Dicas da Nicarágua: tudo o que você precisa saber


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Um baita destino surpreendente na América Central. Assim eu me senti na Nicarágua. Confesso que esperava bem pouco antes de ir pra lá. Mas a baixa expectativa talvez seja a grande arma para deixar um destino te conquistar. E logo após sentir a umidade no Aeroporto da capital Manágua, eu já simpatizei com o país. Um povo leve, acolhedor, divertido e espirituoso. Por voltar tão encantado, resumi aqui algumas dicas da Nicarágua para você que também espera se surpreender.

1-Visual de Granada, principal cidade turísitica da Nicarágua

Visual de Granada, principal cidade turísitica da Nicarágua

A Nicarágua é um país fácil de viajar e relativamente barato ainda. Talvez o destaque sejam as praias, tanto no Oceano Pacífico como no Mar do Caribe. Mas isso nós temos de sobra no Brasil, dirão os mais invocados… Ora, o que não temos por aqui e eles têm de sobra lá são vulcões, mais precisamente 14 deles. Parques nacionais, caminhadas incríveis, ótimas praias para surfe e bons mergulhos estão no cardápio dos patrimônios naturais.

As praias do Pacífico, como Manzanillo, estão entre as mais lindas do país

As praias do Pacífico, como Manzanillo, estão entre as mais lindas do país

Além disso, muita história e heranças coloniais estruturam um país interessante e despachado, que vale a pena descobrir com calma. Sinceramente, o ideal é dedicar algo como 10 dias ou duas semanas para poder ver de perto os grandes trunfos da Nicarágua. Listo abaixo um pouco do que é mais importante você colocar na sua programação quando resolver ir pra Nicarágua.

O básico e como chegar na Nicarágua 

Maior país da América Central, vem se abrindo aos poucos para o turismo depois de vez a vizinha Costa Rica decolar a partir dos anos 90. Em 2016, foram mais de 2,9 milhões de turistas contra 1,6 milhão na Nicarágua. Hoje a Nicarágua tem tudo para ser a próxima Costa Rica. Mesmo sem voos diretos, 4 mil brasileiros visitaram o país no ano passado. Para chegar lá é preciso fazer escala em Lima, Bogotá, Cidade do Panamá ou San Salvador. A principal língua é o espanhol, mas algumas regiões do lado caribenho falam inglês e o miskito, uma curioso dialeto de origem africana.

Beabá da economia da Nicarágua

O país é essencialmente agrícola e seu fértil solo vulcânico fértil ajudou a impulsionar essa vocação. Hoje exporta café, carne e derivados de cana. Só que o exemplo costa-riquenho é uma inspiração e referência e assim o turismo hoje já é responsável por 11% do PIB – sendo que em breve pode ultrapassar os valores das exportações. A Nicarágua tem sua simpática moeda própria, o córdoba (R$ 1 = 8,9 córdobas), só que o bom e velho dólar americano é aceito em todo lugar.

Nicarágua, no vilarejo de San Juan del Sur, barco cruza o mar, enquanto um pássaro sobrevoa em um céu azul

Pequenos vilarejos, como San Juan del Sur são destino certo

Turismo na Nicarágua, como é?

Considere três eixos principais para descobrir a Nicarágua: história, praias e vulcões. Nos domínios do turismo, quem descobriu essa área primeiro foram os mochileiros, o que explica muitas opções baratas. Eles (e você também) devem se concentrar nos principais pontos turísticos, como nas praias do Pacífico, na Ilha de Ometepe e pelos parques onde estão os 14 vulcões, espremidos numa área pouco menor que o Estado do Ceará.

Catedral grande com paredes alaranjadas na Nicarágua

Catedral em Granada, na Nicarágua

Mesmo com vastas zonas de pasto, boa parte da superfície segue coberta por florestas, com 17% do país em áreas de preservação. Vista do alto, a capital Manágua reflete todo esse verde, com enormes árvores por toda a cidade. A explicação é que um poderoso terremoto matou mais de 10 mil pessoas em 1972 e mudou para sempre a altura limite de construção de novos prédios. A cidade escolheu plantar figueiras e mangueiras no lugar e assim se tornou uma das mais arborizadas do continente.

Um pouco de história da Nicarágua

Colônia espanhola entre os séculos 16 e 19, a Nicarágua conquistou sua independência em 1821. O líder revolucionário Augusto Sandino (1895-1934) é uma referência até hoje. A queda de Anastasio Somoza Debayle, em julho de 1979, marca o início dos 11 anos da gestão da Frente Sandinista de Libertação Nacional, metade deles sob a batuta de Daniel Ortega – até hoje presidente. Mas é impressionante a sensação de segurança por todo o país.

Embora Manágua seja a capital as históricas León e Granada são as verdadeiras capitais turísticas. Preservando – muito bem, obrigado – evidências arquitetônicas  dos três séculos de colonização espanhola, Granada tem 120 mil habitantes, mas mistura uma aura de Paraty com um quê de Ouro Preto.

Igreja de la Merced, na Nicarágua

Visual detonado – e cheio de história – da Igreja de la Merced

Do campanário da Igreja de la Merced você terá a melhor vista da cidade escoltada pelo Vulcão Mombacho. Por sua vez a Catedral de Nossa Senhora da Assunção, de 1751, é muito majestosa. Permita-se passar umas horinhas nos quiosques do Parque Central, observar as barulhentas revoadas de zanates e comer um vigorón – prato com picadinho suíno, mandioca e salada de repolho sobre folha de bananeira.

6 - A Catedral de León é um dos grandes marcos da cidade

A Catedral de León é um dos grandes marcos da cidade

Já León abriga um pouco mais de história recente, como o Museu de la Revolución. Os guias, ex-guerrilheiros que participaram do movimento sandinista, se animam contando mil e um causos. Vá sem pressa.

A cidade também foi lar de Ruben Darío (1867-1916), um dos mais influentes poetas hispânicos de todos os tempos. Sua casa foi transformada num museu que narra vivências literárias em vários países americanos e na Espanha. Por sua vez, a Catedral de León encanta com a larguíssima fachada, mas o interior desaponta um pouco.

Vulcões: protagonistas da Nicarágua

Eles são, sem dúvidas, os grandes chamarizes do ecoturismo na Nicarágua. E fazem jus à fama. Especialmente dois deles. Eu começaria citando o Cerro Negro, a 25 quilômetros de León por uma complicada estrada de terra – feche um tour em León. Além da caminhada, um circuito de tirolesas soma 829 metros entre sete plataformas em meio à floresta que cresce sobre as cinzas.

Ski bunda no cerro negro

Subir o Cerro Negro e depois descer numa prancha é uma das boas aventuras da Nicarágua. Eu ouvi ski bunda por ai?

Uma bela caminhada de intensidade média leva uma hora até o cume, com pequenas chaminés que exalam enxofre a 728 metros de altitude. É sempre bom lembrar que se trata de um vulcão ativo. Muitos visitantes topam deslizar por uma das faces da montanha sentados num “esquibunda” (desde US$ 40). Para isso, levam nas mochilas macacões de pano grosso, luvas e óculos de proteção. Com pranchas de madeira com fundo de ferro, os visitantes se preparam para descer um desnível de quase 500 metros verticais. Dá medo pra caramba.

Como havia chovido naquela manhã, o chão preto – meio pedregoso, meio arenoso – estava úmido e prendia um pouco as pranchas. Uma guia explica como frear e conduzir a tábua, e que é possível atingir assustadores 90 km/h. Num trecho muito íngreme é difícil controlar a velocidade e sobe uma quantidade descomunal de poeira preta. A descida se revelou de fato perigosa após uma menina estrangeira deslocar o ombro, o que deixou o grupo com medo. Eu fui, passei mó “gastura” e não iria de novo, não…

Vulcão Masaya na Nicarágua

O Masaya é a grande estrela vulcânica da Nicarágua e o motivo oscila entre o vermelho e o laranja

Principal atração do parque nacional de mesmo nome, o Masaya é o único dos 14 vulcões da Nicarágua, e um dos poucos no mundo, onde é possível ver lava em ebulição (veja mais aqui). Apenas 35 quilômetros o separam do aeroporto internacional Augusto Cesar Sandino, em Manágua, podendo ser um belo cartão de visitas ou cartão-postal de despedida.

O acesso é uma barbada. Os veículos param num estacionamento na boca da Cratera Santiago. O primeiro contato dos olhos com a massa alaranjada e fervilhante chega a ser comovente. Logo ali, umas duas centenas de metros mais abaixo, uma imensa piscina de magma é observada em meio a uma chaminé de enxofre.

Por conta do gás tóxico, só é permitido ficar por cinco minutos – mas com sorte o vento sopra para o lado oposto e ganha-se um tempinho extra. O passeio (que custa cerca de US$ 35) é muito procurado ao entardecer, quando a lava fica muito nítida.

Praias icônicas e ilhotas mágicas

Eu só consegui ir para a costa do Oceano Pacífico, mas sei que o Caribe nicaraguense tem maravilhas mil. A mais famosa se espalha pelo arquipélago de Corn Islands, vale pesquisar. Porém, as praias do Pacífico são deslumbrantes e embora lembrem algumas do Brasil, têm muito charme próprio e são ótimas para o surf.

Piscina do Mukul Resort na Praia de Manzanillo

Atração principal da Praia de Manzanillo, o Mukul Resort é um dos jeitos de melhor aproveitar o país

A zona de Rivas concentra algumas das melhores ondas da América Central estão em picos como Popoyo, Colorado e Playa Hermosa. Há dezenas de pequenos vilarejos com hospedagens mais em conta, como a vila de Playa Gigante. A atmosfera lembra a de Ilha Grande (RJ) de duas décadas atrás. Dali partem passeios de barco para várias praias da região, como La Redonda e Amarillo, para surfar ou apenas contemplar. Perto dali, San Juan del Sur é lembra o Guarujá (SP) de antigamente, e pode ser resumido como uma cidadezinha de pescadores com boas opções culinárias.

Se não tiver problemas com verba, o Mukul Resort (mukulresort.com), aberto em 2014, é “apenas” o melhor hotel da América Central. Espécie de segredo da chamada Costa Esmeralda, já que não tem placas pela estrada que vem de Manágua, é puro luxo e exclusividade. Numa linda floresta repleta de animais, é um refúgio com muita elegância e sofisticação.

Navegação calma e idílica pelas Isletas do Lago Nicarágua. Imagem pra guardar na memória.

Por fim, não deixe de conhecer as Islatas do Lago Nicarágua ou Cocibolca, com saída de Granada. Embarque num tour de voadeira pelas Isletas, um conjunto de sugestivas 365 ilhotas – tipo uma pra cada dia do ano, sacou?! – formadas há milhares de anos após sucessivas erupções do vulcão Mombacho. Totalmente verdes e sem praias (fuén, fuén…), as ilhas são ocupadas por casas elegantes em meio a imensas palmeiras, árvores-da-chuva e sumaúmas. Em algumas, macacos comilões se aproximam dos barcos em busca de alimentos. Enfim, um baita lugar.

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