERTO de novo.
Chegou um momento que eu já estava tão a vontade e tão impressionada com tudo que ele sabia sobre mim sem nem me conhecer pessoalmente, que quando vi já estava quase terminando meu chá enquanto discutíamos sobre minha saúde.
A sessão foi rápida e durou em torno de 25 minutos. Foi intensa, objetiva e NADA sensacionalista. Durante a conversa ele me aconselhou sobre chás que eu deveria tomar e alimentos que eu deveria ingerir e em nenhum momento ficou tentando me vender seus próprios produtos – muito pelo contrário, tive que ir atrás dele para ele me mostrar quais eram alguns produtos de plantas com nomes em inglês que eu não fazia a menor idea da tradução em português.
Esse foi um excelente jeito de terminar minha viagem pela Indonésia. Isso tudo aconteceu no último dia que estava em Ubud, pedacinho que eu mais amei de Bali. Depois passei mais dois dias em Seminyak em uma vibe completamente oposta, indo em restaurantes e beach clubs da moda.
Bali é isso, uma ilha que tem espaço para todos os perfis, tribos e gostos. Pra mim Ubud é a materialização perfeita do que eu esperava de Bali. Que delícia poder encontrar um cantinho favorito em uma ilha do outro lado do mundo.
Fernanda
Ola muito obrigada por compartilhar sua experiência. Estou agendando minha passagem para o fim do mes e gostaria de saber se e possível me passar o contato dessa pessoa. Estou pensando em viver uma experiencia mais espiritual e seu blog tem me ajudado bastante.
Marcella
Oi querida,
Infelizmente tudo o que eu sei está ai: a foto e o fato de que ele atendia na Angelo Store. Peguei o contato em um papelzinho mas perdi… isso tudo aconteceu no último dia de viagem.
Vi no maps e parece que a loja ainda existe! Espero que ainda seja autêntico, porque a Indonésia mudou muito desde que fui e recebeu um boom de turistas.
Se tiver um tempo em Ubud, acho que conseguirá conversar e encontrar uma opção para você.
Se gostar de yoga dê uma olhada na Ubud Yoga House. O lugar era lindo demais!!
Espero que tenha ajudado de alguma forma. Depois me conta como foi.
Beijos!
Gustavo Woltmann
Que artigo interessante.Gostei muito.
Segredos de Viagem
Gustavo, muito obrigada pelo seu comentário! Significa muito e fiquei super feliz que você gostou.
Um abraço, Marcella